1. A Europa está refém da culpa do Holocausto desde a II Guerra Mundial. Mas honrar a memória do Holocausto será travar a mortandade em Gaza agora. E honrá-la enfim, porque essa memória foi traída até chegarmos a isto: 2,3 milhões de pessoas trancadas num gueto, bombardeadas dia e noite, metade das quais deslocadas, sem água, comida, assistência. E foi traída também no gueto-arquipélago da Cisjordânia, onde quase três milhões de palestinianos enfrentam a violência de colonos cada vez mais radicais. Os hoje 700 mil colonos que Israel foi plantando com betão e alcatrão, bem agarrados ao chão, tanto na Cisjordânia como em Jerusalém Oriental, todos ilegais à luz do que a Europa assinou. E que assim impedem a “Solução Dois Estados”, como os líderes mundiais — todos eles — estão cansados de saber.
O direito internacional dá provas de não servir para muito. Israel violou a lei quando cortou o fornecimento de eletricidade, água, combustíveis e comida na Faixa de Gaza. Viola a lei quando bombardeia áreas residenciais, hospitais, abrigos das Nações Unidas ou escolas, viola a lei quando dá avisos prévios impossíveis de cumprir e claro que viola a lei quando mata civis. Mas nada disto tem consequências. Está a decorrer um massacre à vista de todos. O número de mortos que se perspectiva e a forma como estão a tentar eliminar os palestinianos da região obrigam a falar em genocídio e limpeza étnica.
A atribuição da Ordem da Liberdade a Volodymyr Olexandrovytch Zelensky
Exmº Senhor Presidente da República Portuguesa Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa
Chamo-me António Nogueira de Matos Vilarigues, cidadão com intervenção cívica desde 1969, alguém que aos 17 anos, em Junho de 1971, passou à clandestinidade.
Sou filho do militante do Partido Comunista Português (PCP), Sérgio de Matos Vilarigues, que esteve preso 7 anos (dos 19 aos 26) no Aljube, em Peniche, em Angra e no campo de concentração do Tarrafal para onde foi enviado já com a pena terminada. Que foi libertado por «amnistia» em 1940, quatro anos depois de ter terminado a pena. Que passou 32 anos na clandestinidade no interior do país, o que constitui um recorde europeu. Consultado pelo Presidente da República Jorge Sampaio, recusou receber a Ordem da Liberdade.[i]
Sou filho da militante comunista Maria Alda Barbosa Nogueira, que, estando literalmente de malas feitas para ir trabalhar em França com a equipa de Irène Joliot-Curie, pegou nas mesmas malas e passou à clandestinidade em 1949. Que presa em 1958 passou 9 anos e 2 meses nos calabouços fascistas. Que durante todo esse período o único contacto físico próximo que teve com o filho (dos 5 aos 15 anos) foi de 3 horas por ano (!!!). Que, sublinhe-se, foi condecorada pelo Presidente da República Mário Soares com a Ordem da Liberdade em 1988. [ii]
Em Fevereiro deste ano, decidiu o senhor Presidente, no âmbito das suas funções, atribuir a Ordem da Liberdade a Volodymyr Olexandrovytch Zelensky.
Permita-me uma análise concreta da realidade concreta, em que a prática é o único critério da verdade.
O actual Presidente da Ucrânia desde o início do seu mandato (21 de Abril de 2019) é responsável por:
Entre os grandes dirigentes históricos do movimento comunista internacional, Ho Chi Minh ocupa um lugar cimeiro. Nascido em 19 de Maio de 1890 – faz agora 120 [130] anos – Ho Chi Minh personificou, até à sua morte em 1969, a luta do povo vietnamita pela sua emancipação nacional e social, contra o colonialismo francês e contra os agressores japoneses e norte-americanos.
Ainda jovem, Ho Chi Minh percorreu o mundo, trabalhando como marinheiro, padeiro, cozinheiro e outros ofícios, em países como França, Inglaterra e EUA. É no contacto com o movimento operário, em especial em França, país que então colonizava a sua Indochina natal, que Ho Chi Minh conhece os partidários de Lénine e da jovem revolução bolchevique (1), cujas posições sobre a questão nacional o marcaram profundamente. «Lénine foi o primeiro a compreender e sublinhar toda a importância do envolvimento dos povos coloniais no movimento revolucionário» (2), escreveu Ho Chi Minh em 1925. Eleito em 1920 como delegado pela Indochina ao 18.º Congresso da SFIO (Secção Francesa da Internacional Operária), Ho Chi Minh fez parte da maioria dos delegados que, nesse Congresso de Tours, decidiram pela adesão à Terceira Internacional e pela criação do que viria a ser o Partido Comunista Francês (3). Desde então, o seu nome esteve sempre ligado à história e luta dos comunistas, tendo integrado o Comité Executivo da Internacional Comunista.
Em 1930, Ho Chi Minh participa na fundação do Partido Comunista do Vietname, que mais tarde passaria a designar-se Partido Comunista da Indochina. O seu programa em 10 pontos era encabeçado pelos objectivos de «derrotar o imperialismo francês e o feudalismo e burguesia reaccionária vietnamita» e «tornar a Indochina totalmente independente» (4). Em 1940 o Sudeste asiático é ocupado pelo Japão imperial-fascista. «No Outono de 1940, quando os fascistas japoneses invadem a Indochina para estabelecer novas bases contra os aliados, os colonialistas franceses ajoelharam-se e franquearam as portas do nosso país para acolher os japoneses. Assim, após essa data o nosso povo ficou sujeito ao duplo jugo dos franceses e japoneses» (5). O PC da Indochina e a Liga para a Independência do Vietname (conhecida pelo acrónimo Viet Minh), fundada em 1941 como frente de libertação nacional contra o colonialismo francês e a ocupação japonesa, desempenharam o papel determinante na resistência vietnamita que culminou, em Agosto de 1945, com a libertação do país e a proclamação da independência do Vietname, do qual Ho Chi Minh se torna Presidente. Mas os colonialistas franceses reocuparam o país após o fim da II Guerra Mundial, com o apoio cada vez mais explícito e importante do imperialismo norte-americano. A grande derrota militar das tropas coloniais francesas em Dien Bien Phu, em 1954, às mãos do exército de libertação nacional comandado pelo grande comunista vietnamita Vo Nguyen Giap, representou o fim dos sonhos imperiais franceses na Indochina e o princípio do envolvimento militar directo dos EUA, com a divisão do Vietname e a ocupação do Sul pelos EUA. A libertação nacional do Vietname ainda haveria de exigir mais duas décadas de luta e de terríveis sacrifícios, como resultado da barbárie do novo agressor imperialista. É desse período (Julho de 1968) o texto de Ho Chi Minh que OMilitante agora reproduz.
Ho Chi Minh morreu no dia 3 de Setembro de 1969. A guerra de libertação nacional ainda haveria de durar mais cinco anos e meio. Mas, após a ofensiva do Tet, em Fevereiro de 1968, tornou-se evidente que o imperialismo norte-americano não haveria de vencer a guerra. No seu Testamento, escrito poucos meses antes de falecer, Ho Chi Minh expressou a sua certeza na vitória: «Embora a luta do nosso povo contra a agressão dos EUA e pela salvação nacional possa ter de enfrentar mais privações e sacrifícios, alcançaremos a vitória total. Isso é seguro. Quando chegar esse dia [...] visitarei os países fraternais do campo socialista e os países amigos de todo o planeta para lhes agradecer pelo seu apoio integral e pelo seu auxílio à luta patriótica do nosso povo contra a agressão dos EUA». Ho Chi Minh não chegou a ver o dia da libertação total do Vietname. Mas, tal como previra, esse dia chegou, em 30 de Abril de 1975 – há 35 [45] anos.
A derrota do imperialismo norte-americano teve uma influência profunda na situação internacional. A luta do povo vietnamita, sob a direcção dos comunistas e do grande patriota Ho Chi Minh, mostrou que mesmo a mais poderosa e bem armada potência imperialista pode ser derrotada pela luta de um povo determinado a conquistar a sua libertação. Uma lição que é de grande actualidade e de enorme importância nos dias de hoje.
Notas
(1) Veja-se o artigo de Ho Chi Minh «O caminho que me levou ao Leninismo», de 1960. Para consultar (em inglês) este e os restantes textos de Ho Chi Minh aqui citados pode-se aceder ao arquivo do PC do Vietname na Internet,
(2) Em «Lénine e os povos coloniais» (1925).
(3) O seu «Discurso no Congresso de Tours» (1920).
(4) «Apelo por ocasião da fundação do Partido Comunista da Indochina» (18 Fevereiro, 1930). Saliente-se que entre os objectivos estava o de «conquistar a igualdade entre o homem e a mulher».
(5) Da «Declaração da Independência da República Democrática do Vietname» (1945).
In «Ho Chi Minh – um grande dirigente comunista», revista «O Militante» - Edição de Maio/Junho de 2010
No ano passado os gastos militares atingiram 1.773 mil milhões de euros (quase 9 vezes o Orçamento do Estado de Portugal), o que equivale a um aumento de 3,6 por cento.
Na liderança, com o maior orçamento, estão os EUA que, em 2019, aumentaram o orçamento 5,3 pontos percentuais.
As despesas militares norte-americanas representam 38 por cento dos gastos militares mundiais.
Face à acção e ao papel da China no combate à COVID-19, seja no plano nacional, seja no plano internacional, os sectores mais reaccionários e anticomunistas, têm intensificado a guerra de propaganda contra a China, em que a Administração Trump assume a dianteira com particular ferocidade, talvez para esconder a sua responsabilidade na ausência de resposta adequada ao surto epidémico no seu próprio país.
Serguei Matvéievitch Chtemenko (1907-1976), membro do PCUS desde 1930, ano em que conclui a Escola Militar de Artilharia de Sebastopol.
Exerce funções no Estado-Maior General desde 1940, tornando-se chefe da Direcção de Operações em 1943.
Em Novembro desse ano acompanha Stáline à conferência de Teerão.
No Verão de 1944 coordena as acções das diferentes frentes.
Após a guerra torna-se chefe do Estado-Maior General, primeiro vice-ministro da Defesa da URSS (1950-1952) e candidato do CC (1952-1957).
Em 1968 é nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Unificadas dos Estados Signatários do Pacto de Varsóvia.
O texto é um extracto do livro O Estado-Maior General nos Anos da Guerra, em dois volumes, que teve duas edições (1968 e 1975), no qual Chtemenko reúne as suas memórias sobre aquele período.
DESINFORMAÇÃO O texto sobre a Síria apresentado pelo Bloco de Esquerda na Assembleia da República e aprovado com os votos favoráveis de CDS, PSD, PS, BE e PAN «poderia ter sido subscrito pelo próprio Donald Trump», como disse eloquentemente João Oliveira, ao apresentar a declaração do voto contra do PCP. O texto do BE reproduz todas as patranhas da propaganda de guerra de agressão à Síria.
Nada diz sobre as causas de fundo daquela guerra, mais uma no infindável rol de guerras e ingerências do imperialismo. Nem sobre a natureza terrorista dos exércitos fundamentalistas, armados e financiados pelo imperialismo para impor o seu domínio na região, através da morte e da destruição dos estados que recusam submeter-se. É uma vergonha. Mas é uma opção cujas causas importa compreender.
Como todas as guerras de agressão do imperialismo, a guerra contra a Síria não se combate apenas no plano militar. Combate-se também através de enormes e mentirosas campanhas propagandísticas que diariamente nos entram em casa, em tudo análogas às patranhas já usadas noutras guerras. Foi assim com as inexistentes ‘armas de destruição em massa de Saddam Hussein’. Foi assim com os inexistentes ‘bombardeamentos de Kadafi sobre o seu povo’, explicitamente desmentidos na altura pelo embaixador de Portugal na Líbia, Rui Lopes Aleixo (Antena 1, 23.2.11) e mais tarde pelo Relatório da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns britânica (Setembro 2016). Foi assim com a campanha de demonização de Milosevic, apresentado como ‘carniceiro dos Balcãs’ e ‘novo Hitler’, para ‘justificar’ a guerra da NATO contra a Jugoslávia, não sendo porém manchete que dez anos após a sua morte nos calabouços do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, este mesmo ‘tribunal dos vencedores’ acabou por confessar que Milosevic não tinha patrocinado qualquer genocídio (Avante!, 18.8.16).
A morte do rei Fernando, sem deixar herdeiros masculinos, abriu uma crise dinástica em Portugal, na altura já a braços com revoltas camponesas e profunda insatisfação popular devido à fome e à peste que assolavam o País.
Para evitar que o reino acabasse sob o domínio de Castela – como queriam a rainha viúva Leonor Teles, o seu conselheiro galego conde Andeiro e grande parte da nobreza – alguns nobres, com D. João, mestre de Avis, irmão ilegítimo do rei Fernando, matam o conde Andeiro a 6 de Dezembro de 1383.
O povo de Lisboa aclama o Mestre de Avis Regedor e Defensor do Reino no dia 16 e a burguesia apoia-o com os meios necessários à guerra com Castela, que dura até 1385.
Portugal sai vitorioso.
Segundo vários autores, incluindo Álvaro Cunhal, «a revolução burguesa identificou-se com uma luta nacional pela independência» e a vitória da nação portuguesa foi uma «vitória das forças progressistas sobre as forças reaccionárias de Portugal e Espanha».
«Neste dia, no ano de 1383, começava em Lisboa a primeira revolução burguesa do mundo.
Revolução, pela mesma razão que ninguém ousaria chamar «interregno» à Revolução Francesa nem «crise» ao 25 de Abril.
Burguesa, porque, ainda que pavorosa aos próprios netos, inaugurou definitivamente o poder dos «homens honrados pela fazenda».
E, à semelhança da revolução francesa ou do 25 de Abril, a revolução portuguesa de 1383-1385 também foi condenada ao olvido e à mentira – com a diferença, no entanto, de mais séculos de avanço.»