Golpe de Estado no Paraguai: Capital terrorista afasta Fernando Lugo
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O Partido Comunista Paraguaio decidiu retirar o seu «apoio crítico» ao governo do presidente Fernando Lugo, considerando que, apesar de inúmeras tentativas da sua parte, não foi possível obter uma «rectificação do rumo político» e «a recuperação do programa de mudanças votado em Abril de 2008».
O Comité Central do partido, na sua reunião de 18 e 19 de Dezembro, considerou que «o governo continuou e continua sua política de direita, cujo início se deu com o convénio de Setembro de 2008, assinado com o narcoterrorista presidente da Colômbia à época, Álvaro Uribe».
Os comunistas paraguaios denunciam ainda «o projecto privatizador de rodovias, rios e aeroportos que o poder executivo enviou ao Congresso e que foi aprovado, para depois avançar mais e enviar o projecto específico de privatização de aeroportos, incluindo o aeroporto de Marechal Estigarribia, que é militar».
Também a posição favorável do governo à instalação da transnacional do alumínio Rio Tinto Alcan é vista como uma amputação da soberania nacional e uma cedência à política de dominação imperialista interessada em se apoderar dos ricos recursos naturais do Paraguai.
Todavia, o Partido Comunista Paraguaio valoriza os passos positivos dados pelo novo poder, designadamente no campo da saúde pública e no apoio às famílias em situação de pobreza extrema, e declara o seu empenhamento «incondicional» na «defesa do processo de mudança», sublinhando que «não vacilaremos um instante em defender o governo constitucional diante de um possível golpe da direita, patrocinado pelos ianques».
Na tomada de posse de Fernando Lugo:
Vídeos tomada de posse de Fernando Lugo como Presidente da República do Paraguai:
Ver neste Blog AQUI
Vídeo da música «Todo cambia» cantada por Mercedes Sosa
A eleição do bispo Fernando Lugo para a presidência do Paraguai configura mais uma derrota do EUA na América latina. Será agora muito difícil para Washington manter a base militar que instalou no país, próximo da fronteira da Bolívia. A primeira prioridade para Lugo é a renegociação com o Brasil do preço da energia de Itaipu, projecto a que o governo de Lula se opõe.
Sentado na sala da sua casa de Assunção, um modesto quarto onde numa parede chama a atenção a reprodução de um São Pedro pintado pelo Greco, Fernando Lugo, o presidente eleito do Paraguai diz-nos qual será a medida mais importante que tomará no inicio do seu mandato.: «Em 2009 a reforma da Constituição deve figurar na Agenda. A actual Constituição não produziu o efeito esperado. Para garantir a independência do Poder Judicial será preciso mudar os seus mecanismos. Temos que garantir a que a Justiça seja apolítica», sublinha muito sério.
Pergunto-lhe se introduzirá um artigo permitindo a reeleição. Ele permanece em silêncio e sorri, olhando para o lado, o que provoca também o riso de outras pessoas presentes. Mas não responde.
Lugo organizou uma coligação de nove partidos e aplica na política a mesma prudência que o leva a medir cada palavra quando se refere à relação com o Vaticano. Ele personifica, mais claramente do que muitos políticos, a dualidade do ser humano.
(sublinhados meus)
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