Um editorial, ou um «Manual de boas maneiras»?
O Castendo já tinha dialogado com a virgem vestal de seu nome Pedro Correia.
Depois foi o episódio Pedro Passos Coelho-Jerónimo de Sousa na Assembleia da República.
Agora temos isto:
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A CGTP acaba de eleger um novo líder e renovar os quadros para uma média etária inferior a 48 anos. Mas renovar implicaria duas coisas: libertar a central sindical dos partidos (e Arménio Carlos é do Comité Central do PCP) e pôr de lado a gasta retórica do "nós somos os explorados, eles são os exploradores", como o ouvimos dizer no sábado à noite.
O novo líder da CGTP está preso a um dicionário de palavras ocas e maniqueístas. Fala de "declaração de guerra" e "golpe palaciano" contra os trabalhadores, diz que as ideias do Governo - deste, do anterior e certamente do próximo - são "ridículas", uma "vergonha" ou "terrorismo social". "Exploração", "chantagem", "vilanagem", "agiotagem" são comuns. Arménio Carlos quer "combater a prosápia dos fariseus", denunciar a "mina de ouro" dos patrões e insistir que "o capital é insaciável".
Talvez consiga com um posicionamento populista atrair os desejados 100 mil novos membros. Mas com este nós-somos-bons-eles-são-maus não vai com certeza contribuir para tirar o país da crise.
(...)
Editorial jornal "Público" de 30 de Janeiro de 2012 (com link só para assinantes)
O que leva um(a) jornalista a escrever isto num editorial de um jornal dito de referência? Uma súbita conversão às teses de Paula Bobone sobre o «Socialmente Correcto»? Não lê o próprio jornal onde escreve? Ou tiques censórios?
Exploração é um empresário corticeiro despedir centenas de trabalhadores a pretexto da crise e depois obter lucros recorde. Exploração é um Conselho de Administração de um banco distribuir para si próprio 10% dos lucros e recusar-se a aumentar os salários dos trabalhadores em 1,5%. Exploração é uma multinacional da indústria automóvel, um dos exemplos de empresa exportadora, exigir aos trabalhadores que as licenças de paternidade e maternidade, ou as licenças por baixa médica fossem compensadas à empresa com dias de trabalho não pago.
Terrorismo social é uma trabalhadora de uma grande superfície comercial, grávida, abortar em pleno local de trabalho por ser obrigada a transportar grandes pesos. Terrorismo social é ser-se despedido porque se faz greve. Terrorismo social é desistir-se do ensino superior porque não há dinheiro para as propinas. Terrorismo social é as mortes que vão surgir por falta de dinheiro para medicamentos, ou para pagar as taxas moderadoras.
E podia continuar. Sublinho que recorri apenas a notícias do jornal «Público».
Como escreveu no «Público», o jornalista José Vítor Malheiros, «Podíamos ainda desejar que os jornalistas (...) deixassem de tratar a propaganda do Governo como factos e as propostas das restantes forças políticas como inexistentes.»
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