O presidente executivo da EDP, António Mexia, recebeu um total de 3,1 milhões de euros em 2012, entre remunerações e prémios.
Segundo o relatório e contas anual da EDP enviado à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), a eléctrica dá conta de que a remuneração fixa de António Mexia foi de 714 572 euros em 2012: 99 571 euros até 20 de Fevereiro, e cerca de 615 mil euros a partir dessa data.
Mexia recebeu ainda 480 mil euros no ano passado em remuneração variável anual, relativa a prémios em função do desempenho da empresa, bem como mais 1,9 milhões de euros resultantes da atribuição de um prémio plurianual inerente ao mandato de 2009-2011.
No exercício de 2012, a empresa pagou cerca de 18 milhões de euros aos membros dos órgãos de administração e fiscalização, tendo fechado o ano com lucros de 1012 milhões de euros, menos 10 por cento face a 2011.
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Deve ser por isto que nos andam a impingir que pagamos a electricidade abaixo do preço de custo...
«Um dos aspectos que caracteriza o comportamento dos grandes órgãos da comunicação social em Portugal, e mesmo de certos jornalistas, é o de promoverem personalidades de direita em grandes autoridades sobre certas matérias para que depois as suas opiniões sejam aceites pela opinião pública como verdades indiscutíveis. É um processo clássico de manipulação da opinião pública, que Philippe Breton, professor na Universidade de Paris-Sorbonne, no seu livro A Palavra Manipulada designa por "argumento de autoridade" Segundo este investigador, "este argumento baseia-se na confiança depositada numa autoridade em nome do principio de que não podemos verificar por nós próprios tudo quantos nos é apresentado" (2001:pág. 94).
Tudo isto vem a propósito de Antonio Borges, conselheiro do governo para as privatizações, bem pago com dinheiro dos contribuintes, que simultaneamente também é administrador da Jerónimo Martins. A comunicação social afeta ao governo tem procurado fazer passar este "senhor", junto da opinião pública, como um grande professor de economia e um experiente gestor (formado na escola da Goldman Sachs e do FMI). Por isso interessa analisar, até pela importância que ele tem junto deste governo, a credibilidade técnica e cientifica das afirmações do referido "senhor", nomeadamente as feitas no dia 29/9/2012; portanto, não é o aspecto se são ou não convenientes.»
Em 2011 os salários dos trabalhadores das empresas do PSI 20 - e com os restantes assalariados a situação é pior - desceram 11%. Isto em salários 44 (!!!) vezes menores que os dos gestores (e ainda há quem diga que os sacrifícios estão bem repartidos!).
O buraco do BPN actualmente estimado pela CGD é 38 vezes superior ao miserável orçamento da Cultura para 2012.
Segundo dados do Eurostat, Portugal tem a 3ª mais baixa taxa de emprego em áreas culturais da União Europeia a 27 (UE27).
E tem, em compensação, a 7ª mais alta taxa de empregos precários e a mais alta taxa de empregos temporários nessas áreas.
Portugal tem dos mais altos défices da UE27 entre exportações e importações de bens culturais.
Em 200770% dos portugueses não assistiram a uma única sessão de cinema, mais de 50% não assistiram a um espectáculo ao vivo, perto de 70% não visitaram qualquer espaço cultural, cerca de 60% não leram um livro.
No último ano o desemprego cresceu 40 por cento nos Açores, havendo mais de 12 mil jovens com menos de 25 anos desempregados. Muitas das vezes sem qualquer subsídio ou apoio.
Em 2011 o preço médio de venda do peixe em lota foi de um euro e 67 cêntimos e o preço da sardinha (40 por cento das capturas) foi de 68 cêntimos. Sabendo-se ao preço que se encontra na banca da peixaria, fácil é perceber as margens de lucro obtidas por quem não lança as artes de pesca ao mar.
Tudo aponta para a existência de uma desconformidade entre a actual rede de recepção e venda de peixe e aquelas que são as necessidades das comunidades piscatórias. Por um lado, aquela rede é composta por 20 lotas e 33 postos de vendagem. Por outro, o número de portos de pesca eleva-se a 90. Donde resulta, pois, que algumas dessas comunidades piscatórias são obrigadas a maiores deslocações para descarregar o pescado, com os custos daí inerentes.
A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) teve em discussão pública, até ao dia 15 de Agosto, uma proposta de recomendação para uniformizar os critérios de fixação dos tarifários da água. O objectivo, segundo a ERSAR, é pôr fim à «grande disparidade» de preços que é actualmente praticada no país. O resultado conduzirá a aumentos entre os 19 e os 42 por cento (!!!). Coisa pouca, como se pode ver.
Ainda de acordo com a ERSAR, existem actualmente no país cerca de 500 entidades gestoras destes serviço. E uma grande disparidade a nível nacional nos valores das tarifas dos serviços de águas.
Mas, para além das lindas palavras, das boas intenções e destes brutais aumentos o que está em causa?
A realidade é que está em curso uma mega operação daquilo a que o próprio Governo chamou a criação do «grande mercado da água». Estamos, pois, perante um quadro em que o Governo está fortemente empenhado na privatização da água.
Ao contrário do que afirma o Governo de José Sócrates, a criação desse tal «grande mercado da água» não é compatível com uma gestão racional da água. Gestão essa capaz de gerir o recurso num ambiente de grande escassez. O encaixe do lucro, a concentração do lucro nos grupos económicos que estão interessados em gerir a água não é compatível com a necessidade de poupança e de gestão racional e ambientalmente sustentável. Obviamente no quadro da resposta que é necessário dar a TODAS as populações.
A privatização da água, insere-se também na lógica de colocar os utentes a sustentar uma nova elite de gestores, como já se verifica em muitas empresas intermunicipais. Onde são vulgares os ordenados obscenos e tudo o mais o que os donos e administradores da água se possam lembrar.
É hábito o Governo do PS fazer os possíveis para colocar a questão da água exclusivamente nas questões administrativas. Exclusivamente na privatização da água, na dinamização do mercado. Esquecendo algo que é essencial: a qualidade da água e o papel do Estado perante a qualidade da água no País.
São conhecidos os sucessivos estudos que dizem que a maior parte dos rios portugueses tem água de má qualidade. O Governo demite-se do seu papel na regularização dos cursos e das margens. Demite-se do seu papel de punir aqueles que verdadeiramente poluem os cursos de água e os rios.
Mas não se demite de aumentar os preços!!!
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
Recuemos no tempo. Recuemos a 1974. Estamos no dia 27 de Maio, passados que foram 32 dias da data histórica e gloriosa do 25 de Abril. Estamos, nesse dia de Maio, no dia em que, pela primeira vez, em Portugal foi instituído o salário mínimo nacional, em cujo Decreto-Lei, no início do seu preâmbulo, era referido que:«O regime deposto pelo Movimento das Forças Armadas em 25 de Abril deixou a economia nacional em grave situação de depauperamento e instabilidade e manteve a generalidade do povo português, especialmente a classe trabalhadora, em níveis de vida muito baixos. Será longa e árdua a correcção de todos estes desequilíbrios sociais e económicos, mas nela se empenha o Governo provisório na aplicação do Programa do Movimento das Forças Armadas.»
Com este diploma foi imposto que a remuneração a aplicar aos trabalhadores por conta de outrem não podia ser inferior a 3300$00, de que resultou um benefício para cerca de 50% da população activa, percentagem que subiu aos 68% nos funcionários públicos, tal era a miséria salarial herdada do fascismo.
Passados 34 anos é tempo de perguntar se «...a correcção de todos estes desequilíbrios sociais e económicos...» defendidos então no Programa do Movimento das Forças Armadas foi obtida.
A comunicação social dominante alimentou-se e alimentou os seus leitores, durante o último mês e meio, das férias dos políticos, dos gestores, do jet-set português e foi especulando – pelo que difundiu e pelo que omitiu – sobre as actividades dos diferentes partidos e respectivas rentrées.
O que projectou neste período – e como projectou – põe claramente em evidência ao serviço de quem estão os principais órgãos de comunicação social que procuraram desviar as atenções e iludir as questões de fundo com que os portugueses se debatem, entre as quais as próprias férias que, para além dos capitalistas e dos que no poder defendem os seus interesses, estão cada vez mais limitadas aos que têm emprego fixo e, mesmo quanto a estes, aos que auferem salários que lhes permitam um efectivo gozo de férias.
Durante este período, a «informação» acentuou o seu conteúdo de classe. Sabendo-se a menor ou mais superficial atenção que se lhe dá em férias, a comunicação social transformou este ano, mais ainda do que é habitual, a notícia em propaganda. Particularmente em relação à acção do Governo que, garantindo ainda há pouco tempo estar Portugal imune à crise, foi agora obrigado a vir a terreiro escusar-se com a crise internacional; ou em relação à mistificação da diminuição do desemprego ou da inauguração do call center de Santo Tirso; ou, ainda, a justificação para a última fase de reprivatização da Galp, alienando ao grande capital posições que o Estado ainda detinha nesta empresa de interesse nacional estratégico.
Aqui fica uma reflexão para este domingo de bom tempo. Segundo o Fernando Penim Redondo «os cinco maiores bancos a operar em Portugal - CGD, BCP, BES, Santander e BPI - lucraram no ano passado 2892 milhões de euros, qualquer coisa como 7,9 milhões de euros por dia. Isto apesar da crise dos empréstimos sub-prime que não foram pagos pelos clientes americanos mas que, entretanto, já tinham sido vendidos sob a forma de títulos de alto rendimento a bancos de todo o mundo.
O cidadão comum interroga-se e não pode deixar de admirar os gestores que conseguem tais resultados (provávelmente obtidos à sua custa). A explicação está na qualidade do pessoal contratado. Aqui vai uma lista que, apesar de um pouco desactualizada, é auto-explicativa:
(sublinhados meus)
Fernando Nogueira, ex-Ministro da Presidência, Justiça e Defesa - Presidente do BCP Angola
José de Oliveira e Costa, ex-Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais - Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)
Rui Machete, ex-Ministro dos Assuntos Sociais - Presidente do Conselho Superior do BPN
Armando Vara, ex-Ministro adjunto do Primeiro Ministro - Vice-Presidente do BCP
Paulo Teixeira Pinto, ex-Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros - Presidente do BCP (saíu recentemente mas ainda se sente a sua acção)
António Vitorino, ex-Ministro da Presidência e da Defesa - Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta
Celeste Cardona, ex-Ministra da Justiça - Vogal do CA da CGD (saíu recentemente)
José Silveira Godinho, ex-Secretário de Estado das Finanças - Administrador do BES
João de Deus Pinheiro, ex-Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros - Vogal do CA do Banco Privado Português.
Elias da Costa, ex-Secretário de Estado da Construção e Habitação - Vogal do CA do BES»
Depois disto fiquei como uma terrível dúvida: qualidade de gestão no governo é diferente de qualidade de gestão nas empresas???... Haja alguém que me explique.