«Em Portugal, verifica-se atualmente uma situação que não deixa de ser insólita.
Órgãos de comunicação social, comentadores, jornalistas, associações patronais e condutores protestam contra o aumento do imposto de 6 cêntimos/litro sobre os combustíveis, mas já ninguém protesta contra os preços e lucros exorbitantes da GALP e das outras petrolíferas.
As duas entidades reguladoras que existem neste setor (Entidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis e Autoridade da Concorrência), que supostamente deviam supervisionar o setor, mas que ninguém sabe por que razão existem e para que servem, e o governo permitem que a GALP e outras petrolíferas pratiquem os preços que querem, e os seus acionistas, na maioria estrangeiros ou com empresas criadas no estrangeiro como Américo Amorim, se apropriem de lucros escandalosos sem pagarem impostos pelos dividendos que recebem e transferem para outros países.
Segundo o Eurostat, em 2014, o salário médio liquido em Portugal correspondia a 56,8% do salário médio liquido na União Europeia, no entanto o preço do gasóleo e da gasolina sem impostos, ou seja, os valores que revertem integralmente para as empresas do setor são sistematicamente superiores aos preços médios sem impostos praticados na União Europeia, e essa diferença tem aumentado perante a passividade geral.
O gráfico 1, construído com dados divulgados pela Direção Geral de Energia do Ministério da Economia, mostra o que se verificou em todos os meses de 2015.»
«Não se pode dizer que todos estejam a perder com crise. Alguns estão a ganhar e mesmo muito dinheiro com crise. Que o digam os acionistas da GALP (Américo Amorim, Sonangol e Isabel dos Santos, a ENI e fundos americanos que controlam esta empresa). E isto porque a GALP viu os seus lucros aumentar no 1º semestre de 2015 em 169,9%.
De acordo com o relatório e contas que o seu conselho de administração divulgou recentemente, e que está disponível no seu “site”, no 1º semestre de 2014 o resultado líquido da GALP foi de 115 milhões €, mas no 1º semestre de 2015 subiu para 310 milhões €, um aumento de 195 milhões €, que é superior (só o aumento) aos lucros do 1º semestre de 2014.
Naturalmente o aumento dos lucros das restantes petrolíferas que vendem combustíveis em Portugal devem ser muito semelhantes, até porque os preços, pelo efeito simpatia, são muito semelhantes e a supervisão é praticamente nula.»
O resultado líquido da Galp Energia aumentou 63 milhões de euros em 2014, o que representa um crescimento de 20,2 por cento face ao período homólogo de 2013.
Num comunicado enviado, dia 9, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a empresa reconhece que as vendas e prestações de serviços recuaram 8,7 por cento (-1717 milhões de euros), passando de 19 620 milhões em 2013 para 17 904 milhões em 2014.
No entanto, o aumento da margem de refinação e dos volumes de gás natural liquefeito (GNL) permitiu um resultado consolidado positivo.
Na semana passada a petrolífera foi condenada pela Autoridade da Concorrência a pagar uma multa no valor recorde de 9,29 milhões de euros por práticas anticoncorrenciais.
A investigação concluiu que o procedimento da empresa é susceptível de penalizar os consumidores com preços mais elevados, já que os distribuidores de gás engarrafado da Galp Energia podem praticar preços e condições comerciais sem qualquer pressão concorrencial.
A Galp Energia registou lucros de 236 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um aumento de oito por cento face ao apurado em igual período de 2013, anunciou a petrolífera na segunda-feira, 27.
Num comunicado, a companhia indica um crescimento de 5,3 por cento no ebitda – RCA (resultado bruto ajustado de custos de reaprovisionamento), o qual ascendeu aos 915 milhões de euros. No terceiro trimestre, este indicador aumentou 21 por cento, para os 379 milhões de euros.
A empresa revela que a margem de refinação teve uma recuperação significativa no terceiro trimestre, apesar de uma quebra de quase 17 por cento no preço do crude, aumentando quatro por cento, para 2,4 dólares por barril, processado entre Janeiro e Setembro.
«Em relação aos rendimentos dos trabalhadores e pensionistas, o governo não hesita em congelar salários (ex. salário mínimo nacional), em fazer cortes nas remunerações (ex. Função Pública), em confiscar subsidio de férias e Natal aos pensionistas e trabalhadores da Função Pública, mesmo violando a Constituição da Repúblicas, mas em relação às "rendas excessivas" (lucros especulativos) dos grupos económicos, o governo e "troika" nada fazem. O que acontece em Portugal com os preços dos combustíveis é um exemplo concreto de uma politica de "dois pesos e duas medidas".
O quadro 1, elaborado com os dados divulgados pela Direção Geral de Energia e Geologia do Ministério da Economia e Emprego, mostra que os preços médios sem impostos e taxas, ou seja, aqueles que revertem na totalidade para as empresas, da gasolina 95 e do gasóleo continuam a ser, em Portugal, em Janeiro de 2013 superiores à média dos países da União Europeia, enquanto a carga fiscal, contrariamente ao que as petrolíferas e seus defensores nos media têm procurado fazer crer, enganando a opinião pública, é, em Portugal, inferior à média dos países da União Europeia.»
«Os grupos económicos que dominam o mercado dos combustíveis (GALP, REPSOL, CEPSA e BP) preparam-se para aumentar esta semana novamente os preços agravando ainda mais a situação que é analisada neste artigo. E de tal forma sentem-se impunes que anunciaram antecipadamente, sem que a AdC dissesse uma palavra. A justificação umas vezes é o aumento do preço do petróleo, outras vezes é a desvalorização do euro em relação ao dólar. Tudo serve. E os principais media repetem, sem fazer qualquer investigação e sem contraditório, as justificações das petrolíferas criando, junto da opinião pública, a falsa ideia que elas são verdadeiras e únicas.
Por outro lado, o governo e a "troika" têm procurado fazer passar também junto da opinião pública a ideia que a liberalização dos preços, que agora estão a procurar impor no mercado da electricidade e do gás, traria mais concorrência e redução dos preços para os consumidores. Mas perante este escândalo de aumento semanal e simultâneo por parte de todas as empresas dos preços dos combustíveis – que desmente o que defendem e andam a fazer – mantêm-se coniventemente silenciosos. E a chamada Autoridade da Concorrência (AdC) que devia investigar a situação nada faz, mostrando que está totalmente refém das grandes petrolíferas. E quando o faz algo é para branquear o comportamento destes grupos económicos, pois conclui sempre que tudo está bem, e que não há combinação de preços entre elas. No entanto, recusa-se a investigar o que devia: POR QUE RAZÃO OS PREÇOS DOS COMBUSTIVEIS SEM IMPOSTOS EM PORTUGAL SÃO SISTEMÁTICAMENTE SUPERIORES AOS PREÇOS MÉDIOS DA UNIÃO EUROPEIA. Assim, a AdC mostra, objectivamente, que dá cobertura a esta política de preços dos grupos económicos deste sector permitindo a obtenção de sobrelucros, ou lucros excessivos.»
A Chinaé o segundo país do mundo, logo a seguir aos EUA, com mais empresas na classificação das 500 maiores, da revista norte-americana Fortune. A lista, divulgada, terça-feira, 10 de Julho, mostra que a Sinopec e a State Grid, parceiras das portuguesas Galp e REN, ocupam o 5.º e o 7.º lugar, pertencendo o 6.º lugar ao gigante petrolífero China National Petrolium.
A classificação, elaborada em função das receitas de 2011, inclui 73 empresas chinesas, mais 12 do que em 2010, e mais cinco que o Japão, país que passou para a terceira posição. Há uma década, havia apenas 11 empresas chinesas na «Fortune 500».
A anglo-holandesa Royal Dutch Shell lidera o ranking com receitas de 484,5 mil milhões de dólares (394,5 mil milhões de euros), seguida pelas norte-americanas Exxon Mobil e Wal-Mart, tendo esta última descido para o terceiro lugar, perdendo a posição cimeira que deteve nos dois anos anteriores.
O investimento directo em África cresceu 60 por cento nos últimos dois anos, revelam dados oficiais. De acordo com informações divulgadas pelo Ministério do Comércio chinês na véspera do início do Fórum para a Cooperação entre China e África, em 2011 aquele montante ascendeu a 14,7 mil milhões de dólares.
A China é hoje o principal parceiro comercial do continente africano e o maior investidor nos seus territórios com forte expressão na criação e requalificação de infra-estruturas.
Os rendimentos dos habitantes das zonas urbanas crescem a um ritmo mais rápido que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), indicam estatísticas oficiais relativas ao primeiro semestre deste ano. De acordo com os mesmos dados, na maioria das regiões consideradas, o aumento do rendimento disponível da população chinesa ronda os 10 por cento, em média, contra uma subida de cinco por cento no IPC, o que se traduz num reforço do poder de compra.
«O Expresso, no seu número de 7.7.2012, anunciou que os preços dos combustíveis “disparam segunda-feira” (9 de Julho 2012). Aumentos significativos nos preços já tinham sido anunciados por outros órgãos de informação. Por isso interessa analisar a política articulada de preços dos grupos económicos que dominam o mercado dos combustíveis em Portugal. Os últimos dados disponibilizados pela Direcção Geral de Energia, que são de Maio/2012, revelam que a GALP, Repsol, BP e CEPSA vendem a gasolina e o gasóleo em Portugal a uma preço superior ao preço médio praticado na União Europeia obtendo lucros extraordinários elevados.»
«O sector da energia é estratégico em qualquer país, em termos de desenvolvimento e de independência nacional. Os governos, desde que tenham um mínimo de dignidade nacional e se preocupem verdadeiramente com o desenvolvimento do país, procuram sempre preservar este sector vital do controlo do capital estrangeiro. Em Portugal, infelizmente, tem-se verificado precisamente o contrário desde Cavaco Silva, que iniciou as privatizações, hipotecando-se, desta forma, também o futuro do país. O actual governo, e o seu ministro das Finanças, cegos pela ideologia ultraliberal professada pelos boys da Universidade de Chicago e do FMI tudo fazem para entregar o controlo deste sector a grupos económicos estrangeiros, com a falsa justificação de que assim se aumentará a concorrência e o investimento estrangeiro.
A EDP e a GALP têm uma posição dominante neste sector, sendo o resto já controlado por grandes grupos estrangeiros (Endesa, Iberdrola, Union Fenosa, Essa, BP, Repsol, Cepsa). Com a venda de 21,35% do capital da EDP à empresa estatal chinesa Three Gorges, 44,22% do capital da EDP passa a estar directamente sob o controlo de grandes grupos estrangeiros. E a gravidade desta situação ainda se torna mais clara se se tiver presente que esta percentagem representa 74,05% do total das "participações qualificadas", que são aquelas que controlam, de facto, a gestão operacional e estratégica deste importante grupo.»