Hipátia de Alexandria - Gravura de Elbert Hubbard, 1908
«Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipácia (ou Hipátia), filha do filósofo Teón, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos», diz Sócrates, o Escolástico, na História Eclesiástica (século V).
Não há certezas quanto à sua data de nascimento (entre 350 e 370 d.C.) nem da sua morte (entre 415 e 416), mas sabe-se que foi vítima do conflito entre religião e ciência em que a cidade de Alexandria estava mergulhada nos séculos IV e V da era cristã.
Influenciados por Cirilo, patriarca de Alexandria, cujos seguidores espalharam o boato de que a filósofa se dedicava à bruxaria, fanáticos cristãos capturaram Hipátia, arrastaram-na para uma igreja, despiram-na e apedrejaram-na até à morte. O corpo foi depois esquartejado e queimado.
Cirilo não foi responsabilizado pelo crime e veio a ser canonizado como São Cirilo de Alexandria.
Pagã num tempo dominado por tensões religiosas, Hipátia. uma das primeiras mulheres a estudar e ensinar matemática, astronomia e filosofia e a única que dirigiu o Museu de Alexandria, permanece como um símbolo da libertação das mulheres.
Portanto, na segunda metade do século XX, o anticomunismo e o anti-sovietismo intervieram sob a bandeira do anti-stalinismo.
Hoje analisámos três das maiores e mais dramáticas barreiras, do meu ponto de vista, que o anti-stalinismo militante conseguiu erguer ao longo da via de desenvolvimento normal e objectivo do nosso país.
A primeira barreira foi a difamação da lei da correspondência das relações de produção ao carácter e nível de desenvolvimento das forças produtivas.(...)
A segunda barreira foi a renúncia ao modelo de Stáline na economia. (...)
E a terceira barreira foi a renúncia na prática, em geral, à filosofia do materialismo dialéctico e histórico como fundamento ideológico, base ideológica da política do partido e do Estado. (...)
Estas e outras barreiras eram intransponíveis? Não, não eram. Desde meados dos anos 70 que existem materiais, e em grande quantidade, dos quais ressalta de forma absolutamente inegável que a catástrofe da contra-revolução que amadureceu no país, inspirada e alimentada a partir do exterior, era previsível com precisão científica e foi prevista múltiplas vezes. Ao mesmo tempo foram permanentemente apresentadas propostas e variantes profusamente argumentadas de solução dos diferentes problemas que, em grande parte, foram criados artificialmente; esses problemas não tinham nada de imperscrutável para a análise marxista competente. (...)
A questão não é pois saber se existem ou não esses materiais, mas a quem aproveitou mantê-los na gaveta durante décadas e impedir desesperadamente que penetrassem na imprensa de esquerda de grande tiragem; a quem aproveitou apresentar o povo soviético como um bando de cobardes e idiotas, que alegadamente ou não tinham inteligência suficiente para perceber as intrigas da guerra informativa, ou não tinham coragem para assumir firme e abertamente as suas conclusões. A quem aproveitou esconder do povo, da opinião pública soviética, o facto de que a ciência marxista, que se bateu intelectualmente na Terceira Guerra Mundial, saiu efectivamente vencedora e não derrotada.
É que os problemas de que falamos não pertencem ao passado, são os nossos problemas do futuro.
«No Livro Primeiro, foram investigados os fenómenos que o processo capitalista de produção, tomado por si, oferece como processo imediato de produção; aí abstraiu-se ainda de todas as influências secundárias sobre ele [operadas] por circunstâncias alheias. Mas este processo imediato de produção não esgota o curso de vida do capital. No mundo real, ele é complementado pelo processo de circulação, e este formou o objecto das investigações do Livro Segundo. Aí se mostrou — nomeadamente, na terceira secção, aquando da consideração do processo de circulação como [processo] da mediação do processo social de reprodução — que o processo capitalista de produção, considerado no [seu] todo, é unidade de processo de produção e de processo de circulação. Neste Livro Terceiro, aquilo de que se trata não pode ser de fazer reflexões gerais acerca dessa unidade. Trata-se antes, de encontrar e de expor as formas concretas que crescem a partir do processo de movimento do capital, considerado como [um] todo. No seu movimento real, os capitais enfrentam-se em formas concretas tais que para elas a figura do capital no processo imediato de produção, tal como a sua figura no processo de circulação, apenas aparecem como momentos particulares. As configurações do capital, tal como as desenvolvemos neste Livro, aproximam-se, portanto, progressivamente, da forma em que elas próprias ocorrem à superfície da sociedade, na acção dos diversos capitais uns sobre os outros, na concorrência e na consciência habitual dos próprios agentes da produção.»