O então presidente dos EUA George H. Bush gesticula durante uma entrevista conjunta com o presidente soviético Mikhail Gorbachev 29 de outubro de 1991, na embaixada soviética em Madrid. (Foto AP/Jerome Delay)
Documentos secretos desclassificados contam a história de como as autoridades americanas levaram os russos a acreditar que nenhuma expansão seria empreendida pela NATO, e mais tarde quase duplicou o tamanho da aliança.
Transcrições e resumos russos e americanos de reuniões de alto nível, postados nos últimos anos pelo Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington, registam várias garantias no início dos anos 1990.
Algumas eram explícitas, outras implícitas e passíveis de interpretação.
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Entrevistas de Embaixadores dos EUA na Rússia
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O Arquivo de Segurança Nacional[não confundir com Agência de Segurança Nacional] é uma instituição de pesquisa e arquivamento não governamental, sem fins lucrativos, localizada no campus da Universidade George Washington em Washington, D.C. Fundada em 1985 para verificar o crescente sigilo do governo.
O Arquivo de Segurança Nacional é um centro de jornalismo de investigação, defensor do governo aberto, um instituto de pesquisa de assuntos internacionais e o maior repositório de documentos desclassificados dos EUA fora do governo federal.
O Arquivo de Segurança Nacional estimulou a desclassificação de mais de 10 milhões de páginas de documentos governamentais ao ser o principal utilizador sem fins lucrativos da Lei de Liberdade de Informação dos EUA (FOIA), apresentando um total de mais de 50.000 FOIA e solicitações de desclassificação em mais de 30 anos de história.
«The National Security Archive is a 501(c)(3)non-governmental, non-profit research and archival institution located on the campus of the George Washington University in Washington, D.C. Founded in 1985 to check rising government secrecy, the National Security Archive is an investigative journalism center, open government advocate, international affairs research institute, and the largest repository of declassified U.S. documents outside the federal government.[1] The National Security Archive has spurred the declassification of more than 10 million pages of government documents by being the leading non-profit user of the U.S. Freedom of Information Act (FOIA), filing a total of more than 50,000 FOIA and declassification requests in its over 30 years of history.»
Adenda em 26/04/2022 às19h45m:
Expansão da NATO: o que Yeltsin ouviu
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Entre os grandes dirigentes históricos do movimento comunista internacional, Ho Chi Minh ocupa um lugar cimeiro. Nascido em 19 de Maio de 1890 – faz agora 120 [130] anos – Ho Chi Minh personificou, até à sua morte em 1969, a luta do povo vietnamita pela sua emancipação nacional e social, contra o colonialismo francês e contra os agressores japoneses e norte-americanos.
Ainda jovem, Ho Chi Minh percorreu o mundo, trabalhando como marinheiro, padeiro, cozinheiro e outros ofícios, em países como França, Inglaterra e EUA. É no contacto com o movimento operário, em especial em França, país que então colonizava a sua Indochina natal, que Ho Chi Minh conhece os partidários de Lénine e da jovem revolução bolchevique (1), cujas posições sobre a questão nacional o marcaram profundamente. «Lénine foi o primeiro a compreender e sublinhar toda a importância do envolvimento dos povos coloniais no movimento revolucionário» (2), escreveu Ho Chi Minh em 1925. Eleito em 1920 como delegado pela Indochina ao 18.º Congresso da SFIO (Secção Francesa da Internacional Operária), Ho Chi Minh fez parte da maioria dos delegados que, nesse Congresso de Tours, decidiram pela adesão à Terceira Internacional e pela criação do que viria a ser o Partido Comunista Francês (3). Desde então, o seu nome esteve sempre ligado à história e luta dos comunistas, tendo integrado o Comité Executivo da Internacional Comunista.
Em 1930, Ho Chi Minh participa na fundação do Partido Comunista do Vietname, que mais tarde passaria a designar-se Partido Comunista da Indochina. O seu programa em 10 pontos era encabeçado pelos objectivos de «derrotar o imperialismo francês e o feudalismo e burguesia reaccionária vietnamita» e «tornar a Indochina totalmente independente» (4). Em 1940 o Sudeste asiático é ocupado pelo Japão imperial-fascista. «No Outono de 1940, quando os fascistas japoneses invadem a Indochina para estabelecer novas bases contra os aliados, os colonialistas franceses ajoelharam-se e franquearam as portas do nosso país para acolher os japoneses. Assim, após essa data o nosso povo ficou sujeito ao duplo jugo dos franceses e japoneses» (5). O PC da Indochina e a Liga para a Independência do Vietname (conhecida pelo acrónimo Viet Minh), fundada em 1941 como frente de libertação nacional contra o colonialismo francês e a ocupação japonesa, desempenharam o papel determinante na resistência vietnamita que culminou, em Agosto de 1945, com a libertação do país e a proclamação da independência do Vietname, do qual Ho Chi Minh se torna Presidente. Mas os colonialistas franceses reocuparam o país após o fim da II Guerra Mundial, com o apoio cada vez mais explícito e importante do imperialismo norte-americano. A grande derrota militar das tropas coloniais francesas em Dien Bien Phu, em 1954, às mãos do exército de libertação nacional comandado pelo grande comunista vietnamita Vo Nguyen Giap, representou o fim dos sonhos imperiais franceses na Indochina e o princípio do envolvimento militar directo dos EUA, com a divisão do Vietname e a ocupação do Sul pelos EUA. A libertação nacional do Vietname ainda haveria de exigir mais duas décadas de luta e de terríveis sacrifícios, como resultado da barbárie do novo agressor imperialista. É desse período (Julho de 1968) o texto de Ho Chi Minh que OMilitante agora reproduz.
Ho Chi Minh morreu no dia 3 de Setembro de 1969. A guerra de libertação nacional ainda haveria de durar mais cinco anos e meio. Mas, após a ofensiva do Tet, em Fevereiro de 1968, tornou-se evidente que o imperialismo norte-americano não haveria de vencer a guerra. No seu Testamento, escrito poucos meses antes de falecer, Ho Chi Minh expressou a sua certeza na vitória: «Embora a luta do nosso povo contra a agressão dos EUA e pela salvação nacional possa ter de enfrentar mais privações e sacrifícios, alcançaremos a vitória total. Isso é seguro. Quando chegar esse dia [...] visitarei os países fraternais do campo socialista e os países amigos de todo o planeta para lhes agradecer pelo seu apoio integral e pelo seu auxílio à luta patriótica do nosso povo contra a agressão dos EUA». Ho Chi Minh não chegou a ver o dia da libertação total do Vietname. Mas, tal como previra, esse dia chegou, em 30 de Abril de 1975 – há 35 [45] anos.
A derrota do imperialismo norte-americano teve uma influência profunda na situação internacional. A luta do povo vietnamita, sob a direcção dos comunistas e do grande patriota Ho Chi Minh, mostrou que mesmo a mais poderosa e bem armada potência imperialista pode ser derrotada pela luta de um povo determinado a conquistar a sua libertação. Uma lição que é de grande actualidade e de enorme importância nos dias de hoje.
Notas
(1) Veja-se o artigo de Ho Chi Minh «O caminho que me levou ao Leninismo», de 1960. Para consultar (em inglês) este e os restantes textos de Ho Chi Minh aqui citados pode-se aceder ao arquivo do PC do Vietname na Internet,
(2) Em «Lénine e os povos coloniais» (1925).
(3) O seu «Discurso no Congresso de Tours» (1920).
(4) «Apelo por ocasião da fundação do Partido Comunista da Indochina» (18 Fevereiro, 1930). Saliente-se que entre os objectivos estava o de «conquistar a igualdade entre o homem e a mulher».
(5) Da «Declaração da Independência da República Democrática do Vietname» (1945).
In «Ho Chi Minh – um grande dirigente comunista», revista «O Militante» - Edição de Maio/Junho de 2010
O percurso histórico do Hospital mais antigo da capital francesa (651-2020)
Hôtel-Dieu de Paris gravura medieval
Feito para refúgio de indigentes e enfermos, o Hôtel-Dieu de Paris (Albergue de Deus) é um dos hospitais mais antigos do mundo e foi, até à Renascença, o único hospital parisiense intra-muros.
A sua história começa na Idade Média, quando o bispo Landry, tido como santo pela Igreja Católica, o dedica a São Cristóvão.
Como era uso na época, o Hôtel-Dieu oferece comida e abrigo aos pobres, para além de cuidados médicos.
Hôtel-Dieu de Paris sala de tratamentos
O estabelecimento permanece nas mãos da Igreja durante vários séculos, mas com a Revolução (1789-1799) passa a vigorar o princípio da laicidade e os hospitais ficam na alçada dos municípios ou do Estado.
Após vários incêndios e obras de reconstrução, em 1877 o espaço do Hôtel-Dieu é considerado exíguo e pouco salubre.
L’incendie de l’Hôtel-Dieu, en 1772 - pintura de Jean-Baptiste-François Génillion, Museu Carnavalet
Novas instalações são construídas nas proximidades, junto da catedral de Notre-Dame.
A prestação de cuidados de saúde profissionaliza-se e os hospitais tornam-se locais de transmissão de saber, passando, a partir de finais de 1801, a ser classificados em função da sua especialização.
Hospital Hôtel-Dieu 1830
Vinculado actualmente à Faculdade de Medicina Paris-Descartes, o Hôtel-Dieu acolhe também um hotel turístico.
Em 2019, parte do espaço do Albergue de Deus foi cedido a um promotor imobiliário, por 80 anos, a troco de 144 milhões de euros.
Num dos dias desta Primavera de 2020 morreu Manu Dibango. Tinha 86 anos e não resistiu à infecção por coronavírus. O homem que foi aplaudido por multidões vibrantes foi sepultado em silêncio no Cemitério de Père-Lachaise de Paris. Sinal destes tempos de forçada solidão, no funeral de Manu compareceram apenas os seus familiares mais próximos. Ficará na companhia de Paul Éluard, Modigliani, Chopin, Isadora Duncan, Nadar, Maurice Thorez, e tantos outros.
«Desembarquei em França depois de três semanas no mar, em 1948» – diria em entrevista ao jornal L’Humanité. «Foi pouco depois do final da guerra e, no ar, sentia-se amor. Só mais tarde é que ressurgiram os velhos demónios do racismo. Vivi toda a vida com um pé em África e o outro pé na Europa. De um lado e do outro encontrei sempre quem me dissesse que eu não era dali. Não foi fácil encontrar o meu lugar».
Emmanuel N'Djoké Dibangonasceu em Douala (Camarões) a 12 de dezembro de 1933. Filho de pais protestantes - a mãe, de etnia Douala, era costureira e o pai, de etnia Yabassi, era funcionário público - frequentava com os progenitores um templo local a cujo coro viria a pertencer.
Jean Paul Mira, clínico do Hospital Cochin de Paris, avançou no canal LCI a pergunta que sabia ser «provocatória»: «não deveríamos fazer um estudo em África, onde não têm máscaras e tratamentos?». Para o médico, é o facto de as populações africanas estarem desprotegidas que tornaria o estudo da vacina mais interessante, uma vez que «se fazem estudos no caso da SIDA, onde usam prostitutas para provar certas coisas, por estarem muito expostas e não terem protecção», justificou.
Em resposta, Camille Locht, director de investigação do Instituto francês da Saúde e Investigação Médica, deu-lhe razão: «Estamos a pensar num estudo paralelo em África. Creio que há uma petição que, se ainda não saiu, vai sair, e pensamos seriamente nisso. Também não rejeitamos um estudo na Europa ou na Austrália.»
Em reacção nas redes sociais, Didier Drogba, ex-futebolista marfinense, considerou a proposta «inconcebível». «África não é um laboratório. Estas declarações são realmente racistas. Ajudem a salvar África do coronavírus. Não queiram usar os africanos como cobaias. É asqueroso. Os líderes africanos têm a responsabilidade de proteger as suas populações de conspirações tão horrendas», afirmou.
Também Demba ba, futebolista senegalês, rejeitou estas declarações: «Bem-vindos ao ocidente, onde o branco se acha tão superior que o racismo se converte numa banalidade. É hora de nos levantarmos».
As reacções de repúdio pelas ideias dos investigadores não se ficaram pelo desporto.
Várias personalidades da sociedade francesa, nomeadamente da cultura, manifestaram-se indignadas com tal sugestão por parte de dois membros da comunidade científica e lembraram que essa ideia foi praticada no passado pelas potências coloniais.
Fustigada pela crise entre as crises, a Itália pediu à Comissão Europeia a activação do Mecanismo de Protecção Civil para poder contar com a ajuda dos Estados membros no combate à epidemia.
Nesta Europa da «solidariedade» nenhum país se mostrou disponível para responder.
O primeiro auxílio estrangeiro que o povo italiano recebe é o da China – através de pessoal de saúde, instrumentos e material clínico, incluindo ventiladores pulmonares.
A ajuda humanitária que a China está a fornecer concentra-se no Paquistão, Coreia do Sul, Japão, Irão, Itália, Espanha, França, Grécia, União Europeia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, concordou com o envio de dois milhões de máscaras cirúrgicas, 200 mil máscaras para protecção respiratória e 500 mil testes para a União Europeia.
Von der Leyen disse que a UE está a aumentar a produção, mas que demorará ainda até conseguir ter o material pronto.
A região italiana da Lombardia decidiu pedir auxílio a Cuba, sobretudo devido ao êxito de um medicamento cubano contra os efeitos do novo coronavírus (COVID-19), como tem sido testemunhado nas regiões chinesas mais atingidas. Havana respondeu afirmativamente e governo de Cuba enviou 53 médicos e enfermeiros para ajudar a combater a epidemia.
A Prensa Latina informa que esta equipa é altamente especializada no combate de epidemias, como o ébola, e vai trabalhar juntamente com médicos chineses no novo hospital de campanha da cidade de Bérgamo.
De acordo com o Ministério de Saúde Pública de Cuba, a ilha está a prestar apoio médico a 37 países afectados pela Covid-19. Esta semana chegaram equipas de profissionais cubanos à Venezuela, Nicarágua, Suriname e Espanha (Granada).
Apesar do radical bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos EUA, há cerca de 60 países que beneficiam da solidariedade das brigadas de saúde cubanas.
Da mesma maneira que acolheu na semana passada um cruzeiro britânico com cerca de mil pessoas a bordo e com passageiros infectados e que ninguém queria receber.
Itália, o país mais afetado no mundo pela COVID-19, recebeu especialistas militares russos na área de combate a doenças.
Na noite deste domingo (22), a Embaixada da Rússia em Roma anunciou que o primeiro de 9 aviões militares russos com especialistas e equipamentos havia pousado na base aérea de Pratica di Mare. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou esta informação no mesmo dia.
O grupo de especialistas para ajudar a Itália a combater o coronavírus é composto por cerca de 100 médicos e biólogos do Ministério da Defesa russo.
Por outro lado, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou na sexta-feira (20) que a Rússia irá enviar ao país sul-americano "uma importante doação de ajuda humanitária especial" para lidar com o coronavírus.
A doação deve chegar ao país na próxima semana. A Rússia também proporciona o seu apoio com equipamentos médicos e kits.
Não sabe como lidar com um drama sanitário interno e responde da mesma maneira que perante as vagas de refugiados de que é responsável: barrica-se e é cada um por si.
A imagem que a União Europeia transmite aos cidadãos é a de um eclipse progressivo das suas instituições ao ritmo do avanço da pandemia.
Estados fecham fronteiras mesmo sem informar os vizinhos (a excepção é a Península Ibérica).
O Parlamento Europeu foi o primeiro a fugir de cena refugiando-se na quarentena.
Não há qualquer indício de esforços para potenciar, no âmbito dos 27, os recursos sanitários disponíveis para que as nações menos atingidas possam ajudar as mais afectadas pela tragédia.
Tão prestimosa em cuidar do casino financeiro, a União Europeia é um fracasso cívico e solidário.
- dizer que não existiram as «insurreições populares» na Líbia e na Síria que serviram de justificações para as invasões dos dois países;
- informar que Muammar Khaddafi foi assassinado na sequência de um processo conduzido pelos serviços secretos franceses;
- demonstrar que países como os Estados Unidos, a França e o Reino Unido recorrem ao terrorismo fundamentalista islâmico para concretizarem estratégias próprias no Médio Oriente;
- recordar que o golpe de Estado para estabelecer a «democracia» na Ucrânia deu asas às organizações nazis para dominarem o país;
- revelar provas de que o avião civil malaio que fazia o voo MH-17 pode não ter sido abatido por um míssil da Rússia;
- todos os exemplos comprovativos de que a NATO se comporta como uma aliança agressiva.
A carta com o título «J'Accuse», em que o escritor francês Émile Zola acusa o governo de francês de encobrir a verdade no caso Dreyfus – um escândalo político que dividiu a França no final do século XIX –, fez a manchete do diário L'Aurore, que esgota em poucas horas os 300 000 exemplares da sua edição.
«O meu dever é falar, não quero ser cúmplice. As minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que não cometeu» – escreveu Zola, denunciando a situação do capitão Alfred Dreyfus, de origem judaica, acusado num processo fraudulento, conduzido à porta fechada, de espionagem a favor da Alemanha, condenado e deportado para a Guiana Francesa.
Zola, apoiado por vários intelectuais, entre os quais Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau ou Claude Monet, lutará até à sua morte pela reabilitação de Alfred Dreyfus, o que vem a suceder anos mais tarde.