Ana Gomes, que apoia a NATO (1) e a guerra no Afeganistão (2) (e, consequentemente, apoia todas as atrocidades que aí se cometem) mas que, por desfastio, é contra os voos da CIA, teve um ataque de ciúmes. Também não admira: teve conhecimento de uma missiva que uma amiga comum enviou usando ternas palavras sobre o seu Amado (Luís)!
Fosse pela generalidade da comunicação social e a candidatura de Francisco Lopes não se estaria a afirmar da forma como está. Na verdade, não fosse a intensa intervenção da candidatura nas últimas semanas – com o candidato a correr o País de lés a lés e com muitas acções de campanha sem a sua participação –, e seriam muitos os portugueses que pensariam que a disputa eleitoral se resumirá a Cavaco Silva e a Manuel Alegre, tal é o silenciamento a que é votada a candidatura comunista. Este é, aliás, o traço mais saliente da cobertura mediática das eleições presidenciais de 23 de Janeiro próximo.
Numa estranha concepção de «jornalismo», as três estações de televisão conseguiram a proeza de cobrir o primeiro comício da candidatura de Francisco Lopes, realizado a 29 de Outubro no salão da Voz do Operário, em Lisboa, sem mostrar uma única imagem do candidato. Para esconder, como é evidente, o projecto ímpar de ruptura e de mudança de que é portador. Se dissermos que este é apenas um exemplo (particularmente chocante, é certo, mas apenas um) deste silenciamento a situação ganha contornos de escândalo.
Aliás, das raras vezes (tendo em conta o elevado número de iniciativas em que tem participado) em que lhe tem sido dada visibilidade é apenas e só para comentar declarações dos outros candidatos, nomeadamente Cavaco ou Alegre, que assim continuam a marcar a agenda, mesmo quando nada fazem ou dizem.
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Mostrar o que interessa aos poderosos
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O silenciamento da candidatura de Francisco Lopes contrasta com a autêntica «passadeira vermelha» mediática que é estendida a esses dois candidatos. Assim, assistimos à entronização diária de Cavaco Silva que, de entre os actuais responsáveis políticos, é dos que mais responsabilidades tem na situação do País, quer pela sua demolidora (para Portugal) passagem por São Bento ao longo de uma década quer pelo seu mandato presidencial. Mas nada disto importa aos donos dos grupos económicos que controlam os media a quem interessa que Cavaco Silva continue a não ser confrontado com o seu passado e com os seus compromissos actuais com a minoria que ganha – e muito – quando a imensa maioria do povo perde e sofre...
Também Manuel Alegre não tem razão de queixa da cobertura noticiosa de que é alvo. O candidato do PS apoiado pelo BE tem tido espaço mais do que suficiente para explicar (ou pelo menos tentar) as suas contradições. E não faltam as câmaras e os microfones quando se mostra contra o Orçamento do Estado e defende a sua aprovação; quando «compreende» a Greve Geral e os seus motivos e se esforça por defender o Governo e a sua política, que justificam o recurso a essa forma de luta; ou quando se considera acima dos partidos (imitando nesta matéria Fernando Nobre, que não terá razões de queixa relativamente à sua presença na comunicação social) apesar de ser não só apoiado por dois mas ser também, de todos os candidatos, o que mais refém está da política do Governo do PS.
É fácil de perceber que o silêncio a que a candidatura de Francisco Lopes é remetida se relaciona com a afirmação que faz da necessidade e possibilidade de uma outra política, patriótica e de esquerda, que rompa decididamente com a política de direita. Uma política que, a ser efectivada, poria em causa a imoral acumulação de lucros dos principais grupos económicos – precisamente aqueles que controlam a generalidade dos órgãos de comunicação social.
(sublinhados meus)
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In Jornal «Avante!» - Edição de 18 de Novembro de 2010
Logo aí notámos a presença de figuras como Augusto Santos Silva e Ana Gomes, a nata da NATO em Portugal, "afegãos" até ao osso, e a ausência lamentável de outros, igualmente notáveis, como Luís Amado e Fernanda Câncio.
Esta última compreende-se que não esteja porque deve ter partido, de camuflado e botas, à espadeirada, para o Iraque. Pelo menos é o que se deduz da sua enigmática despedida de 13 de Agosto: «até amanhã, no Iraque». Mas não partiu sem antes nos confidenciar: «confesso: apesar de não ter a menor estima por Bush e de não ter comprado a treta óbvia das armas de destruição maciça, apoiei a invasão americana». E, entre acenos e suspiros, desabafou: «quero acreditar que não morreu tanta gente - iraquianos e ocupantes - para nada».
Mas outra presença de relevo na Comissão Política é José Vera Jardim, o deputado do PS e Vice-Presidente da Assembleia da República. Sim, esse mesmo que, quando o PCP pretendeu «interditar, com efeitos imediatos, o nosso espaço aéreo a todo e qualquer voo com origem ou destino em Guantánamo», disse que tal era um «absurdo». Não acredita? Ora leia aqui: Os voos secretos da CIA e os campos de concentração dos EUA (BBC).
Mas, dirão alguns leitores, o que é que Manuel Alegre e a sua Comissão Política têm a ver com a NATO e a respectiva Cimeira?
Nada têm a ver se forem apenas uma agremiação recreativa, para organizar uns bailes, umas patuscadas, ou até, irem ver jogar o Benfica.
Mas, se, por mero acaso, a ideia for colocar Manuel Alegre na Presidência da República, aí o poeta vai ter que tomar posse se for eleito. E...
1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.
2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
“Passados 40 anos, com a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, foi anunciado o fim da «guerra-fria». A NATO teria perdido os fundamentos da sua existência à luz da sua obsessiva estratégia anti-comunista. Mas entretanto a fisionomia do mundo havia-se alterado profundamente, sob a acção do bloco socialista, do «movimento dos não alinhados», a descolonização, e a resistência da América Latina às ofensivas subversivas da América do Norte. Para além do que a NATO alimentava intenções mais amplas e profundas, que até aí não ousara confessar.”
No passado domingo, dia 7, o candidato comunista Francisco Lopes esteve no nosso distrito, em Mangualde. De manhã participou com os seus apoiantes numa arruada que percorreu algumas artérias da cidade e numa visita à Feira dos Santos.
A alegria e satisfação visíveis no rosto dos apoiantes depressa se transmitiram à maioria daqueles que recebiam o desdobrável da candidatura. Incentivos, manifestações de afecto, declarações de apoio foram constantes por parte da muita população que se encontrava na «Feira das Febras». Durante toda a arruada o número de apoiantes não parou de crescer. Houve mesmo quem achasse oportuno comparar a recepção e a numerosa comitiva que acompanhava o candidato Francisco Lopes, com a desolação e falta de apoio manifestada na véspera, no mesmo concelho, a outro candidato (Manuel Alegre).
No almoço que se seguiu o entusiasmo foi ao rubro com a maior mobilização dos últimos anos para uma iniciativa eleitoral comunista. Francisco Lopes, empolgado com o ambiente de grande entusiasmo que se vivia na sala, brindou os presentes com uma intervenção onde expôs, um por um, todos os principais aspectos programáticos da sua candidatura.
Demonstrado ficou, disse, que esta é a única candidatura que não está comprometida com a política de direita. E que tem na agenda, como questão principal, os problemas dos trabalhadores e das populações, agindo no sentido da sua resolução.
Francisco Lopes afirmou, sem rodeios, que a sua candidatura «não é de maneira nenhuma uma candidatura dos interesses de todos os portugueses. Não assumo de maneira nenhuma os interesses da exploração, da especulação, da decadência e da corrupção.»
Esta é, salientou, uma candidatura que assume os interesses de todos os sectores e de todas as camadas do Povo português. Porque todas elas, menos os grandes grupos económicos e financeiros, estão a ser fustigadas por esta política e por este rumo de afundamento do país e de injustiças sociais.
Interrompido várias vezes pelas ovações da assistência Francisco Lopes não esqueceu as grandes questões relativas ao desenvolvimento do distrito de Viseu: o apoio à agricultura familiar. O necessário combate à desertificação. A ligação ferroviária à cidade de Viseu. Os direitos sonegados aos trabalhadores, nomeadamente aos da PSA Peugeot-Citröen. As ligações rodoviárias por construir. A intenção do governo de portajar a A24 e a A25. Os ataques do governo ao Serviço Nacional de Saúde com o encerramento dos SAP’s. O encerramento de centenas de escolas do primeiro ciclo bem como de outros serviços públicos em vários concelhos do distrito.
Esta foi uma clara demonstração de que esta candidatura está em crescendo, numa dinâmica que se vai manter até ao voto em 23 de Janeiro de 2011.
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação
Quer dizer que, para Manuel Alegre, são a «crise», os «nossos escassos recursos» e a «importância» e a «urgência» da situação na Guiné a justificação para que não se envie mais tropas para o Afeganistão... Não houvesse esses obstáculos...
E, até agora, que se saiba, Manuel Alegre, ainda não disse mais nada. Quando se procura saber o que ele pensa da(s) guerra(s) apenas se encontram referências aos anos 60 como nesta notícia de 8 de Março de 2010: Alegre voltou ao local onde viveu a guerra. Não há nada a opor a queManuel Alegrevisite os locais onde viveu dos momentos mais dramáticos da sua vida. Mas seria interessante que se pronunciasse também sobre as guerras actuais e sobre a NATO. É que já não se trata de desalojar Américo Tomás de Belém e as eleições são em 2011 e não em 1965 ou em 1972...
E Fernando Nobre? Defenderia ele a «ruptura» do título deste texto? Fomos ver o Curriculum Vitae de Fernando Nobre. Aí se escreve que ele foi «orientador, enquanto representante de uma ONG, num exercício prático militar a convite do Comando da Nato em Oeiras, visando uma análise crítica sobre um cenário de guerra (Darfur) – gestão de crise, assistência humanitária e construção da paz.»
Seja-nos permitido concluir que Fernando Nobre nunca defenderia uma ruptura com a submissão ao imperialismo e à NATO.
Quanto a Defensor de Moura não há registo de que se tenha pronunciado sobre as guerras imperiais em curso, sobre a NATO, etc.
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Quem defendeu então a «ruptura» de que se fala neste "post"?
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Foi Francisco Lopes, candidato à Presidência da República, que, em duas ocasiões, defendeu uma ruptura com a submissão ao imperialismo e à NATO. Os textos são estes:
«Esta candidatura não tem hesitações, não alimenta equívocos, nem formula juízos ambíguos sobre as orientações, as soluções ou o rumo indispensáveis para resgatar o País do declínio para que está a ser conduzido. Mudança de política, ruptura com o rumo dominante na política nacional, afirmação de uma política alternativa – eis o que, com toda a clareza, se inscreve como objectivos necessários ao povo e ao País. (...)
Um rumo de ruptura com a natureza do processo de integração europeia e com a postura de submissão ao imperialismo e à NATO, que integre um quadro diversificado de relações internacionais, e contribua para um mundo mais justo, de paz e cooperação, onde seja assegurado aos trabalhadores e aos povos o direito a decidirem do seu próprio destino.»
Confesso que ando fascinado, diria mesmo sensibilizado, com tanto desvelo. De repente analistas, jornalistas e comentadores andam numa lufa-lufa que só visto, ouvido e lido. Ele é análises e contra-análises. Ele é propostas e contrapropostas. Tudo com um só objectivo: assegurar uma votação histórica do candidato comunista às eleições presidenciais. Quiçá mesmo vencê-las!
Mas de repente, vá-se lá saber porquê, veio-me à ideia aquela conhecida frase: «Sob o manto diáfano da fantasia a nudez crua da verdade.» E desci à terra!
A perturbação causada em diferentes sectores (à esquerda e à direita) do espectro político pela apresentação da candidatura do dirigente comunista Francisco Lopes é evidente. Porque será?
Será pela análise que faz à situação do país e às suas causas? Será pelas soluções que aponta para a resolução dos problemas existentes? Será por querer dar voz aos trabalhadores e ao povo de Portugal, protagonistas da ruptura e da mudança cada vez mais necessárias? «Eles» sabem muito bem que sim!
Os argumentos dos adversários confessos, visando desvalorizar esta candidatura, são múltiplos e variegados. Desde logo, as baixas e soezes, na forma e no conteúdo, referências quer à origem social, quer às habilitações literárias de Francisco Lopes. Apetece dizer que o (des)governo dos «doutores» e «engenheiros» é que conduziu Portugal ao actual estado de coisas.
Depois vêm os chavões do costume, típicos argumentos ad nauseam.
«Homem do aparelho», proclamam. Cavaco Silva, Francisco Louçã, Mário Soares, Jorge Sampaio não foram - ou são - dirigentes partidários? E Manuel Alegre? Ou será que ser do aparelho só é mau se o aparelho for o do PCP?
«Ortodoxo», berram aos quatro ventos. E não disseram ou escreveram o mesmo sobre os outros candidatos comunistas em anteriores eleições presidenciais?
«Perfeito desconhecido» do país e do eleitorado. A sério? Então expliquem lá onde foram buscar, de uma hora para a outra, tantas informações quanto aos seus supostos deméritos? A algum Espírito Santo de orelha?
Perante tais «argumentos», seria lógico e natural que festejassem e aplaudissem a candidatura de Francisco Lopes. Mas não o fazem. E sabem muito bem porquê. E nós também...
A realidade é outra. E está toda ela na declaração de candidatura de Francisco Lopes, sintomaticamente silenciada na comunicação social dominante.
Aí se afirma que o declínio nacional, a descaracterização do regime democrático e o ataque à soberania e independência nacionais marcam hoje a realidade do país. E que há responsáveis: o PS e o PSD, com ou sem o CDS, que durante mais de três décadas partilharam alternadamente a governação em confronto com os valores de Abril.
Aí se sublinha que este caminho de retrocesso e desigualdades sociais contrasta com a escandalosa protecção e apoio dados ao grande capital e ao aumento dos seus colossais lucros. Que esta situação exprime as contradições do sistema capitalista mundial e o peso cada vez mais negativo do processo de integração europeia. E que este é um caminho inaceitável.
Aí se destaca que esta candidatura exprime a exigência de uma profunda ruptura e de uma efectiva mudança em relação às orientações políticas seguidas nas últimas décadas. E se afirma, sem hesitações, que há um outro rumo e uma outra política capazes de responder aos problemas nacionais. E se apresentam as grandes linhas desse rumo.
Qual das outras candidaturas, já apresentadas ou por apresentar, pode - falando verdade - dizer o mesmo? Alguém dá um passo em frente para responder afirmativamente? Ao leitor a possibilidade de decidir.
In jornal "Público" - Edição de 17 de Setembro de 2010
Bem, se o PCP tivesse dito a frase do título seria logo insultado... Mas não, não foi o PCP.
O PCP disse isto, por exemplo:
«Os primeiros seis meses de vida do Governo do PS confirmaram não apenas a persistência nas mesmas opções e orientações políticas comprometidas com o interesse do grande capital e que tem conduzido ao agravamento dos problemas do país, como a intenção de prosseguir de forma agravada como o evidenciam o Orçamento de Estado para 2010 e a apresentação e discussão do Programa de Estabilidade e Crescimento.»
«O Governo PS e o capital tentam apresentar como inevitável uma política que, ditada pela alienação de sectores estratégicos, pela mercantilização de serviços públicos essenciais à vida das populações e pela liquidação da capacidade produtiva, se traduzirá no final de 2013 numa situação económica e social ainda pior.»
Ouviram? Mário Soares disse: «Houve um momento em que os próprios Partidos Socialistas foram um pouco colonizados (e digo isto entre aspas: "colonizados") pelo neoliberalismo americanono tempo do Bush».
Mas este gigante da política nacional, Mário Soares, já tinha afirmado coisa parecida em 6 de Setembro de 2009:
«Acho que começa a haver uma reacção muito positiva mesmo dentro dos partidos socialistas europeus que forammuito colonizadospelo neoliberalismo.»
Para começar, foram muito colonizados ou foram um pouco colonizados? Ó Dr. Mário Soares, decida-se, não nos deixe nesta angústia! E como é que é ser colonizado-com-aspas?
Depois, Mário Soares afirma que foi «no tempo do Bush». No tempo do Bush-pai, do Bush-filho, do Bush-Clinton ou do Bush-Obama? Ou de todos os Bushes anteriores?
Ora vamos lá a ver qual era o Bush que colonizava (com aspas ou sem aspas?) o PS no tempo em que Mário Soares visitava Carlucci no «ninho do corvo» (lembra-se, Dr. Soares?). Era Gerald Ford, aquele presidente que nem sequer tinha sido eleito, visto ter substituido Spiro Agnew e, depois, Richard Nixon.
E agora, com Obama? Não foi já este Governo do PS que mandou tropas de combate para o Afeganistão?
Vamos lá perguntar a opinião ao «amigo» de Mário Soares, Manuel Alegre:
«Esperava-se então que fosse a hora do socialismo democrático. Mas o que veio foi a globalização neoliberal. Com os socialistas na defensiva ou ideologicamente colonizados.»
Está ver, Dr. Soares? Afinal o seu «familiar» está praticamente de acordo consigo! O meu palpite é que vocês andam zangados porque ambos querem mostrar que «restauram» melhor a aparência do PS!
E o que diz Mário Soares de Manuel Alegre, na citada entrevista à Antena 1? Ouçamos:
«[Manuel Alegre] esteve durante muito tempo, enquanto deputado (...) a condenar e a criticar de uma maneira dura e de uma maneira, às vezes, difícil o Partido Socialista».
Mas, ó Dr. Mário Soares, o senhor faz uma crítica, que se pode dizer implacável!, ao PS (que «foi colonizado pelo neoliberalismo americano») e depois vem censurar o Manuel Alegre?
Bem, como diz Aguiar Branco citando Lénin: O que é que se há-de fazer? [Isto não vem a propósito mas fica sempre bem uma citação]