«Portugal do Minho a Timor», versão Augusto Santos Silva
Falando na abertura do ano lectivo do Instituto de Defesa Nacional (IDN), o novo ministro da Defesa disse que “Portugal é historicamente treinado no cosmopolitismo”, lembrando que os portugueses “lideraram a primeira globalização” durante os Descobrimentos.
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“A Defesa vira-se hoje para o espaço global, as nossas fronteiras não começam na fronteira territorial clássica, as fronteiras da nossa segurança jogam-se muitas vezes em regiões fisicamente afastadas de nós mas geo-estrategicamente próximas, a Defesa tem de ser entendida crescentemente como uma realidade multilateral que implica parcerias e partilha de responsabilidades e de capacidades”, declarou.
Perante ameaças que “não são previsíveis”, Santos Silva defendeu uma Defesa Nacional “crescentemente flexível, capaz de se adaptar permanentemente”, que “deve ser concebida num quadro mais geral de segurança que compreende vários instrumentos e meios de natureza militar e civil coordenados entre si”.
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O novo ministro apontou Portugal como precursor do “cosmopolitismo e da globalização”, (...)
“Para nós portugueses, esta mudança de paradigma enriquece a nossa própria matriz histórica, esta mudança a que se assiste em matéria de Defesa e Segurança não rompe, antes enriquece a nossa própria matriz, acrescenta novos valores a valores que não substitui nem pode substituir”, vincou.
Ouvir aqui os noticiários das «Emissoras Nacionais»:
Aqui o jornalista da TSF entusiasma-se ao ponto de terminar assim a sua reportagem:
«O novo Ministro da Defesa ressalva que o paradigma da defesa nacional está muito para além das fronteiras do país e os portugueses já estão habituados a adaptarem-se a novas situações ou não fossem eles os primeiros a saírem para o mundo no tempo das cascas de noz por esses mares fora».
Pedimos a Zeca Afonso para comentar tudo isto:
A Nau de António Faria
(José Afonso)
Vai-se a vida e vem a morte
o mal que a todos domina
Reina o comércio da China
às cavalitas da sorte
Dinheiro seja louvado
A cruz de Cristo nas velas
Soprou o diabo nelas
deu à costa um afogado
A guerra é coisa ligeira
tudo vem do mal de ofício
Não pode haver desperdício
nesta vida de canseira
Demanda o porto corsário
no caminho faz aguada
Ali findou seu fadário
morreu de morte matada
A nau de António Faria
Leva no bojo escondida
A cabeça de uma corsário
que lhes quis tirar a vida
Aljofre pérola rama
eis os pecados do mundo
Assim vai a nau ao fundo
Sem arte a honra e a fama
Entre cristãos e gentios
Em gritos e altos brados
Para ganhar uns cruzados
Lançam-se mil desafios
Em vindo de veniaga
com a vela solta ao vento
Um mouro é posto a tormento
por não dizer quem lhe paga
Vou-me à costa à outra banda
já vejo o rio amarelo
Foi no tempo do farelo
agora é o rei quem manda
Faz-te à vela marinheiro
rumo ao reino de Sião
Antes do fim de Janeiro
hás-de ser meu capitão.
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adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge