Há meio século consumou-se uma das grandes chacinas da História.
A partir de Outubro de 1965, os militares indonésios, com o apoio activo e directo do imperialismo norte-americano, massacraram cerca de um milhão de comunistas, sindicalistas e membros dos poderosos movimentos de massas indonésios.
O genocídio indonésio é um dos mais sangrentos episódios da grande guerra de classes mundial com que o imperialismo procurou conter e derrotar o ascenso do poderoso movimento de libertação nacional e social da segunda metade do Século XX, sob o impacto da derrota do nazi-fascismo e do prestígio imenso da União Soviética e do movimento comunista internacional.
O genocídio indonésio é exemplo gritante de como a barbárie imperialista dos nossos dias não é um fenómeno novo, mas sim uma característica intrínseca e permanente da dominação imperialista.
Como afirmou em 1967 o ex-Presidente dos EUA Richard Nixon, «com o seu património de recursos naturais, o mais rico da região, a Indonésia é o maior tesouro no Sudeste asiático».
Para se assenhorear deste 'tesouro', o imperialismo afogou em sangue o povo indonésio.
Dez anos mais tarde, os militares 'pró-ocidentais' indonésios desencadeavam novo genocídio contra o povo de Timor-Leste, mais uma vez em coordenação estreita com o imperialismo norte-americano.
O imperialismo norte-americano manobra, procurando adaptar-se a uma situação crescentemente desfavorável que não previu.
Como sempre, a realização de eleições é um bom momento para mudanças de agulha que o establishment considere necessárias. Trate-se de engolir colossais desaires como na Coreia ou no Vietnam ou de tirar partido das derrotas do socialismo para se lançar na contra ofensiva global que vivemos desde finais da década de oitenta. Ofensiva que entretanto, apesar das regressões de civilização verificadas e das guerras de rapina desencadeadas, não logrou alcançar os resultados esperados pelos seus promotores. A tentativa dos EUA de instaurar a «nova ordem» mundial proclamada por Bush pai está a desacreditar a imagem dos EUA/Bush filho. É então necessário «mudar».
William McKinley, candidato republicano às eleições presidenciais de 1900, baseou grande parte de sua plataforma na idéia da responsabilidade dos Estados Unidos pelos territórios então tomados à Espanha. Alegando a necessidade da defesa desses novos territórios, McKinley alertava para a urgência de se acabar com as insurreições armadas nesses locais e, assim, conferir as "bênçãos" da civilização aos povos libertados. Twain tratou do assunto neste que é um de seus mais importantes e controvertidos ensaios sobre o imperialismo. Ironizando a idéia da civilização como "bênção" oferecida aos que "vivem na escuridão", ele trata de questões diversas relacionadas ao tema do antiimperialismo: as agressões cometidas na cidade de Nova York sob os auspícios do chefe político de Tammany Hall, Richard Croker, as indenizações cobradas pelos missionários mortos logo após a Rebelião dos Boxers, a política repressora designada como "luva de aço" aplicada pelo kaiser alemão contra a China e as atrocidades cometidas pelos ingleses na África do Sul e pelo Exército dos Estados Unidos nas Filipinas. A crítica dirigida por ele aos missionários era constante e cerrada; apesar disso, a estratégia dos missionários de responder apenas aos comentários que lhes diziam respeito contribuiu para que questões como a Guerra das Filipinas e as atividades missionárias na China fossem tratadas como aspectos totalmente diferenciados, o que evidentemente dificultava a percepção crítica do processo imperialista nelas implícito. Para Twain tratava-se de problemas análogos. No artigo intitulado "A causa do reverendo doutor Ament, missionário", de 1901, ele afirma não haver diferença entre o missionário, que impõe multas 13 vezes superiores ao preço de uma propriedade danificada pelos boxers, e McKinley, autor de um projeto de "Assimilação benevolente dos filipinos". Aqui, como em muitos outros de seus escritos antiimperialistas, a mordacidade e a veia satírica de Twain são responsáveis pela extraordinária eficácia crítica do documento.
Art Shields é um jornalista comunista norte-americano que com mais de 90 anos, escreveu as suas memórias.
Memórias vivíssimas, frescas e palpitantes que traçam um panorama rico e concreto da vida e das lutas do povo norte-americano na viragem do século.
Este livro abarca o período de 1890 a 1918; termina quando a vitoriosa Revolução de Outubro dá ânimo e alegria à classe operária de todo o mundo e, nomeadamente, à classe operária dos EUA.
Entretanto, com o então adolescente Art Shields percorremos um país de lés-a-lés; o autor viveu com os índios cheroquis, esteve com os esquimós, conheceu os veteranos negros da Guerra da Secessão, entusiasmou-se com os socialistas que, no melhor dos casos, se integraram no movimento comunista, e presenciou lutas diversas, renhidas e difíceis.
Enfim, desdobrou perante nós uma história desconhecida e ocultada de um país que importa conhecer com verdade: os EUA.
Tudo isto faz deste Cresci Para Lutar um livro apaixonante e singular, que as ilustrações de Peggy Lipschutz tornam ainda mais aliciante