É significativa a decisão, tomada igualmente no Conselho de Ministros, de renovar as bases de seis concessões rodoviárias, no quadro de um processo de «renegociação» das parcerias público-privadas, onde o Governo divulga com grande insistência a mentira absoluta da poupança de mais de 7,2 mil milhões de euros, e esconde a verdade cristalina e dura da renovação de compromissos futuros superiores a 20 mil milhões de euros, que no essencial serão pagos através da recém criada Infraestruturas de Portugal.
Se algo o Governo renegociou nestes últimos anos foi a transferência de encargos para o Estado e para os futuros Orçamentos de Estado, mantendo as escandalosas margens de lucro das concessionárias e assegurando o pagamento usurário com que anteriores governos haviam comprometido o País.
O secretário de Estado dos Transportes admitiu que a manutenção das estradas fica muito mais barata sendo feita pelo Estado do que nos contratos das parcerias público-privadas.
Em declarações à Lusa, dia 15, em Almada, Sérgio Monteiro referiu o caso da parceria do Baixo Tejo, que previa um custo de 160 mil euros por ano por quilómetro, revelando que a Estradas de Portugal faz o mesmo trabalho por apenas três mil euros, uma diferença de 53 vezes.
Nas PPP, as grandes reparações estavam previstas para intervalos entre oito e dez anos. Ora, segundo os dados estatísticos da Estradas de Portugal, relativos a mais de dez mil quilómetros de rede, as grandes reparações são feitas com intervalos que rondam os 18 anos. Isto significa que, «por cada intervalo de 18 anos, o Estado pagava duas grandes reparações», quando uma seria suficiente.
Há uns 20 anos tivemos um político alemão de visita a Portugal. Interrogado sobre o que pensava dos contributos da Alemanha a fundo perdido para a construção de novos IPs e autoestradas a sua resposta foi clara. Por cada escudo que «damos» para as estradas em Portugal recebemos de volta dois, quanto mais não seja porque as nossas exportações chegam ao vosso país mais rapidamente.
Agora é Klaus Regling, presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), que afirma preto no branco:
«Até hoje, só houve ganhos para os alemães, porque recebemos da Irlanda e de Portugal juros acima dos refinanciamentos que fizemos, e a diferença reverte a favor do orçamento alemão» (...) «é o prémio pelas garantias que a Alemanha dá só que os contribuintes alemães não acreditam».
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Claro, clarinho, para não haver dúvidas! Gosto destes alemães, palavra que gosto...