A política chantagista do FMI, União Europeia e BCE para com o governo grego contrasta agudamente com a suavidade para com a Ucrânia.
Apesar de todas as cedências do governo SYRIZA-ANEL, os chantagistas da Troika parecem irredutíveis.
Em contrapartida, para com a arruinada Ucrânia dominada por um governo cripto-fascista em guerra contra o seu próprio povo, as benesses financeiras vêm às catadupas.
«Subir Lall, chefe de missão do FMI em Portugal, numa entrevista dada ao Jornal de Noticias, em Novembro de 2014, afirmou: "Ninguém percebeu como é que o desemprego está a baixar”.
O chefe do FMI ainda não percebeu porque ele, como sempre aconteceu, nunca se deu ao trabalho de estudar a realidade portuguesa. Foi essa uma das causas do fracasso total do programa da “troika” e do governo PSD/CDS.
Se tivesse estudado a realidade concreta portuguesa rapidamente teria compreendido que a baixa da taxa de desemprego oficial resulta de uma gigantesca manipulação dos dados do desemprego feita pelo governo para enganar a opinião pública, como revelam os dados do INE e do Instituto de Emprego e Formação Profissional constantes do quadro 1.»
Não há nem haverá saída sem a renúncia ao Tratado Orçamental e às suas imposições de expropriação de poder orçamental dos estados-membros sem a rejeição de anteriores instrumentos e tratados, do domínio do Euro e das potências que hegemonizam a integração capitalista da União Europeia.
O Comité Central do PCP reafirma que a única saída para os problemas nacionais e para assegurar um desenvolvimento soberano e independente no interesse dos trabalhadores e do povo é inseparável da concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda que assegure uma vida melhor, os valores de Abril e um Portugal com futuro.
Simultaneamente, o PCP, tal como fez antes da entrada de Portugal na CEE, tal como o fez antes da adesão ao Euro, tal como fez quando da assinatura do Pacto de Agressão, alerta também agora para as ilusões e propósitos federalistas em curso que não aliviarão, antes pelo contrário, agravarão o sufoco que está a ser imposto ao País.
A recente divulgação de um novo crescimento da dívida pública no final do primeiro trimestre de 2014 (a fixar-se num novo máximo de 132.4% do PIB) e em particular o regresso a novas quebras do PIB neste trimestre (quebra de 0.7% em cadeia) desmentindo o foguetório sobre o “milagre económico”, confirmam que o actual rumo só pode conduzir ao desastre económico e social.
O Comité Central do PCP sublinha e denuncia a farsa da chamada “saída limpa” quando o rasto de destruição económica e social não só aí está para demolir essa afirmação, como o que se projecta é o prosseguimento de um processo para fazer pagar por milhões de portugueses o que o grande capital ambiciona continuar a ganhar com a especulação sobre o País, particularmente sobre a sua dívida pública e o saque dos seus recursos e riqueza produzida.
O que se prepara em nome dessa falsa saída são as condições e instrumentos para manter Portugal submetido ao espartilho do défice e da dívida e sujeito à ditadura do que agora designam por “mercados”.
No passado recente com os PEC e o pacto de agressão subscrito pelas troikas nacional e estrangeira; no futuro por via do Tratado Orçamental, da insistência das políticas que sustentam o Euro, integradas em anteriores Tratados, que PSD, CDS-PP e PS aprovaram, apoiam e ambicionam utilizar para perpetuar a mesma política.
Um Tratado que imposto pelo eixo franco-alemão em nome dos interesses do grande capital europeu visa institucionalizar o neoliberalismo como política única da União Europeia e que está assumido como o instrumento para dar continuidade ao objectivo de extorsão dos povos, de aumento de exploração e de liquidação de direitos que o aprofundamento da integração capitalista da União Europeia visa assegurar.
A proposta de revisão do Código do Trabalho, visando a destruição da contratação colectiva com o que ela comporta de garantia de direitos e rendimentos dos trabalhadores, a legislação laboral da administração pública e a proposta dos chamados “benefícios fiscais ao investimento”, que não é mais do que um novo e milionário pacote de benesse fiscal ao grande capital, testemunham o objectivo do governo de intensificar a sua política de exploração, empobrecimento e agravamento das injustiças.
O que governo e partidos da troika nacional perspectivam, sob o cúmplice apoio do Presidente da República, é o prosseguimento do processo de exploração e empobrecimento do país e dos portugueses feito em beneficio dos especuladores e do grande capital transnacional e de amarrar Portugal, sob pretexto da chamada consolidação orçamental que advogam, a um regime de liberdade condicional sob tutela dos especuladores e do grande capital.
Ao contrário do que toda a propaganda quer fazer crer não houve nenhuma saída, muito menos limpa, do abismo económico e social para o qual atiraram o País.
O que os promotores da política da troika ambicionam prosseguir é a agenda de exploração e saque de recurso do povo e do País.
A apresentação da chamada “estratégia de médio prazo” que o conselho de ministros de 17 de Maio aprovou, numa operação de propaganda e vassalagem junto dos especuladores internacionais, é disso testemunho: uma estratégia assente no Documento de Estratégia Orçamental e no Guião para a Reforma do Estado com o que significa de mais cortes nos salários e pensões, tornando o que era transitório e excepcional em definitivo e ordinário, mais impostos sobre os trabalhadores o povo (de que é exemplo o aumento da TSU e do IVA), maior redução do direito à saúde, à educação e à protecção social no quadro de um crescimento económico quando muito residual, de uma taxa de desemprego insuportável e em que os grupos económicos continuam a beneficiar de mais privilégios, apoios e benefícios fiscais.
Mais uma vez, e pelas piores razões, a vida deu e dá razão ao PCP.
Três anos passados o que então se preveniu – um programa concebido para assegurar um milionário programa de apoio e garantias a banqueiros e monopolistas à custa da exploração e do afundamento do País - tem amarga confirmação.
Mais 670 mil desempregados, 470 mil empregos destruídos, 600 mil portugueses lançados na pobreza (elevando para quase três milhões o seu número total), uma recessão superior a 6 %, sem precedentes desde a 2ª Guerra Mundial, mais de 200 mil portugueses condenados a uma emigração forçada, quase 100 mil empresas liquidadas, um país mais endividado e sujeito a um serviço da dívida insustentável, entrega ao grande capital (sobretudo estrangeiro) de empresas e sectores estratégicos indispensáveis ao desenvolvimento do país, destruição de serviços públicos e das funções sociais do Estado – é este o balanço dos anos de 2011, 2012 e 2013 no qual o governo PSD/CDS-PP de Passos Coelho e Paulo Portas encontram as razões para afirmarem a sua satisfação pelo dever cumprido.
Um balanço inseparável da política de direita e em particular do que cumulativamente, primeiro com os PEC da responsabilidade do governo PS e depois com o Pacto de Agressão, uniu PS, PSD e CDS-PP.
Uma política que, como o PCP alertou, constituiu um verdadeiro golpe contra o regime democrático, a soberania de decisão do povo português e a independência nacional, em sistemático confronto com a Constituição da República e a activa cumplicidade do Presidente da República.
A reiterada acção de um governo e uma política à margem da lei pôs em causa não só o regular funcionamento das instituições como evidenciou a sua incompatibilidade com o regime constitucional.