«Uma das mais importantes figuras do executivo italiano é Corrado Passera que assume o ministério do Desenvolvimento Económico, Infraestruturas e Transportes. É presidente do segundo maior banco popular transalpino, o Intesa San Paolo, e defensor do envolvimento dos bancos nos destinos económicos do país.
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A economista Elsa Fornero, considerada perita em questões relacionadas com pensões e segurança social, dirige o ministério do Emprego e da Política Social, tem ligações ao banco Intensa San Paolo.
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Por fim, uma figura ligada ao Vaticano. Trata-se de Andrea Riccardi, fundador da comunidade de Santo Egídio. É agora ministro da Cooperação Internacional.»-
Roberto Saviano é o autor de “Gomorra”, o livro que descreve as redes do clã da Camorra Casalesi, o mais poderoso e violento, na região de Nápoles. Está ameaçado de morte pelo Sistema, que é como a Camorra se assume. O filme baseado no livro, provocou ainda mais o inimigo que se apropria da marca de origem de “made in Italy”.
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euronews – O senhor explica como vários clãs mafiosos têm utilizado a construção e sector imobiliário para branquear dinheiro… Que se passa agora, durante esta crise?
R.S. – É exactamente a mesma coisa, só que a crise os deixa mais fortes, é o mesmo, porque, como denunciou a ONU (não é a minha teoria mas o estudo sobre narcotráfico), as grandes organizações mafiosas estão a entrar nos bancos internacionais que, por falta de liquidez, aceitam receber dinheiro sujo para resistir à crise. E isto é muito grave não só porque o dinheiro sujo está a entrar em bancos europeus, o que está sempre a acontecer. A questão é que ao entrarem durante a crise económica podem vir a orientar a política financeira dos bancos: quem financiar, que empresário proteger… .e, na retoma económica daqui a três, cinco anos, passa a crise e apercebemo-nos. O problema é que estamos a perder o futuro. Hoje, a Mafia, as “máfias”, estão a hipotecar o futuro deste continente.
euronews – O que é preciso para mudar isto? Imaginando que isto acontece, o que pode rebentar com o sistema, a Camorra?
R.S. – Na realidade, com esta crise, penso que o prazo para atacar estas organizações criminosas está demasiado alargado. E, finalmente, o país (Itália), não quer. Está a pensar noutras coisas, no trabalho precário, no problema das reformas, nas escutas telefónicas … e acha que o problema da Mafia é um problema entre outros. Mas não…é o Problema.
euronews – Até que ponto a criminalidade afectou, e afecta, ainda a Itália?
R.S. - Hoje, os poderes criminosos afectam principalmente a Europa. Em Itália, faz mal à economia desde os anos 90. Hoje, as economia alemã, inglesa e espanhola, estão profundamente infectadas por organizações criminosas sem que os governos desses países informem os cidadãos. Hoje, a Europa paga o preço mais elevado da presença da economia mafiosa. Só terá socialmente consciência quando for tarde demais, como em Itália.
- Sim, sabemos que este açúcar é brasileiro mas detectámos que as limas com que afiaram os machetes que cortaram a cana que o produziu contêm 1% de níquel cubano!... Por isso aplicaremos a lei Helms-Burton, okey?