Nesta rubrica costumamos debruçar-nos sobre a denúncia do silenciamento e deturpação de que são alvo as análises, as propostas e a actividade do PCP por parte da comunicação social propriedade dos grandes grupos económicos e financeiros. Desta vez não o faremos. Não porque faltem razões para que o fizéssemos mas para destacar a existência de outro alvo deste jornalismo eufeudado aos interesses dos seus patrões: a luta organizada dos trabalhadores e do povo.
Nas últimas semanas, para não ir mais atrás, esta tem sido uma realidade pungente no nosso País. Trabalhadores de várias sectores, pescadores, agricultores, estudantes ou reformados têm intensificado o protesto contra esta política injusta e reclamado um novo rumo. Como seria de esperar, o tratamento noticioso tem sido parco, com jornalistas, analistas e comentadores mais preocupados com as súbitas diferenças entre PS e PSD, com a necessidade imperiosa de Portugal cumprir os seus compromissos internacionais, com a Alemanha, com a União Europeia e com os «mercados financeiros» – e com qual será, afinal, o melhor governo para prosseguir a política de direita.
A grande manifestação nacional de 19 de Março, promovida pela CGTP-IN, foi a maior acção de massas realizada no País desde a Greve Geral de Novembro. Nela confluiu o descontentamento, a revolta e a indignação por uma política que esmaga quem menos tem e protege e estimula os ricos e poderosos, e a exigência de uma política que garanta o emprego, valorize os salários, defenda os direitos e salvaguarde os serviços públicos e as funções sociais do Estado.
Se nos dias que a antecederam praticamente não existiu – em contraste com a promoção e a cobertura dada à manifestação da chamada Geração à Rasca realizada uma semana antes – no próprio dia e no dia seguinte acabou por merecer algum espaço nos noticiários e nos jornais. Mas foi encarada como um simples «protesto» ou como um mero «direito» que assiste às 300 mil pessoas que nela participaram e não como aquilo que efectivamente foi: um processo imenso de rejeição da política de direita e, mais do que isso, de construção de alternativas para o País.
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Uma luta que se alarga
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As últimas semanas ficaram também marcadas pela intensa luta no sector dos transportes, com greves e paralisações contra os cortes salariais, o bloqueio à contratação colectiva e as privatizações. E que fez a generalidade da comunicação social? Desta vez não silenciou e até se referiu bastante a esta luta, entrevistando utentes sobre os prejuízos para as suas vidas destas greves. Sobre os justos motivos que motivam a luta, nada!
Também os estudantes dos ensinos básico e secundário, profissional e superior se manifestaram em todo o País no dia 24 de Março, Dia do Estudante. Para além do silenciamento em torno do carácter nacional deste protesto, também pouco ou nada se disse acerca daquilo que trouxe os estudantes às ruas, que se pode resumir numa expressão: defesa da escola pública, universal, gratuita e de qualidade.
As concentrações realizadas em Lisboa e no Porto no dia 23 contra a agressão militar à Líbia foram praticamente apagadas na generalidade da comunicação social. Não fosse esta ter de explicar que em causa não estão quaisquer direitos humanos ou protecção das populações civis, mas os interesses económicos e geo-estratégicos de um punhado de grandes empresas...
(sublinhados meus)
In Jornal «Avante!» - Edição de 1 de Abril de 2011
Observem este pequeno filme sobre a pesca do bacalhau à linha em 1966 no lugre «Santa Maria Manuela»... Algo de belo e de uma dureza extrema... "glória" aos nossos antepassados Ilhavenses.
A Política de Pescas do actual Governo, ficou clara no seu comportamento ao longo dos três anos e meio que leva de governação.
Foram precisos seis dias de paralisação total do sector, com elevados custos para armadores e pescadores, com prejuízos imensos para o País, para que o Ministro da Agricultura e Pescas se resolvesse a ouvir e atender as razões dos homens do mar!
E não foi porque ao longo de muitos meses as suas organizações não tivessem insistido na necessidade absoluta do diálogo para responder ao asfixiar do sector por muitos problemas, e fundamentalmente pela subida a pique do preço dos combustíveis. E não apenas do gasóleo! Como não foi por falta de conhecimento da grave situação que viviam as Pescas Portuguesas, pois ao longo desse tempo o PCP muitas e muitas vezes, em audições com o sr. Ministro e intervenções dentro e fora da Assembleia da República questionou o Sr. Ministro sobre os problemas e a apresentação de propostas adequadas.
O País continua a ter um brutal défice entre o peixe que consome e o peixe que pesca a sua frota. Importamos quase 3 vezes o peixe que exportamos com um défice avaliado em 900 milhões de euros. Andam por aí a dizer (a Greenpeace) que os Portugueses comem peixe a mais. O Governo PS/Sócrates parece estar de acordo.
De facto resolveram acelerar a política de abate de embarcações. Segundo o Secretário de Estado o que era para abater em seis anos terá que ser feito em três! Aliás, em contradição com o que andaram a afirmar até há bem poucos meses, de que tinham acabado com a política de abates!
Como os portugueses gostam de peixe e de peixe do mar, e não irão fazer a vontade ao Governo, o que significa que tal política, para lá de outras consequências irá provocar o aumento do défice, isto é, mais uma ajuda ao principal problema do País, uma brutal dívida externa.
Só para começar, o Governo vai pagar 8,2 milhões de euros para abater 27 barcos!!! Reparem nesta política suicida, o mesmo Governo que não quer gastar um cêntimo para reduzir o preço dos combustíveis vai gastar milhões de euros para reduzir a capacidade de capturas da frota pesqueira e mais uns milhares para manter os poucos pescadores que temos 12 meses proibidos de pescar! Um absurdo, uma política criminosa contra as pescas, contra os interesses nacionais!
E não podem ser justificação de uma política os interesses de alguns grandes armadores, por mais legítimos que sejam! Nós compreendemos as suas razões, a inviabilidade económica da actividade da pesca com os actuais preços dos combustíveis e outros custos operacionais, bem como as limitações quantitativas ao volume de pesca, as quotas. Percebemos a necessidade da reconversão e modernização da frota. Mas ninguém perceberá que se gaste dinheiro a abater e não haja dinheiros públicos para assegurar a sustentabilidade da actividade pesqueira! Que se proponha que a licença para um barco novo só permita metade da capacidade de capturas do barco que substitui e foi abatido!
Mas este Governo não abate só barcos. Acaba de abater a Escola de Pescas e Marinha de Comércio, que existia em Pedrouços, para entregar o espaço à Fundação Champalimaud, dando um golpe mortal na formação profissional de pescadores. Mas o Governo é coerente. Para quê formar pescadores (e também profissionais para os transportes marítimos) se se tem como objectivo a liquidação da frota pesqueira? Já que relativamente à marinha mercante, há muito que o País desistiu por culpa da política de direita de sucessivos governos!
«O Governo democrático e maioritário do PS tem por hábito quando é confrontado com realidades, apontar os canhões para o PSD, seu parceiro do «Bloco Central de Interesses». Mas agora, todos ficam a saber : os que têm iates e embarcações de recreio que através do Artº 29 do Cap. II da Portaria 117-A de 8 de Fevereiro de 2008, beneficiam de gasóleo ao preço do que pagam os armadores e os pescadores. Assim todos os portugueses são iguais perante a Lei, desde que tenham iates… É da mais elementar justiça que os trabalhadores e as empresas que tenham carro a gasóleo o paguem a 1,42€, e os banqueiros e empresários do «Compromisso Portugal» o paguem a 0,80€. E é justo, porque estes não têm culpa que os trabalhadores não comprem iates!!! Porreiro pá !...»
Ele sempre se recebe cada aldrabice por e-mail!!! Oh Rogério, isto é lá possível...
Adenda em 20/06 às 16h00m: Como se deduz da simples leitura do citado artigo 29 não é qualquer iate que paga o gasóleo a 0,80€. São os iates de turismo para transporte de excursões de turistas em visitas a grutas, a pesca em alto mar, etc. Bem como os iates de cruzeiro.