Um número crescente de pessoas em países europeus vive hoje em situação de «pobreza relativa», segundo conclui um estudo da Organização Mundial do Trabalho (OIT) divulgado dia 18.
Na apresentação do relatório, o director-geral da organização, Guy Ryder, sublinhou que se assiste a um «aumento absoluto da pobreza no mundo desenvolvido, nomeadamente no continente europeu».
Em 2012, mais de 300 milhões de pessoas viviam em situação de pobreza nos países desenvolvidos, representando 22 por cento da população. E mais de um terço das crianças eram consideradas pobres.
Na Europa, o alastramento da pobreza é particularmente dramático, tendo passado de 16,6 por cento em 2008 para 17,2 por cento em 2014.
A OIT alerta que a falta de qualidade dos empregos criados coloca em causa os avanços alcançados durante décadas na redução da pobreza.
Apenas um em cada quatro adultos a nível mundial pode contar com um emprego a tempo inteiro, com pelo menos 30 horas por semana, revela um estudo do instituto Gallup.
Mundo de precários
O inquérito, publicado dia 12, constata que a percentagem de indivíduos em idade activa empregados a tempo inteiro se mantém quase inalterável desde 2009. Em média, representaram 26 por cento em todo o mundo, havendo como é natural fortes disparidades regionais.
A taxa de assalariamento (payroll to population) foi medida em 136 países, abrangendo a população com mais de 15 anos. Os trabalhadores por conta própria, não-declarados, a tempo parcial e sazonais foram excluídos.
Ao todo, 1,3 mil milhões de pessoas tinham um emprego a tempo inteiro em 2013, representando igual percentagem à registada em 2012 e apenas dois pontos percentuais mais que em 2009.
Na classificação por países, segundo os dados apurados pelo instituto de sondagens norte-americano, os Emirados Árabes são o que apresenta a taxa mais elevada (59%), seguindo-se a Islândia (54%), o Barém e a Suíça (ambos com 53%), a Rússia (51%), o Koweit (49%), Bielorrússia e Israel (47%), Letónia (44%) e EUA (43 %).
Entre os países com menor taxa de emprego a tempo inteiro surge à cabeça o Burkina Faso (5%), seguindo-se o Haiti, Malawi e Níger (6%), a Etiópia e a Serra Leoa (7%), a Guiné, Libéria e Mali (8%), o Chade, Nepal e Tanzânia (9%).
Como salienta o estudo, os países com menor taxa de emprego são também os que têm o menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita e maiores economias «informais».
Assim, por exemplo, o Nepal que tem uma taxa de emprego de apenas nove por cento, conta com um PIB per capita de 516 euros, tendo 38 por cento da população activa dita «auto-empregada».
Um caso similar é o do Burkina Faso com cinco por cento de taxa de emprego, 487 euros de PIB per capita e 28 por cento de «auto-empregados».
Este é de resto o padrão na maioria dos países subsaarianos, região que tem a mais baixa taxa de emprego do mundo (11%), inferior à registada em 2012 (12%).
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Disparidades regionais
Ao nível regional, a América do Norte, que no estudo inclui os EUA e o Canadá, apresenta a taxa de emprego a tempo inteiro mais elevada (43%), ligeiramente acima de 2012 (42%).
Segue-se o bloco de países que constituíam a União Soviética (42%), cuja taxa de emprego não só é equivalente à dos EUA e Canadá, como foi a região que apresentou um maior crescimento (+4%) face a 2012.
Esta evolução deveu-se sobretudo à criação de postos de trabalho na Rússia, cuja taxa passou de 44 para 51 por cento. Em contrapartida, Arménia, Quirguistão e Tadjiquistão têm taxas inferiores a 20 por cento.
A União Europeia ocupa um modesto terceiro lugar com uma taxa de emprego a tempo inteiro de 35 por cento, registando uma evolução de dois pontos percentuais em relação a 2012
Seguem-se a América Latina e Caraíbas (28%), a Ásia e o Pacífico (24 por cento), o Médio Oriente e o Norte de África (19%).
O inquérito, baseado em cerca de mil entrevistas em cada país, mostra ainda que as habituais estimativas do número de desempregados em todo o mundo estão longe de reflectir a realidade laboral.
A Organização Mundial do Trabalho, por exemplo, estima em 200 milhões o número de desempregados, ignorando os milhares de milhões de pessoas que simplesmente estão excluídas do mercado de trabalho, vendo-se obrigadas a procurar o sustento na maior das precariedades.
Como conclui a sondagem do instituto Gallup,
«todas as pessoas querem um emprego, mas em 2013 apenas uma em cada quatro o tinha».
A taxa de desemprego nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) permanecia nos 7,9 por cento em Maio. Segundo estatísticas oficiais, a Espanha é o território onde o índice é mais elevado, 24,6 por cento, seguido de Portugal, 15,2 por cento, e da Irlanda, 14,6 por cento.
Os dados da OCDE afirmam ainda que no total estavam contabilizados no espaço da organização quase 48 milhões de desempregados, isto é, mais três milhões que em Abril. Cerca de 12 milhões destes são jovens.
No conjunto dos países zona euro, detalham igualmente os registos da OCDE, a taxa de desemprego cifra-se em 7,3 por cento da população activa.
Dados da OCDE mostram ainda que na Alemanha os contratos com baixos salários representam 20 por cento dos empregos a tempo inteiro, percentagem acima da registada na Grécia (13,5%) ou na Itália (8%).
O alerta foi dado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT): se não forem rapidamente adoptadas políticas favoráveis ao crescimento, dentro de quatro anos haverá mais 4,5 milhões de desempregados, a somar aos 17,4 milhões hoje existentes na zona euro.
A OIT alerta que o número de contratos temporários entre os jovens quase duplicou desde o início da crise económica, representando já quase 50 por cento do emprego juvenil.
Um estudo da OIT mostra que entre o segundo trimestre de 2008 e 2011, a taxa de emprego jovem em part-time aumentou cerca de 3,6 pontos percentuais na União Europeia, enquanto na Espanha ou na Irlanda a subida chegou a 11,8 e 20,7 pontos percentuais, respectivamente.
Em cinco países (Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal e Eslovénia), o aumento do trabalho temporário entre os jovens foi de dez pontos percentuais.
Segundo dados da organização relativos a 2011, cerca de 56 por cento dos jovens portugueses trabalhavam com vínculos precários, contra 20 por cento dos trabalhadores mais velhos. Estes valores são superiores à média europeia, em que 42 por cento dos jovens tinham trabalhos temporários, contra 11 por cento dos mais velhos.
O risco para os jovens é ficarem permanentemente numa situação precária, com reduzidas perspectivas profissionais, em termos de progressão e de evolução salarial.
O mesmo estudo mostra que, entre 2005 e 2010, os trabalhos temporários mal remunerados cresceram três vezes mais depressa do que outro tipo de empregos.
Hoje, um em cada cinco postos de trabalho é um «minijob». Uu seja, quase cinco milhões de trabalhadores têm nesta espécie de emprego a sua principal fonte de rendimento.
Um em cada sete seres humanos sofre de fome, afirma a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Isto quer dizer que, de acordo com as estimativas da FAO, quase mil milhões de homens, mulheres e crianças não têm o que comer, pese embora a produção de alimentos a nível mundial ser capaz de suprir todas as carências.
Anualmente são destruídos 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos, e mesmo que a produção aumentasse imediatamente em 60 por cento, em 2050 ainda subsistiriam pelo menos 300 milhões de famintos, aduz a FAO.
Para além dos que passam fome, mais de mil milhões de pessoas sofrem de má-nutrição, ou seja, ingerem um número insuficiente de calorias e carecem de nutrientes essenciais, acrescenta-se no texto que a organização das Nações Unidas leva à Cimeira Rio+20, que decorre entre 13 e 22 de Junho, no Brasil.
Paralelamente, a Organização Mundial do Trabalho (OIT) revelou que quase 21 milhões de pessoas são trabalhadores forçados, a maioria dos quais, 90 por cento, são sujeitos a um tal regime no sector privado.
«Isso significa que três em cada mil pessoas no mundo estão em situação de trabalho forçado», sublinham os especialistas da OIT, citados pela Lusa. Europa Central, Leste e Sudeste, e o continente africano são as regiões com maior taxa de prevalência.
O preço mais alto da crise está a ser pago pelos jovens da União Europeia e de outros países desenvolvidos, afirma a Organização Internacional do Trabalho (OIT) num estudo relativo a 2010.
De acordo com o documento divulgado dia 19, os números absolutos e taxas de desemprego entre os jovens atingiram os valores mais elevados desde que começaram a ser registados a nível internacional, em 1991.
No final de 2010, salienta o estudo intitulado «Tendências Globais de Emprego para os Jovens», havia 75,1 milhões de jovens em todo o mundo com dificuldades em encontrar emprego, mais 4,6 milhões do que em 2007.
O desemprego e a precariedade permanecem como flagelos mundiais, confirma a OIT que destaca como particularmente grave a situação nos países ditos desenvolvidos.
Segundo relatório «Tendências mundiais do emprego – 2011», divulgado pela Organização Internacional do Trabalho, o número de desempregados em 2010 permanece inalterado face a 2009, isto é, mais de 205 milhões de pessoas em todo o mundo continuam sem ocupação laboral, situação agravada pela crise iniciada há dois anos e meio.
«O problema mais grave que o País enfrenta é o aumento continuado e rápido da divida ao estrangeiro. Entre 2005 e 2009, a Divida Externa Liquida aumentou em 78.085 milhões €, ou seja, em média 19.521 milhões €/ano, pois passou de 104.681 milhões € para 182.767 milhões €. Empercentagem do PIB aumentou de 70,2% para 108,7%, portanto cresceu a um ritmo muito superior ao crescimento económico nacional.
Este aumento rápido e crescente da divida liquida do País ao estrangeiro é determinado pelo défice permanente e cada vez maior das relações de Portugal com outros países registada na Balança de Pagamentos Correntes. Só no período 2006-2009, o défice acumulado na Balança Corrente atingiu o impressionante valor de 76.450 milhões €. E a previsão para o período 2010-2015, com a politica que o governo está a seguir, é que continuem os elevados défices (Segundo o FMI, o défice será igual a 10% do PIB em 2010; a 9,2% do PIB em 2011; e a 8,4% do PIB até 2015, o que dá uma média anual que deverá rondar os 17.000 milhões € por ano).»