Um texto noticioso com interessante leitura nas entrelinhas. A convergência de interesses entre a grande industria alemã e a Rússia - e também a China - é bem conhecida e muito importante no desenrolar da situação presente. Se “a guerra é a continuação da política por outros meios”, devemos igualmente recordar a afirmação de Lénine de que “a política é economia concentrada”.
No país com a economia mais pujante da Europa, e com uma das mais baixas taxas oficiais de desemprego, há afinal 7,5 milhões de pessoas que procuram trabalho.
Quem o constata é o Escritório Federal de Estatística (Destatis), num estudo divulgado dia 15 de Agosto, onde conclui que para além dos 2,5 milhões de desempregados que procuram activamente um emprego, há mais 3,7 milhões de trabalhadores (dos quais 1,7 milhões trabalham a tempo inteiro) que precisam de um segundo emprego para suprir às suas necessidades e ainda outros 1,2 milhões, designados como «reserva silenciosa», que apesar de não procurarem activamente outra ocupação desejariam obtê-la.
O estudo revela que dos que trabalham a tempo parcial e que pretendem trabalhar mais, 72 por cento são mulheres. No que se refere aos que já estão com jornada completa (a partir de 32 horas semanais) mas procuram um segundo trabalho, 73% são homens.
As razões remontam às reformas laborais impostas pelos governos sociais-democratas/verdes de Gerhard Schröder, entre 2003 e 2005, que se destinavam supostamente a dinamizar o mercado de trabalho.
Na verdade, como o estudo mostra claramente, as reformas laborais e da protecção social trouxeram consigo um aumento significativo da precariedade laboral e uma desvalorização geral do trabalho que agravaram as desigualdades salariais.
O fenómeno do chamado «minijobs», uma modalidade de emprego subvencionado pelo Estado com um salário máximo de 400 euros e um limite de 40 horas mensais, poderá ter retirado das estatísticas milhões de desempregados, mas seguramente que não respondeu às necessidades e aspirações das famílias, que continuam em busca de uma solução que lhes permita viver com dignidade.