Leitura Obrigatória (CLX)
São de leitura obrigatória os estudos de Eugénio Rosa sobre a realidade económica e social de Portugal:
«Neste momento, fala-se muito da dívida externa portuguesa. No entanto, aqueles que só agora mostram tanta preocupação, durante muitos anos ignoraram essa mesma dívida, embora ela já estivesse a crescer a um ritmo muito elevado. Entre 2004 e 2009, o valor do PIB em Portugal aumentou, em valores nominais, ou seja, sem entrar com o efeito da subida de preços, 13,6%, enquanto a dívida externa liquida cresceu 78,6%. Em milhões de euros, o PIB aumentou 19.608 milhões de euros, enquanto a dívida cresceu 72.484 milhões de euros, ou seja, 3,7 vezes mais. Como consequência, entre 2004 e 2009, a dívida externa líquida do Pais passou de 64% do PIB para 100,6% do PIB. Portanto, o crescimento elevado da dívida não é recente, e muito se refere ao período 2008-2009, tendo-se apenas acentuado com o governo de Sócrates que mostrou sempre grande incompreensão em relação às consequências do endívidamento externo.
No entanto, para se conhecer o verdadeiro endívidamento do País é necessário analisar os valores da dívida Bruta Total ao estrangeiro, ou seja, do Passivo Total do País, portanto antes de se deduzir o valor do Activo do País, ou seja, daquilo que Portugal tem de haver do estrangeiro. Em 2006, A dívida Externa Bruta atingia 402.857,4 milhões de euros, ou seja, era 3,2 vezes superior à dívida Externa Liquida que era, nessa altura, de 125.833,5 milhões de euros. E em Março de 2009, a dívida Externa Bruta tinha aumentado para 451.520,4 milhões de euros, ou seja, um valor 2,8 vezes superior ao PIB previsto para 2009.. Portanto, para se poder ter uma ideia clara e verdadeira da dimensão de endívidamento de Portugal ao estrangeiro não é suficiente conhecer apenas os valores da dívida Externa Liquida, como é normalmente feito.»