O capitalismo de Estado é um regime económico em que o Estado intervém como um proprietário privado solidário e comum, como um detentor associado de propriedade privada que exprime o interesse dos proprietários privados.
No nosso país muitos gostam de repetir o pensamento de V.I. Lénine de que o monopólio capitalista é a preparação material completa para o socialismo. Mas não se pode entender isto de uma forma simplista, como se bastasse chegar ao poder, nacionalizar a grande indústria capitalista para se obter logo o socialismo.
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Ora os princípios de formação de rendimento na propriedade socialista e na propriedade burguesa são directamente opostos, antagónicos, mesmo quando a propriedade burguesa se reveste da forma estatal.
Com efeito, a propriedade burguesa pode ser socializada completamente e conservar, no entanto, o seu carácter explorador.»
Tatiana Khabarova, Doutorada em Ciências Filosóficas
«O artigo que publicamos, de Elias Jabour, suscita questões muito polémicas sobre o modelo de desenvolvimento pelo qual a China optou e a estratégia a ele subjacente. odiario.info divulga-o pela importância do tema, o que não significa concordância com muitas das opiniões do autor, um prestigiado académico, militante do Partido Comunista do Brasil»
O sucesso do modelo mercantil sob orientação socialista na China suscita o necessário resgate de uma elaboração científica da Economia Política do socialismo. Não somente isto. O êxito chinês bem analisado pode servir à contraposição ao senso comum – nascido na década de 1930 – e que se exacerbou na década de 1990 acerca da inviabilidade econômica do socialismo. Como ressalva inicial - antes do debate teórico em si -, vale mencionar que o modelo em curso na China encontra fortes convergências com a Nova Política Econômica (NEP) apresentada por Lênin no final da década de 1910. Entre as principais convergências podemos destacar: 1) superestrutura de poder popular; 2) concentração da propriedade estatal e/ou coletiva restrita aos setores com alto grau de monopólio; 3) estatização do comércio exterior; 4) internalização de tecnologia avançada a partir de concessões à investimentos estrangeiros; 5) permissão à comercialização de excedentes agrícolas, dando margem a: A) a uma divisão social do trabalho marcada por relações favoráveis à agricultura em relação à cidade; B) transformação de recursos ociosos na agricultura em poupança inicial à modernização industrial do país.