O desenrolar dos acontecimentos no Chipre, sujeito a um autêntico assalto comandado pela Alemanha por via do Eurogrupo, levanta um sem número de questões. Tentaremos por isso centrarmo-nos apenas em alguns aspectos chave da situação.
Uma primeira nota vai para o carácter sistémico dos acontecimentos. Não estamos apenas perante um roubo descarado ao Chipre, criminoso de todos os pontos de vista, incluindo o político e de relacionamento entre estados. Nem apenas perante um acto de chantagem descarada sobre todo um povo como o demonstrou o ultimato do BCE ameaçando com uma autêntica bomba atómica financeira.
O acordo alcançado pelo Eurogrupo durante a manhã foi o clímax da primeira fase dos planos da Troika contra o povo cipriota. O acordo não só não ajuda a tratar os problemas que confrontam a economia como também aprofunda a crise pois levará a mais consequências penosas para o nosso país e o nosso povo. O resultado levará a mais alto desemprego, à implementação de medidas de austeridade adicionais, a cortes e privatizações, provocando problemas enormes para pequenos e médias empresas obrigando-as a encerrar.
Nos últimos dias nossos "parceiros" europeus revelaram com cinismo que este era o seu plano desde o princípio. Isto equivale a dizer: eles fixaram objectivos e seguiram uma rota específica para a sua implementação.
Em relação ao AKEL, nós apontámos desde o início que a rota seguida pela Troika para tratar a crise económica era um beco sem saída. A tentativa de resgatar o Euro através dos três pilares da austeridade, cortes e privatizações simplesmente aprofundou a recessão ainda mais e levou os países e povo do Sul da Europa ao desastre. Infelizmente, os círculos dirigentes da União Europeia teimosamente insistem nestas políticas de beco sem saída as quais não levam ao desenvolvimento. Nosso aprisionamento nestes modos de pensamento, tal como o governo Anastasiades está a actuar, não cria qualquer perspectiva de ultrapassar os problemas mas, ao invés, carrega os ombros do povo trabalhador com enormes consequências negativas.
Nossa opção como povo é libertar-nos desta estrutura de raciocínio, resistir às ameaças de Troika e procurar uma solução fora desta estrutura.