Trinta e três trabalhadores agrícolas, todos imigrantes do Bangladeche, foram barbaramente baleados, dia 17, numa das muitas explorações de Nea Manolada, no Sul da Grécia, ficando oito deles em estado grave.
O ataque assassino, como foi qualificado pela Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), foi perpetrado durante uma concentração de trabalhadores que exigiam simplesmente o pagamento de seis meses de salários em atraso.
Em resposta a tão elementar exigência, pelo menos um dos três capatazes presentes decidiu abrir fogo sobre a multidão.
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Condenando acto criminoso, o Partido Comunista da Grécia (KKE) lembrou que não é a primeira vez que ocorrem incidentes deste tipo na região, conhecida pela utilização de mão-de-obra imigrante em condições degradantes, e responsabilizou o governo e as autoridades locais por tolerarem este verdadeiro «mercado de escravos contemporâneo».
«Os trabalhadores imigrantes em Manolada para além de serem diariamente alvo de intimidação por parte do Estado e do patronato, laboram sem qualquer tipo de protecção, sem segurança social, sob condições de vida terríveis, em termos sanitários ou de cuidados de saúde», salientou a PAME que, no dia seguinte, realizou uma concentração de protesto e solidariedade na praça central da localidade.
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Neste 1º de Maio convém recordar que ISTO se passa na «democrática» Grécia, membro da «democrática» União Europeia!...
São hoje bem conhecidas as trágicas consequências da crise económica na vida da classe operária e dos trabalhadores visto que a crise já dura há mais de cinco anos enquanto, em todos os países afectados, todas as medidas bárbaras seguem na mesma direcção e todas elas têm o mesmo objectivo: reduzir o preço da mão-de-obra a um nível extremamente baixo, abrir novas oportunidades de rentabilidade no período da crise, sobretudo após a esperada recuperação que será débil e mais ou menos de curta duração.
Actualmente temos uma experiência ainda mais rica, não só por causa da Grécia mas também dos estados-membros da UE, em especial dos membros da zona do euro, e ainda da crise nos EUA em 2008 e não só. Além disso, temos a experiência bem recente das crises na Rússia, na Argentina e nos chamados tigres asiáticos.
Consideramos que o movimento dos trabalhadores e os partidos comunistas em todos os países devem lutar a fim de que o povo clarifique o carácter da crise e, em simultâneo, seja detida a deterioração da vida das populações, para uma saída em prol do povo.
A Grécia continua a atrair a atenção de trabalhadores de muitos países de todo o mundo, considerando as novas e crucialmente importantes eleições parlamentares, as quais serão efectuadas a 17 de Junho, pois nenhum dos três partidos que receberam maior número de votos pôde forma uma coligação de governo. De particular interesse, a julgar pelos artigos relevantes em jornais, revistas e sítios web comunistas e progressistas, estão os resultados das eleições recentes bem como a linha política traçada pelo Partido Comunista da Grécia (KKE), o qual ficou na linha de fogo de vários analistas neste período. Mas vamos começar pelo começo.
«1. O resultado da eleição leva ao reforço da tendência para a renovação da cena política, tal como foi formado durante três décadas com a rotação da ND e do PASOK no governo uma vez que estes partidos sofreram uma pesada derrota. A reversão da cena política, na forma que assumiu com o resultado da eleição, não constitui qualquer viragem (overthrow) política. Nas condições de justificada cólera e indignação, prevaleceu a lógica da punição e a ilusão de que existem soluções imediatas a partir de cima e através de negociações. No entanto, o resultado da eleição mostra a tendência positiva que está a ser esboçada, a tendência para uma viragem radical ao nível de força contra as ilusões de uma solução fácil. Apesar do declínio espectacular da ND e do PASOK o resultado da eleição não constitui uma nova era na correlação de forças entre o povo e os monopólios, uma viragem ou uma "revolução pacífica" como tem sido dito.»
«Os resultados da eleição mostram definitivamente uma reversão do cenário político que nos é familiar, a interrupção da rotação dos dois partidos, PASOK e ND. Estamos a mover-nos para uma fase transicional onde haverá uma tentativa de criar um novo cenário político com novas formações, novas figuras com uma orientação de centro-direita ou baseada numa nova social-democracia que terá o SYRIZA como núcleo, destinada a impedir a ascensão do radicalismo do povo que levaria as coisas rumo a um verdadeiro derrube [da reacção] em favor do povo. Haverá uma tentativa de formar um governo ou a partir destas eleições ou de eleições a seguir, um governo composto por todos os partidos, ou um governo de unidade nacional, ou uma coligação governamental destinada precisamente a impedir a criação de uma maioria que lute pela mudança.»