Um por cento dos adultos do mundo possui 51% de toda a riqueza mundial, ao passo que a metade dos adultos da base possui apenas 1%. Na verdade, os 10% dos adultos do topo possuem 89% de toda a riqueza mundial! Este é o novo número obtido para 2016 pelo relatório anual sobre a riqueza global do Credit Suisse . A cada ano o Credit Suisse apresenta este relatório, assinado pelo Professor Tony Shorrocks, James Davies e Rodrigo Lluberas, os quais costumavam fazê-lo para a ONU. Informo sobre os resultados todos os anos e habitualmente este é um dos artigos mais populares que escrevo.
Da última vez que discuti os resultados do Credit Suisse, os 1% do topo tinham 48% da riqueza mundial . Assim, no último ano e meio, a desigualdade mundial aumentou outra vez. As fatias dos 1% e 10% do topo quanto à riqueza mundial caíram entre 2000 e 2007. Exemplo: a fatia do percentil do topo declinou de 50% para 46%. Contudo, esta tendência foi revertida após a crise financeira e as fatias do topo retornaram aos níveis observados no princípio do século.
Os investigadores do Credit Suisse consideram que estas mudanças reflectem principalmente a importância relativa dos activos financeiros na carteira familiar, os quais subiram de valor desde 2008 e elevaram a riqueza de muitos dos países mais ricos, e das pessoas mais ricas, por todo o mundo. Embora a fatia dos activos financeiros caísse este ano, as fatias dos grupos de riqueza do topo continuaram a subir. No outro extremo da pirâmide global da riqueza, a metade debaixo dos adultos possuía colectivamente menos de 1% da riqueza total.
(...) a quebra média de rendimentos verificada em Portugal entre 2009 e 2014 se situou em 116 euros mensais (12%), mas que os dez por cento dos portugueses mais pobres perderam 25 por cento do rendimento, enquanto os dez por cento mais ricos apenas perderam 13 por cento, (...)
(...) durante o governo PSD/CDS o número de pobres aumentou em 116 mil (para 2,02 milhões), com um quarto das crianças e 10,7 por cento dos trabalhadores a viver abaixo do limiar da pobreza (6,3 por cento em privação material severa), (...)
(...) um em cada cinco portugueses viva com um rendimento mensal abaixo de 422 euros (...)
(...) em2014 os cinco por cento mais pobres recebiam 19 vezes menos do que os cinco por cento mais ricos (um agravamento brutal da brutal desigualdade que já se registava em 2009, quando a diferença era de 15 vezes), (...)
«O INE divulgou já em 2016 os resultados de um inquérito que fez aos rendimentos monetários disponíveis das famílias portuguesas, cujos resultados (apenas alguns) constam do quadro 1 que se apresenta seguidamente.
Embora os resultados desse inquérito revelem um aumento da desigualdade na repartição do rendimento disponível (entre 2010 e 2014, o número de vezes que o rendimento medio disponível dos 10% de agregados mais ricos é superior ao rendimento médio disponível dos 10% mais pobres, aumentou de 12,8 vezes para 13,1 vezes), mesmo estes dados do INE não dão uma ideia completa da verdadeira dimensão que atingiram as desigualdades em Portugal.
E para concluir basta analisar as Estatísticas divulgadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira do Ministro das Finanças que, apesar de deficiências conhecidas, mostram que as desigualdades são muito maiores (são enormes) no nosso país.»
A Comissão Europeia reconheceu que os cortes nos apoios sociais afectaram «desproporcionalmente os mais pobres» e «as crianças com menos de 10 anos» em Portugal.
No relatório sobre o nosso País divulgado dia 26, Bruxelas constata que «o impacto das transferências sociais (excluindo as pensões) na redução da pobreza diminuiu de 29,2 por cento em 2012 para 26,7 por cento em 2013».
Em 2013, as crianças em risco de exclusão representavam 31,6 por cento, sendo que Portugal apresentou a maior subida deste indicador na União Europeia.
A Comissão salienta que entre Outubro 2010 e Agosto do ano passado cerca de 592 mil beneficiários perderam o acesso a apoios sociais para a infância.
Ao mesmo tempo anota que, entre 2012 e 2013, houve um aumento de 210 mil pessoas em risco de pobreza e exclusão social (27,4 por cento da totalidade da população portuguesa), o maior aumento da União Europeia.
Mais um sucesso das políticas de terrorismo social traduzidas no empobrecimento da população...
Aqui ficam algumas das «metas» alcançadas por este Governo:
Mais de 2 milhões de pobres, 736 mil desempregados, (n.ºs oficiais) 300 mil desencorajados, 160 mil obrigados a assinar contratos em que recebem 200 euros de salário. 64% dos desempregados são desempregados de longa duração e 412 mil desempregados não recebem subsídio de desemprego.
440 mil postos de trabalho destruídos e só em 2013 foram à falência 18 800 empresas.
Meio milhão de salários e 181 mil reformas penhoradas porque as pessoas não conseguem cumprir os compromissos. 150 mil famílias perderam a casa, 300 mil viram a electricidade cortada e 12 mil a água.
Foram cortados 40 mil abonos de família, 60 mil complementos solidários para idosos (30%) e 305 mil rendimentos de inserção social (60%).
Emigraram mais de 250 mil jovens, só no último ano emigraram 30 mil enfermeiros.
Mais de 2 000 milhões de euros ano foram transferidos do rendimento do trabalho para o rendimento do capital com este Governo.
Sofhia de Mello Breyner, dizia «em vez de dizerem aos pobres: tenham paciência não pode ser é preciso dizer-lhes: Não tenham paciência».
Mas atente-se nas duas outras informações do supracitado trabalho da Sábado – a de que «Em 2008 apenas um terço das empresas portuguesas entregou dinheiro às Finanças» e a de que «Em 2009 os bancos podem pagar só 4,3% do imposto sobre o rendimento».
Anote-se, no caso, que se apenas um terço das empresas portuguesas entregou dinheiro às Finanças em 2008 (ou seja, pagou impostos), isto significa, naturalmente, que dois terços das empresas nacionais não pagaram quaisquer impostos em 2008, o que não admira, pois é também sabido que essa é também a percentagem das empresas que, em Portugal, se habituaram a declarar prejuízos, sem que o Estado se preocupe a investigar o que quer que seja, mesmo que ligeiramente.
Anote-se, também, que os bancos podem pagar em 2009 apenas 4,3% de imposto sobre o rendimento, o que é escandalosamente inferior ao que estão obrigadas quaisquer entidades, individuais ou colectivas.
Como se vê, o roubo continua. Roubo aos pobres e aos «remediados» e sempre a favor dos ricos. E devidamente organizado pelos Governos PS e PSD, que por aí continuam a palrar «em nome do povo»...
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In Jornal «Avante!» - Edição de 18 de Novembro de 2010