Quando ainda ecoam as gravíssimas decisões do último Conselho Europeu na imposição de novas e intoleráveis limitações à soberania, e porque não dizê-lo, à indisfarçável intenção de expropriar o direito do nosso país de conduzir e adoptar as políticas económicas e orçamentais que sirvam o seu desenvolvimento, subordinando-as aos interesses do directório das grandes potências e do capital financeiro, esta iniciativa sobre a Política Comum de Pescas e a situação do sector ganha acrescida actualidade.
Na verdade, se há sectores da actividade económica a mostrar e demonstrar as razões da profunda crise que o País atravessa, do dramático endividamento externo, dos persistentes défices comerciais, resultantes de importarmos o que cá podíamos produzir, as pescas, como a agricultura, são um livro aberto! E a apontar sem hesitações os responsáveis políticos, PS, PSD e CDS, pelo sufoco financeiro, económico e social que vivemos!
«O problema mais grave que o País enfrenta é o aumento continuado e rápido da divida ao estrangeiro. Entre 2005 e 2009, a Divida Externa Liquida aumentou em 78.085 milhões €, ou seja, em média 19.521 milhões €/ano, pois passou de 104.681 milhões € para 182.767 milhões €. Empercentagem do PIB aumentou de 70,2% para 108,7%, portanto cresceu a um ritmo muito superior ao crescimento económico nacional.
Este aumento rápido e crescente da divida liquida do País ao estrangeiro é determinado pelo défice permanente e cada vez maior das relações de Portugal com outros países registada na Balança de Pagamentos Correntes. Só no período 2006-2009, o défice acumulado na Balança Corrente atingiu o impressionante valor de 76.450 milhões €. E a previsão para o período 2010-2015, com a politica que o governo está a seguir, é que continuem os elevados défices (Segundo o FMI, o défice será igual a 10% do PIB em 2010; a 9,2% do PIB em 2011; e a 8,4% do PIB até 2015, o que dá uma média anual que deverá rondar os 17.000 milhões € por ano).»