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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Maria Luís Albuquerque é incompatível com o quê?

Maria Luís Albuquerque 1

 

Maria Luís Albuquerque tinha pouco mais de 25 dias como ministra quando mentiu aos deputados da Nação ao dizer não ter recebido informação suficiente para atuar na questão dos empréstimos de tipo swaps contraídos por empresas de transportes públicos. Uma troca de e-mails posteriormente tornada pública revelou que, dois anos antes, a Direção-Geral do Tesouro alertara a então secretária de Estado de Vítor Gaspar para perdas potenciais de 1,5 mil milhões de euros causados por esse tipo de contratos. Ela não ligou.

Maria Luís Albuquerque mentiu novamente no Parlamento quando disse que não teve contacto com swaps enquanto trabalhou, de 2007 a 2010, no IGCP, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública. Uma auditoria da Direção-Geral do Tesouro veio desmenti-la, nomeadamente no caso da Estradas de Portugal, envolvendo-a como técnica superior no processo de aprovação desses empréstimos de gestão de risco que, por causa da incrível baixa das taxas de juro na Europa, acabaram por correr mal para o país.

Maria Luís Albuquerque mentiu novamente sobre a Estradas de Portugal quando garantiu não ter mandado a empresa pública alterar o seu orçamento de 2012 para a "aliviar" dos prejuízos com maus créditos que eram do ex-BPN. Uma nova troca de e-mails confirmou-o.

Maria Luís Albuquerque foi falaciosa, quase mentirosa, ao acenar ao país com a possibilidade de devolução de parte da sobretaxa de IRS: um mês antes das eleições o seu ministério atirou cá para fora uma estimativa de devolução de 35,3% daquilo que os contribuintes pagaram. Logo a seguir às eleições esse valor baixou para 9,7% e, semanas depois, chegou a zero.

Maria Luís Albuquerque garantiu em Portugal que os cortes em salários e pensões eram provisórios mas nos gabinetes de Bruxelas, revelou a Comissão Europeia quando negociou o Orçamento do Estado de António Costa, disse que esses cortes eram permanentes. Em Lisboa ou em Bruxelas mentiu.

Maria Luís Albuquerque disse que não se meteu na decisão que levou à resolução do BES e à criação do Novo Banco, foi tudo feito pelo Banco de Portugal. Jurou que esse processo não traria custos para os contribuintes. E depois admitiu que a Caixa Geral de Depósitos - ou seja, os contribuintes - poderia ter perdas com o Novo Banco.

Maria Luís Albuquerque é competente, ótima para ajudar uma empresa como a Arrow Global, caçadora de dívida morta, onde quer ser administradora não executiva por uns modestos cinco mil euros brutos mensais. A incompatibilidade de Maria Luís não é com a vida entre abutres da finança.

A incompatibilidade de Maria Luís é com a vida política sã.

(sublinhados meus)

AQUI

 

«Pluralismo»

Censura1.jpg

No mês de Julho o Conselho Superior da Antena 1 foi de férias e não volta. O único espaço nos diversos órgãos de comunicação social plural (as forças com representação parlamentar tinham cada uma, um dia da semana, uma participação com a mesmo duração) acabou. Vejamos o que sobra.

Público

– Correia de Campos (PS), Paulo Rangel (PSD), Francisco Assis (PS), Rui Tavares (Livre/TA), José Vítor Malheiros (Livre/TA), Pacheco Pereira (ex-deputado do PSD). Blog «Tudo menos economia» – Bagão Félix (ex-ministro do CDS) e Francisco Louçã (BE).

Diário de Notícias

– com espaços fixos e/ou regulares – Mário Soares (PS); Adriano Moreira (CDS) e Viriato Soromenho Marques (Livre/TA).

Expresso

– (versão impressa) fixo – Daniel Oliveira (Livre/TA); regular – Pedro Adão e Silva (ex-membro do Secretariado Nacional do PS, apresentado como comentador, também com espaço fixo no Bloco Central da TSF); suplemento de economia Maria Ferreira Leite (PSD).

Correio da Manhã e CMTV

– Joana Amaral Dias (AGiR), Correia de Campos (PS), Moita Flores (PSD), Rui Pereira (PS), Rui Moreira (Presidente da CM Porto), Santana Lopes (PSD), Paulo Morais (ex-vice-presidente da CM Porto de Rui Rio e candidato a Belém), Almeida Henriques (PSD), Marinho Pinto (ex-MPT, PDR), Francisco José Viegas (ex-Secretário de Estado do actual governo).

Diário Económico

– Pedro Silva Pereira (PS), Nuno Melo (CDS).

Visão

– Marques Mendes (PSD), Luís Amado (PS) e Boaventura de Sousa de Santos (Livre/TA).

JN

– no espaço «Café da Manhã» com Mariana Mortágua (BE), Nuno Melo e Teixeira dos Santos (PS), e «Ao Domingo» com Elisa Ferreira (PS) ou Paulo Rangel. É justo assinalar que na rubrica «Opinião» o PCP tem presença semanal, tal como os demais partidos, que somam às presenças mencionadas.

SIC

– Marques Mendes (PSD); SIC Notícias – Bagão Félix; Francisco Louçã; Santana Lopes; António Vitorino; Quadratura do Círculo – Pacheco Pereira, Lobo Xavier (CDS), Jorge Coelho (PS); Eixo do Mal – Daniel Oliveira;

TVI

– Marcelo Rebelo de Sousa (PSD); TVI 24 – Medina Carreira (ex-ministro do PS); Augusto Santos Silva entretanto substituído por Fernando Medina (ambos do PS); Manuela Ferreira Leite; programa Prova dos 9 – Paulo Rangel, Francisco Assis, Fernando Rosas (BE).

RTP Informação

– até à pausa de Verão no programa 3 Pontos – Carlos César (PS); Marco António Costa (PSD); Rui Moreira (Presidente da CM Porto); Carvalho da Silva; Nuno Melo.

Também na categoria de comentador/politólogo temos André Freire (faz TV e jornais e é candidato do Livre/TA) e Paulo Trigo Pereira (candidato do PS).

Tudo isto sem falar dos Camilos Lourenços e Henriques Raposos que pululam entre jornais e televisões comentando economia, política, futebol (! – e os comentadores de futebol com cartão de partido seriam matéria suficiente para outro artigo), e até já fazendo receitas culinárias poupadas nos programas da manhã. Camilos Lourenços que, mesmo sem se conhecer cartão partidário, têm o seu lugar claro na luta de classes, ao lado da direita mais retrógrada e bafienta, ao lado do anti-comunismo mais primário.

Em diversas ocasiões Provedores, entidade reguladora, embora reconhecendo alguma subrepresentação do PCP argumentam que o pluralismo é aferido ao longo do tempo e não numa ocasião ou espaço específico. Órgãos de comunicação social, em resposta a protestos, refugiam-se neste mesmo argumento ou nos seus «critérios editoriais». Mas a listagem (não exaustiva) enunciada desmonta tais argumentos. É também neste quadro que a próxima batalha eleitoral se vai travar, em que cada militante, cada democrata terá que ser nas empresas, nos bairros, nos serviços públicos, o espaço de opinião e esclarecimento que televisões e jornais não mostram.

 

Muros, valas, arame farpado e barreiras electrificadas: Grécia - barreira com a Turquia e prisões flutuantes

Greece: Wall to be built along Turkish border, Desenho de Carlos Latuff

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[O muro azul e branco é a bandeira da Grécia]

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George Papandreou: George Papandreou (em grego, Γεώργιος Παπανδρέου) é o primeiro-ministro grego.

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Para Ler, Ver e Ouvir :

«Grécia pretende instalar uma barreira na fronteira terrestre com a Turquia, principal ponto de entrada de imigrantes clandestinos na União Europeia.(...)

O projecto foi revelado no final de dois mil e dez pelo ministro grego da Imigração. Christos Papoutsis diz que “a sociedade grega atingiu o limite de acolhimento de imigrantes ilegais”.»

«En 2010 se registró en Grecia la entrada de más de 120.000 indocumentados. El Gobierno pensaba que un muro de 12,5 kilómetros con cámaras térmicas y sensores de movimiento sería la solución

«O ministro da Ordem Pública, Christos Papoutsis, disse, citado pela agência AFP, que as prisões flutuantes estão a ser consideradas a par de outras medidas, como a construção de um muro em parte da fronteira greco-turca e a utilização de antigas instalações militares como centros de detenção

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O ministro grego da Imigração, Christos Paputsis, confirmou, na terça-feira, 4, a intenção do seu governo de erguer uma barreira física na sua fronteira com a Turquia, com vista a impedir a imigração ilegal.

O projecto, que tem uma extensão de 12,5 quilómetros numa área em que não existem obstáculos naturais, foi criticado na véspera pela Comissão Europeia, segundo a qual «os muros ou vedações são medidas de curto prazo que não permitem resolver de maneira estrutural a imigração clandestina».

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Publicado neste blog:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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Quem disse que o PCP «tem dois jornais (...) de propaganda, intitulados Avante e Militante», «onde destila subtilmente a peçonha das suas doutrinas»?

A dizer a frase do título podia ter sido Fernanda Câncio, claro que podia! Se foi ela que escreveu, a propósito do «Avante!», os artigos Os lacaios do 'socialismo' (17 de Setembro) e Doutrina jornalística (24 de Setembro)! E ambos no Diário de Notícias, essa pérola, esse cristal do jornalismo puro e independente, desde a primeira à última página, incluindo todas as que têm publicidade. Mas não, não foi ela que escreveu a frase, embora pudesse ter sido. Não foi ela nem ninguém que, na actualidade, escreve ou diz coisas semelhantes sobre o PCP, em blogues, em jornais e noutros meios de comunicação.

Quem disse então que o PCP tem dois jornais de propaganda, intitulados Avante e Militante, onde destila subtilmente a peçonha das suas doutrinas?

Recuemos até 1949. A 25 de Março de 1949, Álvaro Cunhal foi preso pela terceira vez, numa casa clandestina do Luso. Com ele foram também presos Militão Ribeiro e Sofia Ferreira. Militão Ribeiro viria a morrer na prisão. «Até às vésperas da morte, Militão manteve a preocupação de comunicar ao partido a sua fidelidade e confiança. Escreveu várias cartas à Direcção do Partido, que foram interceptadas pelos carcereiros, só tendo chegado duas ao seu destino, uma das quais escrita com o seu próprio sangue. A PIDE assassinou-o cruelmente, um crime lento, dos que não deixam vestígios. Militão morreu de inanição em 2 de Fevereiro de 1950».

Em 31 de Março e 22 de Abril de 1949 deputados da Assembleia Nacional fascista, Mário de Aguiar e Pinheiro Torres, resolveram regozijar-se com estas prisões.

O primeiro, Mário de Aguiar, começou por enviar «as mais patrióticas e sinceras saudações» ao «Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros», «o eminente estadista Sr. Dr. Caeiro da Mata»(1),  por ir «em direcção a Washington», «ao serviço da Nação», «assinar, no dia 4 de Abril, o Pacto do Atlântico».

[Seguramente que Fernanda Câncio, se já fosse jornalista em 1949, também enviaria «as mais patrióticas e sinceras saudações» ao «Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros»... Pois se foi ela que, no dia 13 de Agosto, no mesmo DN, nos confidenciou que apoiou a invasão do Iraqueapoiei a invasão americana»(2)) e, mais recentemente, murmurou a estranha confissão: «... estou ainda para ver o resultado das invasões que apoiei (afeganistão e iraque)...»!]

Em seguida, Mário de Aguiar exprimiu o seu «contentamento» pela prisão dos três comunistas. E é então que se sai com a frase «é público e notório que esta seita, que é comandada do exterior, tem dois jornais clandestinos de propaganda, intitulados Avante e Militante

Daqui vem a primeira parte da frase do título.

A segunda parte da frase do título foi tirada da intervenção de Pinheiro Torres: «Não menos perigosa, não menos para recear, é a acção deles nos livros que publicam, nas conferências que fazem, no que escrevem nas revistas e jornais, onde destilam subtilmente a peçonha das suas doutrinas!»

Eis, em seguida, excertos dos dois discursos:

1. Na página 420 do nº 184 do Diário da Assembleia Nacional (sessão de 31 de Março de 1949):

O Sr. Mário de Aguiar: - Sr. Presidente: pelas notícias publicadas nos jornais de hoje o País tomou conhecimento de dois factos que devem merecer a atenção da Assembleia. Um deles diz respeito à viagem aérea que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros iniciou na madrugada de hoje em direcção a Washington, onde, ao serviço da Nação, deve assinar, no dia 4 de Abril, o Pacto do Atlântico. (...)

O outro facto a que também se refere a imprensa diária é a descoberta pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado de uma parte da organização comunista e prisão de alguns dos seus principais agitadores.

(...)

É público e notório que esta seita, que é comandada do exterior, tem dois jornais clandestinos de propaganda, intitulados Avante e Militante.

É de esperar que tal imprensa seja apreendida e presos os traidores à Pátria, que a atraiçoam com as mãos já tintas de bom sangue português, perseguindo-os a polícia até ao seu total aniquilamento.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

2. Na página 545 do nº 191 do Diário da Assembleia Nacional (sessão de 22 de Abril de 1949):

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, antes da ordem do dia, o Sr. Deputado Pinheiro Torres.

(...)

O Orador: - Haja em vista as últimas descobertas levadas a efeito pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado no campo comunista. Essas descobertas vieram, mais uma vez, pôr em destaque a extensão e importância da actividade dessa organização antinacional e, portanto, o perigo que representa para todos nós.

(...)

Não menos perigosa, não menos para recear, é a acção deles nos livros que publicam, nas conferências que fazem, no que escrevem nas revistas e jornais, onde destilam subtilmente a peçonha das suas doutrinas!

(...)

Aproxima-se outro acto eleitoral. Temos já a certeza de que os comunistas tencionam, de novo, perturbar o País, aproveitando-se desse período. É o que se conclui das notícias publicadas sobre a apreensão da tipografia clandestina, onde o Avante e o Militante eram feitos. No número do Avante que estava a ser composto e impresso havia um artigo já pronto em que se aconselhavam as comissões organizadas a não se dissolverem.

Ora, o País não quer que os comunistas, e seus parceiros, gozem das mesmas liberdades dos bons portugueses.

(...)

Os comunistas, e aqueles que com eles estão ligados, têm de ser perseguidos, estejam onde estiverem!

(...)

(1) José Caeiro da Mata foi o Ministro da Educação Nacional que, a 7 de Outubro de 1946, assinou o despacho ministerial de demissão de Bento de Jesus Caraça e Mário de Azevedo Gomes.

(2) Neste mesmo artigo confessa FC que tem conhecimento da extrema gravidade das suas opções: «Quero acreditar que não morreu tanta gente - iraquianos e ocupantes - para nada»... Comentários para quê?

Post-Scriptum:

«Confesso: apesar de não ter a menor estima por Bush e de não ter comprado a treta óbvia das armas de destruição maciça, apoiei a invasão americana» (Fernanda Câncio)

Para Ver:

«Quero acreditar que não morreu tanta gente - iraquianos e ocupantes - para nada» (Fernanda Câncio)

Para Ler:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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O pai da política de direita

Às terças-feiras, infalivelmente, Mário Soares enche, de cabo a rabo, uma página do Diário de Notícias (só legível por dever de ofício, diga-se, em abono da verdade).
Ali, Soares, de espada em riste, trava a semanal cruzada na defesa daquela que é, inequivocamente, a menina dos seus olhos: a política de direita.

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Artigo 38.º: Livre, mas pouco

«O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social

perante o poder político e o poder económico.»

in Constituição da República Portuguesa.

-

Que os órgãos de comunicação social são independentes e plurais é algo que os seus patrões gostam de apregoar. Mas uma análise mais fina dos conteúdos das notícias, reportagens e comentários publicados ou transmitidos não permite tirar outra conclusão senão a de que, regra geral, aquilo que é publicado ou transmitido é o que melhor serve aos grandes grupos económicos e financeiros e à sua sanha de acumulação de lucro.

Um exemplo significativo disto que se acaba de afirmar ocorreu na semana passada. A Associação Portuguesa de Bancos publicou o seu relatório anual onde divulgava este dado tão espantoso quanto escandaloso – os impostos pagos pelo sector financeiro em 2009 foram inferiores em 40 por cento ao registado no ano anterior. Esta notícia, que à luz dos critérios jornalísticos tinha tudo para ser uma verdadeira «bomba» – com sonantes primeiras páginas, aberturas de telejornais e fóruns na televisão e rádio – não teve praticamente expressão nos principais órgãos de comunicação social. À excepção do jornal i, os restantes órgãos de informação censuraram este aspecto do relatório da APB.

Melhor sorte não teve o comunicado do Gabinete de Imprensa do PCP sobre este assunto, emitido no dia 6 (e tratado na página 9 desta edição do Avante!), que pouca visibilidade teve nos media nacionais...

Mas este não foi o único exemplo. No dia anterior, o PCP realizou uma conferência de imprensa sobre uma das questões mais candentes e actuais no País – a saúde, nomeadamente o aumento do preço dos medicamentos ou o encerramento de serviços. Na ocasião, um dirigente do Partido denunciou a política do Governo e os seus resultados desastrosos e apresentou propostas sustentadas para um novo rumo na política de saúde. Para além da Agência Lusa e da Rádio Renascença mais nenhum órgão de informação se referiu ao assunto, que tanto deu – e dá – que falar todos os dias.

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Calar uns, dar voz a outros

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O tratamento jornalístico dado ao Dia Nacional de Protesto e Luta, promovido pela CGTP-IN no dia 8 de Julho, revela também a natureza e opções de classe dos órgãos de comunicação social, pouco interessados em dar visibilidade à luta organizada contra a política de direita e por um novo rumo para o País. Nos dois principais jornais de referência, Diário de Notícias e Público, o assunto é remetido para os suplementos de Economia (significativamente chamado de Bolsas no caso do primeiro), sem qualquer chamada de primeira página.

O Público dá ao assunto poucas linhas de uma coluna dedicada à greve dos ferroviários realizada no mesmo dia 8 – e no âmbito da luta geral. A dimensão de massas do protesto e o seu carácter nacional, com dezenas de acções por todo o País, é algo que dificilmente se depreende ao ler as notícias.

Já o ridículo protesto do partido fascista PNR na praia do Tamariz, no concelho de Cascais, teve honras de primeiras páginas em alguns jornais, para além de uma considerável cobertura televisiva. Particularmente chocante é o facto de a RTP – canal público – ter amplificado o discurso xenófobo e racista deste partido, prestando desta forma um péssimo serviço à democracia. São estas as opções dos media dominantes...

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In Jornal «Avante!» - Edição de 15 de Julho de 2010

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CEM!

    Com esta atingimos a «Conversa da Treta» nº 100! Aos leitores e à direcção do «Jornal do Centro» um muito obrigado pela paciência que têm tido em aturar estas minhas rabugices. Nada melhor para celebrar que mais uma treta. Esta é uma verdadeira pérola.

Mário Bettencourt Resendes (MBR) tem um percurso profissional que fala por si. É o Provedor do Leitor do jornal «Diário de Notícias». Pelo que diz e escreve evidencia inteligência e cultura acima da média.

No entanto a propósito da queixa de um leitor sobre o (não) tratamento dado pelo referido jornal à Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais, escreveu um conjunto de tretas que pode ser lido no “DN” de 8/12 ou na sua edição on line.

É óbvio que MBR (e com ele o director João Marcelino), não faz ideia do que está a falar. Não leu o documento de lançamento da Conferência Económica e Social, a agenda, o regulamento, o Texto Base com cerca de 225 mil caracteres, a Proclamação, os documentos sectoriais e anexos estatísticos, as mais de 60 intervenções.

Se tivesse feito os trabalhos de casa não escreveria que o PCP não se comoveu com a mudança de paradigma no jornalismo político (o avanço da "interpretação" em prejuízo do relato, puro e duro). Ou que quem se der ao trabalho de ler os textos emanados do PCP encontra apenas «mais do mesmo».

Saberia que há 22 anos que o PCP não fazia uma Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais. Uma Conferência nos termos dos Estatutos do PCP (nomeadamente com 1250 delegados eleitos em 500 assembleias plenárias) com Regulamento como se de um Congresso se tratasse. Isto é «mais do mesmo»? Isto não merece interpretação?

Saberia que no âmbito da realização desta iniciativa, decorreu desde Março um período de preparação com um vasto programa de iniciativas realizadas nos vários distritos e regiões que permitiram o exame e o debate das principais questões económicas e sociais, pondo em evidência constrangimentos e perspectivas de desenvolvimento regional, as profundas assimetrias regionais que marcam o país e as propostas do PCP em relevantes questões económicas sectoriais, como a indústria, a energia, a agricultura, as pescas e o mar, os transportes, as comunicações, as telecomunicações, o sector automóvel, a indústria naval, as tecnologias da informação e comunicação, o sector financeiro, a administração pública, a economia mundial, as micro e as pequenas e médias empresas, o movimento cooperativo, a ciência e a tecnologia, e outras de âmbito social como a pobreza, a habitação, a saúde e a educação, a juventude, o ambiente e as áreas protegidas, a realidade do mundo do trabalho e dos trabalhadores ou a avaliação sobre os diferentes fluxos migratórios. Isto é «mais do mesmo»? Isto não merece interpretação?

E que «interpretação» dar ao facto de o "DN" ter quase silenciado estas dezenas de iniciativas? Ou ao facto de ter entendido não ser necessário enviar qualquer jornalista ao local, Seixal, e ter-se baseado na reportagem da Lusa? Ou ao facto de nem uma linha ter escrito sobre o primeiro dia de trabalhos desta importante iniciativa? Ou o facto de na edição on line do dia 26/11 nada constar do texto citado (o tal da págª 18)?

Pode-se concordar ou discordar dessas análises. Agora dizer que é «mais do mesmo» e que não merecem interpretação... É para se auto dispensarem de analisar o que o PCP escreve (dá muito trabalho, não é verdade?). Se isto não é desonestidade intelectual, não sei o que seja. Enfim vamos conceder que estamos “apenas” perante ataques de preguicite e sectarite aguda.

Tretas «puras e duras».
             

In "Jornal do Centro" - Edição de 28 de Dezembro de 2007

            

Ver sobre o mesmo tema também AQUI

              

A Anedota da Semana (IV)

    Este senhor chama-se Mário Bettencourt Resendes e é o Provedor do Leitor do jornal Diário de Notícias. A propósito da queixa de um leitor sobre o (não) tratamento dado pelo referido jornal à Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais, escreveu este naco de prosa. Duas teses aí expendidas são particularmente interessantes:
  1. A mudança de paradigma no jornalismo político (o avanço da "interpretação" em prejuízo do relato, puro e duro)
  2. Quem se der ao trabalho de ler os textos emanados do PCP encontra apenas «mais do mesmo»
Comecemos pela 1ª Tese.
  • Onde está no "DN" a interpretação de (para me restringir só aos dois dias da Conferência em si), destas intervenções (Sábado 24/11 e destas Domingo 25/11)?
  • O que Jerónimo de Sousa, Agostinho Lopes, Carlos Carvalhas, Octávio Teixeira, Honório Novo, Odete Santos, Albano Nunes, Ilda Figueiredo, Sérgio Ribeiro, etc., etc., etc., disseram nas suas intervenções não merece interpretação?
  • Este Texto Base com mais de 225 mil caracteres de análise «pura e dura» da realidade do país não merece interpretação?
  • Estes documentos sectoriais e anexos estatísticos que podem ser consultados AQUI não merecem interpretação?
  • Esta Proclamação não merece interpretação?
  • E que «interpretação» dar ao facto de o "DN" ter entendido não ser necessário enviar qualquer jornalista ao local, Seixal, e ter-se baseado na reportagem da Lusa?
  • Ou ao facto de o "DN" nem uma linha ter escrito sobre o primeiro dia de trabalhos desta importante iniciativa?
  • Ou o facto de na edição on line do dia 26/11 nada constar do texto citado (o tal da págª 18)?
  • A talhe de foice talvez fosse de o senhor Provedor do Leitor nos explicar porque razão o "DN" omite (pode procurar só desde o momento em que assumiu estas funções), que em quase todos os documentos elaborados pelo Comité Central do PCP desde o 25 de Abril de 1974 consta uma análise sistemática e sistémica da situação a nível planetário. O mesmo em todas as Resoluções Políticas de todos os Congressos. A do XVII Congresso, por exemplo, tem 69 318 caracteres, o equivalente a 8 páginas do "DN". É o único partido político português que o faz. Isto não é motivo de notícia ou de análise, qualquer que seja o “critério jornalístico” utilizado?
 Sobre a Tese do «mais do mesmo»:
  • Há 22 anos que o PCP não fazia uma Conferência Nacional sobre Questões Económicas e Sociais. A propósito talvez fosse de o senhor Provedor do Leitor nos explicar a «falha» em TODOS os lead de notícias do "DN" sobre este evento. Em NENHUM é referido que se trata de uma Conferência nos termos dos Estatutos do PCP (nomeadamente com 1250 delegados eleitos) com Regulamento como se de um Congresso se tratasse. Isto é «mais do mesmo»?
  • No âmbito da realização desta iniciativa, decorreu desde Março um período de preparação com um vasto programa de iniciativas realizadas nos vários distritos e regiões que permitiram o exame e o debate das principais questões económicas e sociais, pondo em evidência constrangimentos e perspectivas de desenvolvimento regional, as profundas assimetrias regionais que marcam o país e as propostas do PCP em relevantes questões económicas sectoriais, como a indústria, a energia, a agricultura, as pescas e o mar, os transportes, as comunicações, as telecomunicações, o sector automóvel, a indústria naval, as tecnologias da informação e comunicação, o sector financeiro, a administração pública, a economia mundial, as micro e as pequenas e médias empresas, o movimento cooperativo, a ciência e a tecnologia, e outras de âmbito social como a pobreza, a habitação, a saúde e a educação, a juventude, o ambiente e as áreas protegidas, a realidade do mundo do trabalho e dos trabalhadores ou a avaliação sobre os diferentes fluxos migratórios. Isto é «mais do mesmo»?
  • E porque é que o "DN" quase que silenciou estas dezenas de iniciativas, com centenas e centenas de intervenções analíticas, limitando-se, no melhor dos casos, a umas citações da intervenção de Jerónimo de Sousa? Será por serem «mais do mesmo»?
  • «Mais do mesmo» "Um Novo Rumo para a Serra da Estrela"? Ou "Habitação em Portugal hoje"? Ou  "Balanço da Acção Governativa na Área da Ciência & Tecnologia"? Ou...
Pode-se concordar ou discordar dessas análises. Agora dizer que é «mais do mesmo»... É para se auto dispensarem de analisar o que o PCP escreve (dá muito trabalho, não é verdade?). Se isto não é desonestidade intelectual, não sei o que seja… Enfim vamos conceder que estamos “apenas” perante ataques de preguicite e sectarite aguda.
Ai se o ridículo matasse....
                         
O meu agradecimento ao autor. Fez-me rir com gosto...
                      

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