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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

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TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

UPP: Óscar Lopes, o intelectual completo (actualização)

UPP Óscar Lopes

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Publicado neste blog:

 

Adenda em 17/12/2014 às21h58m: 

UPP Cancelamento Óscar Lopes

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Óscar Lopes: exemplo para os dias por vir

Sobre Óscar Lopes:

-

Alexandre Herculano (27 de Março de 1810, 13 de Setembro de 1877)

Assinalaram-se, no dia 27 de Março, os 200 anos do nascimento de Alexandre Herculano. O homem sepultado na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos, ao lado de Camões e Pessoa, foi o fundador da historiografia moderna em Portugal, isto é, dedicou toda uma vida de trabalho intenso a introduzir no nosso país a análise e relato dos factos passados sob um ponto de vista científico.

Nascido a 27 de Março de 1810 no Pátio Gil, a São Bento, em Lisboa, no seio de uma família de mestres pedreiros de posses modestas mas suficientes para lhe proporcionarem uma infância e adolescência sem sobressaltos materiais (o bisavô materno foi um dos construtores do Convento de Mafra e o avô mestre-de-obras do Paço Real, deixando edificações que ainda hoje perduram na cidade de Lisboa), Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo frequentou, desde os 11 anos, o colégio dos padres Oratorianos de São Filipe de Nery, que à época funcionava no Convento das Necessidades.

Alexandre Herculano nasce no ano em que se inicia a terceira invasão francesa do território nacional. A derrota das forças imperiais ocorre nas Linhas de Torres, a 14 de Outubro de 1810, onde sofrem o derradeiro desaire militar. Até Abril de 1814, mais de 100 mil portugueses, ingleses e espanhóis rechaçam os gauleses até ao seu reduto, colocando fim à Guerra Peninsular e consolidando a hegemonia mundial do império britânico, que se manteria até ao início século XX. Nos despojos das várias invasões francesas, a Inglaterra ganha acesso privilegiado aos territórios antes colonizados por Espanha e Portugal na América do Sul.

«O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a reflectir e a raciocinar».

«Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender».

_

Truques de um historiador

     Rui Bebiano não leu o meu artigo (nem os esclarecimentos). Tresleu.

O historiador, ao invés do que seria de esperar, parte do preconceito para o conceito: António Vilarigues é comunista, logo só pode querer «(...) limpar da memória ou por desculpabilizar os horrores praticados no sistema concentracionário do "socialismo real"». Nada do que escrevi o autoriza a tirar tais conclusões. Mas num exercício de advinhação sobre as minhas reais intenções, lá consegue tirar da manga esta e outras cartas.

O historiador não foi às fontes: jornal La Vanguardia, edição de 3 de Junho de 2001. Como o preconceito domina toda a sua escrita até confunde as intenções das minhas aspas...

Para mim aprofundar o conhecimento da história e estar disponível intelectualmente para a revelação e a análise de factos novos, mesmo - e sobretudo - que contrariem as minhas convicções mais profundas, não é distorcer a realidade e muito menos moldar artificialmente a História. Ignorá-los é que seria.

Já agora aproveito para esclarecer que quando escrevi este outro artigo nem pela cabeça me passou a situação do Irão. À Comissão Nacional de Eleições, que se pronunciou sobre os factos nele relatados, também não. Rui Bebiano concluiu o inverso. Sem comentários.                                         

                        

Confundir o toucinho com a velocidade

   A propósito destes comentários (AQUI, AQUI, AQUI e AQUI) a um meu artigo apetece-me dizer o seguinte:

  1. Sinto-me desvelado, palavra que sinto, com a estranha unanimidade destes bloguistas sobre o meu estado de espírito ao escrever o referido artigo.

  2. Tenho a informar, para quem me lê regularmente (como é o caso) não é novidade, que NUNCA me sinto «consolado» ou «satisfeito» a falar da existência de repressão, guerra, mortes, desemprego, pobreza.

  3. Como me ensinou a minha avó materna, se há quem ponha na nossa cabeça estados de alma em que nunca pensámos, é porque os próprios assim pensam. Será este o caso?

  4. Curiosamente, ou talvez não o essencial fica de fora: durante mais de meio século toda a população do globo, comunistas incluídos (o autor destas linhas também) foram educados nos milhões de mortos nos anos da direcção de Ióssif Vissariónovich Djugashvíli - Stáline.

  5. Há 20 anos (1989) foi criada na então URSS (por Gorbatchov) uma comissão multidisciplinar, composta na sua maioria esmagadora por pessoas anti regime. A sua finalidade era elaborar o primeiro estudo documentalmente baseado das repressões do regime soviético entre 1921 e 1953.

  6. Os resultados dos seus trabalhos foram publicados em 1993 na Rússia de Iéltsine. Os relatórios finais - com cerca de 9.000 (nove mil) páginas estão há disposição de quem os quiser ler e estudar.

  7. Os números revelados não foram contestados. Mas convém contextualizá-los. De 1921 a 1953 a URSS conheceu uma guerra civil. Uma invasão por 18 países. Um quase total cerco político, militar e económico. Uma guerra (1941-45) que provocou mais de 25 milhões de mortos (quase metade do total de mortos em todo o planeta durante a II Guerra Mundial) e a destruição de 1/3 da riqueza nacional. A guerra-fria.

  8. Desde então o que sucedeu está relatado no meu artigo: em 16 anos apenas uma entrevista a um órgão de comunicação social fora da Rússia. Por sinal o direitista espanhol La Vanguardia. De resto uma ignorância absoluta, um silêncio sepulcral.

  9. Nos últimos 16 anos chefes de estado, ministros, embaixadores, políticos, comentadores, analistas, jornalistas, todos a uma só voz, repetiram até à exaustão os milhões de mortos (que desde 1993 se sabem ser falsos) de Conquest, Soljenítsine, Medvedev e outros. Na mesma falsa base foram aprovadas resoluções em areópagos internacionais e em parlamentos nacionais.

  10. O essencial da «mensagem» (chamemos-lhe assim) do meu artigo está expressa na citação de um homem de direita - Rafael Poch: «(…) a guerra-fria acabou há uma década [há 16 anos] e já é hora de a propaganda dar lugar à história, e a conjectura ao documento.»

                  

O estranho caso Zemskov

     Víktor Nikoláievitch Zemskov é russo e historiador. Tem do mundo uma visão profundamente conservadora e anti-socialista: «E antes de isso [a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia], ainda que a Rússia fosse da periferia europeia, tinha sido um país civilizado. Isto é, quanto mais civilizado é um país, tanto menos desejável é a revolução pelas terríveis consequências que esta tem».

Em 1989, cumprindo uma directiva do Bureau Político de Mikhail Gorbatchov, a Academia de Ciências criou uma equipa, na qual, a par de Zemskov, participaram outros reputados historiadores russos como A.N. Dúgine e O.V. Khlévniuk. O objectivo era esclarecer as reais dimensões da repressão stalinista.

Zemskov e a sua equipa tiveram pela primeira vez acesso a um dos sectores mais secretos dos arquivos do Ministério do Interior (MDV-MGB) e da polícia de Estado (OGPU-NKVD). Os resultados do seu trabalho foram publicados na URSS e na Rússia entre 1990 e 1993, num trabalho com cerca de 9 000 (nove mil) páginas.

Os relatórios de investigação russos dão resposta a uma quantidade muito grande de perguntas. O que era o sistema correccional soviético? Qual era o número de presos, políticos e de delito comum? Quantos mortos houve nos campos de trabalho? Quantos foram os condenados à morte até 1953 e em especial durante as depurações de 1937-38? Qual era em geral o tempo de prisão?

Zemskov documentou que entre 1921 e 1953 foram «reprimidas» quatro milhões de pessoas. De entre elas, o regime soviético fuzilou por motivos políticos cerca de 800 mil pessoas, em concreto 799 455.

Longe, muito longe, dos milhões, dezenas de milhões, mais de 100 milhões, referidos por Conquest, Soljenítsine, Medvedev e outros. Seria como se de repente nos viessem demonstrar que nos campos de concentração nazis não morreram cerca de doze milhões de pessoas (mais de 3,5 milhões eram soviéticos), mas sim 1,2 milhões ou mesmo 120 mil.

Como termo de comparação refira-se que de acordo com o relatório intitulado «Prisioneiros em 2005», havia 2 193 789 pessoas presas nos Estados Unidos em Dezembro de 2005. Mais 4,1 milhões estavam presos temporariamente e cerca de 800.000 em liberdade condicional. Estes números totalizam mais de 7 milhões de pessoas — o que representa 1 em cada 32 norte-americanos adultos — que estariam sob algum tipo de supervisão do sistema prisional dos EUA. (AQUI).

Estamos, qualquer que seja o prisma de análise, perante uma verdadeira «bomba atómica» política, ideológica, jornalística merecedora de profundo debate e discussão. Mas a realidade é outra.

Sobre esta importantíssima investigação (já com mais de dezasseis anos!!!) abateu-se um silêncio de chumbo. Os meios de comunicação social votaram-na ao esquecimento. A única excepção parece ser a entrevista ao jornal espanhol, assumidamente de direita, La Vanguardia, edição de 3 de Junho de 2001, de onde são retiradas as citações (publicada no blog em português «Para a História do Socialismo»). Na Internet encontramos, literalmente, uma meia dúzia de referências. Nos meios académicos estas investigações passaram quase totalmente desapercebidas. Os relatórios foram publicados em revistas científicas de pouca venda e praticamente desconhecidas do grande público: em França na revista L'Histoire em Setembro de 1993, nos EUA na revista The American Historical Review. Conhecem-se uns escassos livros (apesar de alguns dos investigadores russos hoje viverem e trabalharem nos EUA).

Como diz o jornal La Vanguardia na edição referida: «(…) a guerra-fria acabou há uma década e já é hora de a propaganda dar lugar à história, e a conjectura ao documento.».

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação 

In jornal "Público" - Edição de 30 de Outubro de 2009

                                                                                      

Homenagem a Óscar Lopes pelo seu 90º aniversário

    No encerramento da sessão pública, promovida pela Cooperativa Árvore, de homenagem a Óscar Lopes pelo seu 90º aniversário, Jerónimo de Sousa, depois de relevar a dimensão do professor, mestre, autor, investigador ensaísta, historiador e linguista, reflectiu um sentir imenso de admiração e gratidão e terminou lembrando que «a comunidade científica e intelectual deve muito a Óscar Lopes. Mais lhe devem os trabalhadores e o povo, tal como o seu Partido de sempre».

  

Ler Texto Integral

  

90 anos de Óscar Lopes

    No dia em que se assinala o 90º aniversário de Óscar Lopes (2 de Outubro), o Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, endereçou ao militante comunista e prestigiado ensaísta, crítico literário e historiador uma saudação com o seguinte teor:

«No momento em que celebras mais um aniversário de uma vida exaltante, e procurando interpretar a grande admiração e fraternidade da Direcção do Partido para contigo – pelo homem, pelo intelectual, pelo revolucionário e comunista – recebe um imenso abraço extensível à tua companheira.

Tens dado camarada, uma inestimável contribuição na construção do Partido que temos e do Partido que somos, na conquista da liberdade e da democracia e na luta por uma nova sociedade.

O teu exemplo dá-nos força e confiança para prosseguir os muitos combates que travamos para alcançar um devir colectivo mais justo, livre e solidário neste fazer e refazer permanente da nossa acção e da nossa luta».

  

In Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

  

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