Na política portuguesa foi militante do MRPP, líder do Partido Social-Democrata e posteriormente primeiro-ministro de Portugal.
De São Bento voou directamente para o "trono" da Europa para assumir a presidência da Comissão Europeia, cargo que exerceu durante dez anos.
Foi a rampa de lançamento para depois ser convidado para dezenas de funções e cargos diferentes, tanto em universidades prestigiadas, como a de Princeton, como a de instituições globais como a UEFA ou mesmo o exclusivo grupo de Bilderberg, que hoje coordena.
O Corporate Europe Observatory (CEO, na sigla não desprovida de ironia), que analisa as ligações entre as empresas e os seus lóbis ao processo legislativo europeu, contou-os e chegou aos 22 cargos assumidos pós-Bruxelas.
O CEO publicou uma lista de alguns dos cargos assumidos por Durão Barroso nos últimos anos, alguns deles carimbados pela própria Comissão Europeia.
Membro do Institute of Public Policy de Belgrado
Chairman da UEFA Foundation for Children
Professor visitante da Universidade de Princeton
Membro do conselho consultivo da McDonough Shool of Business, da Universidade de Georgetown.
Membro do conselho internacional da Ópera de Madrid
Membro da administração do The Europaeum
Membro do Steering Group das Conferências de Bilderberg
Actividades no Fórum Económico Mundial
Professor honorário do Instituto Politécnico de Macau
Membro do conselho consultivo do Women in Parliament
Membro honorário da administração da Fundação Jean Monnet para a Europa
Seminários e palestras na Universidade Católica de Leuven
Professor visitante da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa)
Eventos com o Speakers Bureau in Londres e Washington
Professor visitante da Universidade de Genebra
Seminários e palestras na Universidade de Genebra
Professor visitante do Graduate Institute of International and Development Studies de Genebra
Professor visitante na Universidade da Califórnia
Co-Presidente honorário do Centro Europeu para a Cultura
Presidente honorário do comité honorário da European Business Summit
Presidente emérito do Teneo Leadership Institute da Universidade de Cornell
Presidente da Fundação do Palácio das Belas Artes de Bruxelas
Professor convidado no Instituto Liechtenstein
O decoro e a boa educação impedem-me de comentar...
«Um dos aspectos que caracteriza o comportamento dos grandes órgãos da comunicação social em Portugal, e mesmo de certos jornalistas, é o de promoverem personalidades de direita em grandes autoridades sobre certas matérias para que depois as suas opiniões sejam aceites pela opinião pública como verdades indiscutíveis. É um processo clássico de manipulação da opinião pública, que Philippe Breton, professor na Universidade de Paris-Sorbonne, no seu livro A Palavra Manipulada designa por "argumento de autoridade" Segundo este investigador, "este argumento baseia-se na confiança depositada numa autoridade em nome do principio de que não podemos verificar por nós próprios tudo quantos nos é apresentado" (2001:pág. 94).
Tudo isto vem a propósito de Antonio Borges, conselheiro do governo para as privatizações, bem pago com dinheiro dos contribuintes, que simultaneamente também é administrador da Jerónimo Martins. A comunicação social afeta ao governo tem procurado fazer passar este "senhor", junto da opinião pública, como um grande professor de economia e um experiente gestor (formado na escola da Goldman Sachs e do FMI). Por isso interessa analisar, até pela importância que ele tem junto deste governo, a credibilidade técnica e cientifica das afirmações do referido "senhor", nomeadamente as feitas no dia 29/9/2012; portanto, não é o aspecto se são ou não convenientes.»
«Os seis maiores bancos norte-americanos registaram lucros de dezenas de milhares de milhões de dólares em 2011, cenário que contrasta com o alastramento da pobreza e das desigualdades no país.»
(...)
«46 milhões de norte-americanos recebem senhas de alimentação»
«Os três, a nível maior ou menor, fazem parte daquilo a que chamam, nos Estados Unidos, a “Europa de Sachs”. Goldman Sachs, o todo poderoso banco de negócios americano, assim conhecido por ser acusado de condicionar mercados e governos.»
O momento que vivemos é de enorme complexidade e violência contra os trabalhadores e os povos. Emerso nas suas próprias contradições e limites, o capitalismo age como um elefante numa loja de porcelanas.
Seiscentos biliões (milhões de milhões) de dólares em «derivados financeiros», tal é o valor que causa receios à banca americana e que justifica toda a pressão que os EUA e o FMI estão a fazer para que, no Conselho Europeu de 23 de Outubro, a União Europeia encontre uma solução rápida para a dívida grega e a chamada recapitalização dos bancos. É que 81,13 por cento dos 750 biliões de dólares que constituem a dívida dos EUA provêm dos «derivados financeiros». O risco de um «incumprimento» da Grécia, de Portugal e da Irlanda pode ter efeitos imediatos na banca alemã e francesa e por arrastamento nos maiores bancos americanos e em todo o sistema financeiro mundial. Quatro bancos americanos (JPMorgan Chase, Citigroup, Bank of América e Goldman Sachs) concentram 95,9 por cento dos «derivados financeiros». Este valor astronómico equivale a dez vezes o total do PIB mundial ou a mais de 40 vezes o PIB dos EUA (Cubadebate/Blog Salmón).
1. O Partido Socialista liderado por José Sócrates sofreu uma acentuada quebra eleitoral nas últimas eleições legislativas. Passou de maioria absoluta a maioria relativa. Perdeu mais de meio milhão de votos e 24 deputados. Obteve uma percentagem eleitoral inferior à que atingiu em 2002 quando ficou na oposição. Foi o único partido com assento na Assembleia da República penalizado pelos eleitores. Todos os outros reforçaram as suas posições em votos e deputados.
A situação deste governo é pois distinta da do governo precedente. É uma situação qualitativamente nova, que deveria ter reflexos no Programa de Governo do PS. Mas não é isso que se passa. O primeiro-ministro e tuti quanti insistem até à exaustão na peregrina tese de que os portugueses validaram no passado dia 27 de Setembro o rumo seguido pelo anterior governo do PS e o seu programa eleitoral.
Daqui decorrem duas consequências práticas. Por um lado, o governo apresentou um programa que, no essencial, mantém as políticas que conduziram Portugal à estagnação e à crise. Continuam a avolumarem-se os problemas do país, em particular o preocupante declínio económico. O que tem reflexos no permanente aumento do flagelo social do desemprego (510 356 desempregados em finais de Setembro). Prossegue, imparável, a acelerada destruição da capacidade produtiva nacional.
Por outro, assistimos, qual Calimeros, à rábula dos lamentos públicos pela não existência de condições para firmar acordos. Isto ao mesmo tempo que se manifestam no governo e no PS os tiques autoritários dos últimos 4 anos. E se ameaça com a realização de eleições antecipadas. Que credibilidade pode merecer as propostas de diálogo, quando se afirma que nada mudará no essencial da sua política?
Como foi dito no debate do Programa de Governo, nos últimos quatro anos as opções políticas do PS e a sua arrogância deram na derrota da maioria absoluta. Agora a insistência no mesmo rumo político e a arrogância, com ou sem vitimização, será o caminho da derrota do Governo.
2. Entretanto chegam-nos notícias do outro lado do Atlântico. Nos EUA a taxa de desemprego ronda os 16 por cento, o número de pobres é de cerca de 50 milhões e aproximadamente 7,5 milhões de famílias estão envolvidas em processos judiciais por falta de pagamento das respectivas hipotecas. Mas centenas de milhares de milhões de dólares do programa de resgate levado a cabo pela Casa Branca têm ido parar directamente ao bolso dos grandes grupos económicos e financeiros e seus gestores.
De acordo com um documento elaborado pelo Procurador-geral do Estado de Nova Iorque nove bancos, que receberam 125 mil milhões de dólares da Casa Branca em 2008, distribuíram pelos seus executivos prémios no valor 30 mil milhões.
Depois do escândalo envolvendo a seguradora AIG – cujos executivos gastaram centenas de milhares de dólares numa semana de férias dias depois do governo ter adquirido 80 por cento do capital da empresa – o «relatório Cuomo» revelou que o Citigroup, onde o governo injectou 45 mil milhões, entregou compensações na ordem do milhão de dólares e apresentou perdas de quase 19 mil milhões. Já o Bank of América, que recebeu do Estado uma soma idêntica ao Citigroup, distribuiu 6 300 milhões a um núcleo restrito de empregados e executivos.
A lista de compensações elaborada por Andrew Cuomo não termina aqui e inclui ainda o JP Morgan Chase, 8 690 milhões; a Goldman Sachs, 4 820 milhões; o Morgan Stanley, 4 470 milhões; o Wells Fargo & Co. 977 milhões; o Bank of New York Mellon, 945 milhões; e o State Street Corp, 469 milhões.
Onde é que já vi este filme?
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
In jornal "Público" - Edição de 13 de Novembro de 2009