No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher o MDM – Núcleo de Viseu em parceria com o IPDJ promove a exposição “Na Palestina – Rostos de Mulheres que resistem e lutam” que está patente ao público no IPDJ de Viseu –Piso 1 - até 31 de Março.
Esta exposição evocativa do Dia Internacional da Mulher tem por base uma visita realizada à Palestina por uma delegação onde o MDM esteve integrado e que tem como objectivo dar a conhecer a realidade da vida das mulheres na Palestina.
Convidamo-la/o a partilhar algumas das impressões desta extraordinária viagem e a conhecer melhor a situação dramática em que vivem estas mulheres, lutando pelo seu país livre.
Em parceria com o Movimento Democrático de Mulheres, o Núcleo do Curso de Educação Social da ESEV (Escola Superior de Educação de Viseu), promoveu dia 4 uma palestra subordinada ao tema “Desigualdade de Género”.
A iniciativa, que contou com a representação de três monólogos da autoria de Eve Ensler, num gesto de sensibilização para a violência exercida sobre as mulheres. Ainda que aberta à comunidade, a acção destinou-se sobretudo a alunos que frequentam o Curso de Educação Social naquela Escola Superior.
Filomena Pires, dirigente nacional do MDM, falou do estatuto de menoridade e subjugação vivido pelas mulheres anteriormente à revolução dos cravos, para justificar a criação do movimento de mulheres mais antigo em Portugal. Referiu o contributo dado ontem e hoje, por este movimento, em prol da emancipação feminina, da dignificação da mulher. Foram muitos os exemplos apontados: no que respeita ao trabalho, à família, à saúde sexual e reprodutiva, à segurança social, a infraestruturas e equipamentos sociais, direitos cívicos e políticos. Afirmou ainda que a situação actual das mulheres, no país e em Viseu, é muito preocupante: a igualdade na lei está longe de ser conquistada mas, na vida, a realidade é ainda mais preocupante. A pretexto da crise, as mulheres vêem perigar direitos humanos básicos, assistem a retrocessos civilizacionais, à privação de direitos que anos e anos de luta permitiram consagrar.
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Ilustrando deste facto, Luísa Almeida, abordou a questão da desigualdade no mundo do trabalho, apresentou dados oficiais que surpreenderam a plateia. Apesar de toda a legislação produzida em prol da igualdade entre homens e mulheres, a desigualdade salarial é gritante, a igualdade de oportunidades uma quimera.
Vera Silva falou de um fenómeno social com grande expressão no distrito de Viseu: a questão da violência exercida sobre as mulheres. Centrando-se sobre a violência vivida nas relações de intimidade, e tornou claro que há um imenso trabalho a desenvolver neste âmbito. Lembrou ainda tratar-se de um crime público que todos os cidadãos têm obrigação de denunciar.
Dílio Francisco, representando o Centro Humanitário de Viseu, apelou à participação voluntária dos jovens presentes.
“E o que podemos fazer para evitar o retrocesso nos direitos, preservar Abril, dignificar a vida das mulheres?” palavras de uma aluna, ditas perante a justificação que Filomena Pires apresentou para que, ainda hoje, existam movimentos de mulheres. Resistir, participar, intervir, consciencializar, são tarefas inevitáveis para o cumprimento desse objectivo.
Para que nunca mais seja permitido ao marido matar a mulher em flagrante delito de adultério ou uma mulher tenha de ter autorização do marido para desenvolver uma actividade remunerada. Porque os direitos são conquistados pela luta organizada, Filomena Pires deixou o apelo a que as jovens presentes se juntem a uma causa que é de todas as mulheres, de toda a sociedade que se tome por civilizada.
“Ah, amigas! A liberdade é um bem tão precioso!” palavras de Hermínia Sousa Santos, ontem, 26 de Abril, ditas por Rosa Oliveira e Ana Lopes, perante algumas dezenas de participantes na Tertúlia Mulheres de Abril.
Integrada nas comemorações populares do 25 de Abril em Viseu, esta iniciativa promovida pelo MDM – Viseu, abriu com uma História de Luta e de Coragem, uma história real ocorrida a 13 de Abril de 1964, em pleno regime ditatorial. O relato arrepiante de uma prisão realizada pela PIDE. A descrição dos dias passados por uma mãe e o seu bébé na cadeia de Caxias, retrato da profunda desumanidade fascista.
Seguiu-se a actuação das «Segue-me à Capela» que, recriando ambientes sonoros de trabalho, romaria e folia, mostraram que a música também é resistência. O canto de raíz popular, belíssimo na harmonia das vozes e na alegria sincera que trouxeram, foi um hino de homenagem a muitas mulheres anónimas que lutaram e lutam pela afirmação da voz e da identidade femininas. Vozes de Mulheres de Abril que cantando afirmam a identidade portuguesa.
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“É que o povo é que faz a história” como disse Margarida Barbedo, falando da sua experiência como militante clandestina de um partido político, o único que se manteve em actividade, durante os negros dias salazaristas, o Partido Comunista Português. Foi um relato recheado de afectos, a lembrar momentos significativos de um percurso de vida marcado por actos de resistência. Uma excelente ilustração da coragem necessária para ser mulher, para se ser mulher militante quando o crime é apenas pensar que é possível um mundo mais justo e mais humano.
Foi também esta coragem que António Vilarigues evocou ao falar de sua mãe, Maria Alda Nogueira, figura incontornável da resistência ao fascismo. Lembrou a mulher de Abril, que dedicou a vida à luta pela igualdade, pela justiça social e pela paz, a mulher MDM. Mas também a aluna brilhante da Faculdade de Ciências, que trocou o trabalho com Irène e Frédéric Joliot-Curie, pela clandestinidade, tendo passado 9 anos nas cadeias da ditadura. António Vilarigues viveu a dura experiência de a visitar na prisão, onde apenas três vezes em cada um dos anos era possível o contacto físico, momentos raros consentidos pela PIDE. Aos dezassete anos, é a vez de ele próprio ser levado a uma vida clandestina durante a qual nasceu a sua filha mais velha, cuja mãe, a jornalista Lígia Calapez, também conheceu a dureza das cadeias políticas. A prisão e a clandestinidade marcaram toda a sua vida, mas também o exemplo da coragem no feminino.
Maria José Gomes, que integra o Conselho Nacional do MDM, evocou nomes como Virgínia Moura e Maria Keil, entre muitas outras mulheres de Abril. Falou das muitas mulheres anónimas que não desistiram nunca de enfrentar a repressão, clamaram pela liberdade de expressão, o fim da guerra colonial, disseram não aos trabalhos penosos e à exploração, ao papel de menoridade atribuído às mulheres. Lembrou a importância que o MDM desempenhou na organização da luta das mulheres antes da revolução dos cravos, falando também da sua passagem pelas cadeias da PIDE. Num apelo a que as mulheres de Viseu se unam na luta pelos seus direitos, afirmou que não basta evocar o passado, é preciso ter presente que os tempos que vivemos são também de combate à desigualdade consequente à austeridade que afecta profundamente a vida das mulheres portuguesas.
Filomena Pires, moderadora da tertúlia, encerrou a iniciativa reafirmando esta ideia e convidando todos os presentes a visitar as exposições MDM que, nas instalações do IPDJ, celebram o 25 de Abril e o 1 de Maio: “Passos de desigualdade” e “Um Século de Luzes e Sombras”.
Evocando o Dia Internacional da Mulher, decorreu no dia 7 de Março, nas instalações do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) em Viseu, uma tertúlia que reuniu mais de meia centena de mulheres e homens, dispostos a reflectir as questões da igualdade, da discriminação e emancipação da mulher.
Em ambiente de festa, o grupo feminino Girafoles, deu o toque para a abertura das intervenções, um poema de Manuel Sá Correia, a tonalidade para as muitas palavras ditas no feminino e no masculino e as exposições envolventes, o colorido próprio da festa que este dia também deve ser.
Foram quinze as oradoras convidadas, com diferentes idades e profissões, singulares percursos de vida, divergentes posturas face à problemática da discriminação das mulheres. Todas elas afirmaram que, “se não fossem mulheres…gostariam…de ser mulheres!”, valorizando este estatuto, apesar de questionarem os papéis que socialmente lhe estão associados.
Em debate vivo, foram abordados os caminhos difíceis da conciliação entre a vida profissional e a vida familiar, as resistências no acesso ao poder e cargos de chefia, a luta travada pela afirmação em contextos de trabalho onde predominam os homens, a violência instalada no quotidiano de muitas mulheres. Não faltou a referência ao desemprego, à precariedade, à repressão exercida pela cultura reinante predominantemente masculina.
Foi fácil concluir que há domínios profissionais, os mais feminizados, onde é mais difícil perceber os sinais da discriminação mas também que, ser mulher e exercer poder, não significa, só por si, respeitar direitos essenciais à mulher, enquanto pessoa humana.
Muitas outras mulheres foram convidadas a dar o seu depoimento mas, por razões que se prendem com a interiorização profunda da desigualdade instituída, entenderam não estar presentes. Eram mulheres com fracos níveis de escolaridade, trabalhadoras não especializadas, a quem a sociedade por norma dá menor atenção e protagonismo, que são repetidamente excluídas, tendo por isso mesmo a sua participação cívica diminuída e a quem é preciso dar visibilidade e voz.
Inevitável, perante isto, é perceber que a desigualdade entre homens e mulheres é apenas uma face da desigualdade que estrutura a sociedade portuguesa e que atira para a margem uma parte significativa dos cidadãos e cidadãs, homens e mulheres de corpo inteiro, força activa e interventiva na construção de um país que é de todos os portugueses mas que é afinal mais de uns que de outros.
Entre o público, encontrava-se uma turma de alunos do Agrupamento de Escolas de Penalva do Castelo a quem foi lançado o desafio de trabalharem para a construção de um “Manta de Retalhos”, em representação daquele agrupamento.
Este apelo é extensivo a todos quantos se desloquem àquelas instalações, e queiram colaborar com este projecto do MDM – Núcleo de Viseu.
A finalizar este evento, ficou a promessa de multiplicar conversas pois em cada intervenção realizada trazia o desafio para muitas outras tertúlias bem como o apelo ao envolvimento da sociedade em acções que diariamente contribuam para esbater as desigualdades.
As próximas iniciativas estão já agendadas para o mês de Abril, mês da resistência e da conquista da liberdade.
Ser mulher em Portugal significa ser o rosto da pobreza das famílias, ter as mais baixas reformas e pensões, ter a maior taxa de privação material, ser mais de metade dos beneficiários de prestações de desemprego, auferir em média um subsídio de desemprego dos mais baixos, ter a maior precariedade no emprego, ter maior jornada de trabalho diária, ser despedida ou impedida no acesso ao trabalho por engravidar ou por exercer os direitos de maternidade.
Teremos atingido a igualdade?
Ser mulher e jovem em Portugal significa estar entre as mais qualificadas no emprego e apesar disso, ter de emigrar. Ser mulher significa estar entre as camadas mais vulneráveis, ser mais empurrada para a exclusão social, ser mais vítima da violência física e psicológica no seio da família, ser mais vítima de assédio no local de trabalho.
Teremos atingido a igualdade?
É às mulheres que mais cabe dar a cara quando falta o dinheiro para pagar a creche, fazer o impossível na gestão do orçamento familiar para que haja comida na mesa dos filhos. São elas quem mais paga a factura da austeridade.
No entanto elas dão um incontornável contributo para o desenvolvimento do país, são a força, a coragem e a esperança em dias melhores.
O dia 8 de Março lembra que os homens e as mulheres devem ter direitos iguais no trabalho, na participação cívica e política, no acesso ao desporto e à cultura. Lembra também que foi a luta das mulheres organizadas que lhes permitiu conquistar direitos elementares da pessoa humana.
Em 2013, deve ainda levar as mulheres a afirmarem que a austeridade não é caminho para a igualdade, que a redução de direitos, a destruição da protecção social, do sistema nacional de saúde e da escola pública, não constitui caminho para a igualdade. Devem as mulheres lembrar que há soluções alternativas credíveis e indispensáveis, que é preciso mudar de política e de governo, romper com a rota da crise, retomar Abril!
Evocando esta efeméride o MDM - Núcleo de Viseu, em parceria com o IPDJ, promove um conjunto de iniciativas que podem ser conhecidas AQUI e AQUI.
Foi no passado dia 2 de Fevereiro que o Movimento Democrático de Mulheres – Núcleo de Viseu rompeu silêncios, trazendo à discussão aspectos que considera como estruturais ao universo da prostituição.
Sandra Benfica e Lúcia Gomes, perante numeroso público atento e participativo, tornaram evidente a grave violação de direitos humanos que a prostituição constitui, uma forma de escravatura incompatível com a dignidade da pessoa humana, um negócio altamente rentável alimentado pelos filhos da pobreza.
Apresentada a prostituição como fenómeno social e não como acto individual, foi possível concluir que ela é uma realidade indissociável das desigualdades sociais e das desigualdades entre mulheres e homens. Na sua origem surgem factores que estão intimamente ligados ao aumento da insegurança económica, ao risco de desemprego e pobreza, assim como a banalização de práticas vexatórias contra as mulheres. Foi também evidenciada a íntima ligação existente entre o sistema prostitucional e o tráfico de mulheres e crianças, uma actividade ilegal e criminosa que rende anualmente, segundo estimativa das Nações Unidas, entre cinco e sete mil milhões de dólares, rivalizando com o tráfico de drogas e armamento. Uma mulher pode ser vendida/usada 50 vezes por dia, podendo ser explorada a níveis não imagináveis, numa desumana e violenta escravatura. Em países que já legalizaram a prostituição, como no caso da Alemanha, o tráfico aumentou e veste a roupagem da legalidade através de vistos de trabalhadoras imigrantes.
Foi ainda referido que nos países onde a “indústria do sexo” foi promovida a negócio legítimo, os proxenetas passaram a respeitáveis homens de negócios enquanto a situação das mulheres e crianças registou agravamento de todas as formas de exploração e violência a que estão sujeitas.
Falando do combate necessário, o caminho apontado foi no sentido de eliminar as causas prevenindo e reduzindo o tráfico. Coordenar esforços internacionais contra as redes, sensibilizar e informar, melhorar as políticas de intervenção. São urgentes soluções jurídicas e de protecção social, numa perspectiva de acção integrada direccionada à dignidade das mulheres e de todas as vítimas de tráfico, envolvendo a adequada protecção social, apoio médico e medicamentoso e protecção judiciária, nomeadamente a concessão imediata de apoio jurídico, criar condições reais de emancipação. Uma responsabilidade que cabe acima de tudo a quem governa.
Brevemente o MDM – Viseu voltará a promover outras iniciativas em defesa dos direitos das mulheres.
O Movimento Democrático de Mulheres – Núcleo de Viseu vai realizar no próximo Sábado, dia 2 de Fevereiro, pelas 21 horas no Lugar do Capitão, uma conversa/debate que terá como tema a «Exploração na Prostituição – Facetas do Negócio e da Violência Sobre as Mulheres».
A iniciativa conta com a presença de Sandra Benfica coordenadora do Projecto «MDMTráfico de Mulheres - Romper Silêncios» e Lúcia Gomes, jurista, Membro da Direcção Nacional do Movimento Democrático de Mulheres.
Conta ainda com as palavras ditas por Ana Lopes e Molhe de Grelos e a música dos Rayband.