Quem disse: «Portugal quer afirmar que não vê no Pacto do Atlântico Norte mais que um instrumento de defesa e de cooperação internacionais»?
A designação «Pacto do Atlântico Norte» (=NATO) e as palavras «defesa», «cooperação» e «internacionais», foram misturadas para compor a linda e simpática frase do título sobre a sinistra organização. Quem o teria feito?
Podia ser Fernanda Câncio? Podia, claro que podia! Entre uma twittada na ModaLisboa e uma ida ao CCB, bem podia Fernanda Câncio ter escrevinhado qualquer coisa parecida com a frase do título. Pois se foi ela que, no dia 13 de Agosto, nos confidenciou que apoiou a invasão do Iraque («apoiei a invasão americana») e, mais recentemente, murmurou a estranha confissão: «... estou ainda para ver o resultado das invasões que apoiei (afeganistão e iraque)...»!
Todavia, a frase do título parece ter sido dita ou escrita por alguém que ocupava um alto cargo, assim género o Eng. Sócrates, numa ida ao CCB, por exemplo. Mas, embora a frase lhe assente perfeitamente como um fatinho feito por medida, na realidade, não é ele o autor. E podia ter sido ele, já que afirmou, em 2 de Abril de 2008, que «O que nós vamos fazer é empenharmo-nos mais no Afeganistão nas áreas que são críticas para o sucesso da missão (...) Estamos muito empenhados no sucesso da operação da NATO no Afeganistão porque isso é fundamental para a credibilidade da Aliança».
Também não foi Ana Gomes, que não gosta dos voos da CIA mas gosta da intervenção no Afeganistão, que é como pedir à Natureza que nos forneça a fruta já sem casca ou que o escorpião não ataque quem o transporta. E podia ter sido ela, porque ela propõe «a força militar» como um dos «instrumentos de acção externa» da União Europeia e diz que «a construção de uma Europa da Defesa forte só poderá contribuir para um pilar europeu da NATO forte». É ela ainda a autora de frases como «Sem a intervenção militar de 2001 e a NATO [no Afeganistão] não haveria hoje espaço humanitário para as ONG, por exemplo, poderem fazer o seu trabalho» e «A Europa não pode abandonar os afegãos e não está lá porque os americanos querem. A presença internacional militar e civil continuará a ser necessária ali, por muito mais anos.»
Também alguém do Ministério da Defesa, a começar por Augusto Santos Silva, podia ter dito uma frase igual ou semelhante à do título, como se pode ver aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Em Nascidos para matar podem ver uma lista de citações, de portugueses «ilustres», equiparáveis à do título.
Mas, dirão os leitores atentos deste blogue, nessa lista não está Salazar que disse que os EUA promovem a NATO «por compreensível sentimento de solidariedade humana»! E quem apostou em Salazar, está lá perto, mas não acertou!
Quem disse a frase do título não foi o fascista António Salazar, mas outro fascista, José Caeiro da Mata (1), o Ministro dos Negócios Estrangeiros que, no dia 4 de Abril de 1949, assinou o Pacto do Atlântico. E disse-a exactamente por essa ocasião como se pode ler aqui:
Assim todos os supracitados, ainda vivos, não repetem mais do que - não uma cassette - mas um velho disco riscado do 78 rotações com mais de 60 anos!
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