Quem é que «não exclui (...) um ataque inicial nuclear»?
Não, não é o «Eixo do mal»!
Fomos falar com uma especialista (1) em assuntos europeus, estratégicos e autárquicos:
«A NATO, essa sim, discute arsenais nucleares — essencialmente o chapéu-de-chuva nuclear americano — e até tem a sua própria doutrina e planos de contingência nucleares. O problema neste momento é a ambiguidade do posicionamento nuclear da NATO que não exclui um first strike nuclear — um ataque inicial nuclear. Este posicionamento revela uma mentalidade ultrapassada de Guerra Fria, quando a vantagem da União Soviética no domínio do armamento convencional levou a Aliança a manter aberta a opção do Na verdade, a NATO paga um preço elevado por uma ambiguidade nuclear de utilidade estratégica duvidosa.
Primeiro, a opção de first strike demonstra a amigos e inimigos, em todo o mundo, que as armas nucleares ainda assumem um papel central no pensamento estratégico do Ocidente; ela representa assim um obstáculo estrutural à plena implementação do Artigo VI do TNP, que impõe o gradual desarmamento às potências nucleares, e contribui para colocar as armas nucleares no topo da lista dos objectivos de qualquer potência aspirante. Segundo, este posicionamento nuclear legitima a presença de mais de 400 armas nucleares tácticas americanas em solo europeu. Estas relíquias da Guerra Fria são, consideram unanimemente os especialistas, as mais fáceis de roubar e proliferar...»
1. Frases como «ambiguidade do posicionamento nuclear da NATO», «mentalidade ultrapassada de Guerra Fria», «ambiguidade nuclear de utilidade estratégica duvidosa», etc., servem para justificar a existência da NATO no tempo da URSS, são elas mesmas ambíguas e pretendem fazer crer que se pode mudar a natureza ao escorpião.
2. Não seria «um primeiro ataque nuclear». Seria o terceiro!
(1) A NATO e as armas nucleares - A Aba da Causa
adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge