Mais de dez mil mineiros ingleses entraram em greve, juntando-se a um pequeno movimento grevista começado a 8 de Julho no condado de North Staffordshire, lutando pelo aumento de salários e diminuição das rendas das casas.
É considerada a primeira greve geral realizada num país capitalista.
Com raízes no Movimento Cartista – o «primeiro movimento revolucionário proletário amplo, verdadeiramente de massas, politicamente estruturado», segundo Lénine – a mobilização começou por ter um carácter político visando reformas e o reconhecimento de direitos como o sufrágio universal, reunindo sectores da burguesia e operários.
Com apoio nos sectores têxtil e mineiro, o cartismo conseguiu que a greve se transformasse num levantamento pela Carta do Povo, mas cedo se percebeu que as reivindicações dos trabalhadores não eram tidas em conta.
O movimento radicalizou-se, com os trabalhadores a exigirem «um salário justo para trabalho diário justo».
A burguesia, vendo gorada a sua tentativa de instrumentalização dos operários, recorreu à repressão policial, abafando a ferro e fogo a rebelião.
O proletariado foi derrotado, mas como escreveu mais tarde Engels, o cartismo tornou-se uma causa puramente operária.
Apenas em 1867 foi concedido o direito de voto aos operários das grandes cidades.
. As problemáticas que são propostas pelas sondagens de opinião são subordinadas a interesses políticos, e isso orienta muito fortemente tanto o significado das respostas como o significado que é dado à publicação dos resultados. A sondagem de opinião é, no momento actual, um instrumento de acção política; a sua função mais importante talvez seja a de impor a ilusão de que existe uma opinião pública como somatório puramente aditivo de opiniões individuais; a de impor a ideia de que existe alguma coisa que seria como que a média das opiniões ou a opinião média. A “opinião pública” que é manifestada nas primeiras páginas dos jornais sob a forma de percentagens (60% dos franceses são favoráveis a…), esta opinião pública é um artefacto puro e simples, cuja função é a de dissimular que o estado da opinião num determinado momento é um sistema de forças, de tensões, e que não há nada de mais inadequado para representar o estado de opinião do que uma percentagem.
. Sabe-se que qualquer exercício de força é acompanhado de um discurso que visa legitimar a força de quem o exerce; pode mesmo dizer-se que o que caracteriza uma relação de força é que não se tem senão a força que se dissimula enquanto tal. Em resumo, para falar com simplicidade, o homem político é aquele que diz: “Deus está connosco”. O equivalente de “Deus está connosco” é, hoje em dia, “a opinião pública está connosco”. Este é o efeito fundamental de uma sondagem de opinião: formar a ideia de que existe uma opinião pública unânime, e assim legitimar uma política e reforçar as relações de força que a fundamentam e a tornam possível.
Extrato de “L’opinion publique n’existe pas” (Quelques remarques critiques sur les sondages d’opinion) par Pierre Bourdieu - 24 octobre 2012
adaptado de um e-mail enviado pelo Cid
Não esquecer: As sondagens são instrumentos de acção política.