Neste dia 19 de Março, há 66 anos, Catarina Eufémia tombava, vítima da besta fascista.
Quando o assassino tenente Carrajola lhe aponta uma pistola-metralhadora e pergunta «O que queres, bruta?», Catarina responde «O que eu quero é pão para matar a fome aos meus filhos! Quero paz! Tenho fome.» A resposta soou em três tiros disparados à queima-roupa.
Corriam, na época, tempos de grandes fomes e heróicas lutas.
Catarina Eufémia ingressa no PCP com 24 anos e, pouco depois, fazendo parte do Comité Local, lidera a organização das mulheres da sua terra.
Nesses dias de Maio de 1954 havia um povo em greve por melhores jornas, mulheres e homens trabalhadores sujeitos a uma brutal dureza de vida - falta de trabalho, ou o trabalho de sol a sol, salários de miséria - e a total ausência de direitos, em que uma minoria de latifundiários tudo dominavam e concentravam a riqueza do que a terra produzia.
Catarina, mulher, mãe, lutadora, militante comunista. Hoje, como ao longo destes 66 anos, Catarina continua exemplo e orgulho para todos os lutadores, continuaremos a sua luta.
A economia portuguesa antes do 25 de Abril era dominada por oito grupos económicos de maior dimensão:
CUF; Champalimaud; Banco Português do Atlântico; Banco Nacional Ultramarino; Banco Borges e Irmão; Banco Fonsecas e Irmão; Espírito Santo; Banco Pinto de Magalhães
e por outros oito grupos de menor dimensão, que eram:
o BIP (Jorge Brito); o Banco da Agricultura; a Sacor; a Sociedade Central de Cervejas; o grupo Conde da Caria; a SONAP; o Entreposto; e o grupo ITT,
os quais constituíam a base apoio do fascismo no nosso país.
Estes grupos tinham uma característica que os diferenciava dos actuais. Eram grupos industriais-financeiros, ou financeiros-industriais. Estes grupos eram autênticos conglomerados, ou seja, não eram nem grupos exclusivamente industriais nem exclusivamente financeiros. Pelo contrário, estendiam a sua actividade e domínio por diversos sectores da actividade económica.
Dois exemplos concretos tornarão mais claras estas características.
«Hoje, só se aceita como verdade a denúncia das chagas do stalinismo e dos defeitos de Stáline. As tentativas de abordar objectivamente este período e a personalidade de Stáline são consideradas como apologismo do stalinismo. Mesmo assim arrisco desviar-me da linha denunciatória e manifestar-me em defesa, não de Stáline e do stalinismo, mas da sua compreensão objectiva. Penso que tenho esse direito moral, porquanto na minha verde juventude fui um anti-stalinista convicto. Em 1939 era membro de um grupo terrorista que tencionava realizar um atentado contra Stáline. Fui preso por intervir publicamente contra o culto de Stáline e até à sua morte fiz propaganda anti-stalinista clandestinamente. Depois da morte de Stáline suspendi essa actividade, guiando-me pelo princípio de que num leão morto até um burro pode dar coices. O falecido Stáline não podia ser o meu inimigo. Os ataques contra Stáline deixaram de ser punidos, tornaram-se habituais e eram mesmo estimulados. Além disso, nessa altura já tinha enveredado pela abordagem científica da sociedade soviética, incluindo a época de Stáline. De seguida exponho as principais conclusões a que cheguei, na sequência de muitos anos de investigações científicas.»