A dívida pública portuguesa voltou a aumentar no primeiro trimestre deste ano, atingindo os 226 276 milhões de euros em Março, o equivalente a 130,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo dados do Banco de Portugal, divulgados dia 21, nos primeiros três meses do ano a dívida do Estado agravou-se em 996 milhões de euros.
Excluindo os depósitos da administração pública, a dívida também subiu no primeiro trimestre deste ano, para os 209 248 milhões de euros, contra os 208 128 milhões de euros no final de 2014.
A dívida das administrações públicas fixou-se em 128,7 por cento do PIB em 2014, acima do verificado em 2013 e da meta fixada pelo Governo para o ano passado.
Segundo números do Banco de Portugal, divulgados dia 23, a dívida pública alcançou os 224 477 milhões de euros em Dezembro de 2014, um aumento face ao final de 2013, quando atingiu os 219 225 milhões de euros.
Excluindo os depósitos da administração central, a dívida fixou-se em 206 971 milhões de euros em Dezembro do ano passado, contra os 201 245 milhões de euros registados em 2013.
A dívida pública portuguesa deverá ter superado as previsões do Governo para 2014, situando-se entre os 127,9 e os 128,7 por cento do Produto Interno Bruto.
De acordo com as previsões da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), divulgada dia 13, a dívida pública portuguesa «ascendeu a 224,5 mil milhões de euros no final de 2014, um valor que em termos nominais ficou acima do previsto» e que, a confirmar-se, «representa um aumento de 5,3 mil milhões de euros em termos nominais face ao final de 2013».
A estimativa recorda que a última previsão oficial, incluída no Orçamento do Estado para 2015, apontava para um rácio com o PIB de 127,2 por cento.
Ora, «para que a previsão do Ministério das Finanças ainda se pudesse concretizar (...) seria necessário um aumento do PIB nominal face a 2013 superior a três por cento, cenário que não é entendido como provável».
A UTAO constata que a dívida pública aumentou entre 2013 e 2014 ao contrário das previsões do Governo que antecipavam uma trajectória de queda.
Apenas um em cada quatro adultos a nível mundial pode contar com um emprego a tempo inteiro, com pelo menos 30 horas por semana, revela um estudo do instituto Gallup.
Mundo de precários
O inquérito, publicado dia 12, constata que a percentagem de indivíduos em idade activa empregados a tempo inteiro se mantém quase inalterável desde 2009. Em média, representaram 26 por cento em todo o mundo, havendo como é natural fortes disparidades regionais.
A taxa de assalariamento (payroll to population) foi medida em 136 países, abrangendo a população com mais de 15 anos. Os trabalhadores por conta própria, não-declarados, a tempo parcial e sazonais foram excluídos.
Ao todo, 1,3 mil milhões de pessoas tinham um emprego a tempo inteiro em 2013, representando igual percentagem à registada em 2012 e apenas dois pontos percentuais mais que em 2009.
Na classificação por países, segundo os dados apurados pelo instituto de sondagens norte-americano, os Emirados Árabes são o que apresenta a taxa mais elevada (59%), seguindo-se a Islândia (54%), o Barém e a Suíça (ambos com 53%), a Rússia (51%), o Koweit (49%), Bielorrússia e Israel (47%), Letónia (44%) e EUA (43 %).
Entre os países com menor taxa de emprego a tempo inteiro surge à cabeça o Burkina Faso (5%), seguindo-se o Haiti, Malawi e Níger (6%), a Etiópia e a Serra Leoa (7%), a Guiné, Libéria e Mali (8%), o Chade, Nepal e Tanzânia (9%).
Como salienta o estudo, os países com menor taxa de emprego são também os que têm o menor Produto Interno Bruto (PIB) per capita e maiores economias «informais».
Assim, por exemplo, o Nepal que tem uma taxa de emprego de apenas nove por cento, conta com um PIB per capita de 516 euros, tendo 38 por cento da população activa dita «auto-empregada».
Um caso similar é o do Burkina Faso com cinco por cento de taxa de emprego, 487 euros de PIB per capita e 28 por cento de «auto-empregados».
Este é de resto o padrão na maioria dos países subsaarianos, região que tem a mais baixa taxa de emprego do mundo (11%), inferior à registada em 2012 (12%).
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Disparidades regionais
Ao nível regional, a América do Norte, que no estudo inclui os EUA e o Canadá, apresenta a taxa de emprego a tempo inteiro mais elevada (43%), ligeiramente acima de 2012 (42%).
Segue-se o bloco de países que constituíam a União Soviética (42%), cuja taxa de emprego não só é equivalente à dos EUA e Canadá, como foi a região que apresentou um maior crescimento (+4%) face a 2012.
Esta evolução deveu-se sobretudo à criação de postos de trabalho na Rússia, cuja taxa passou de 44 para 51 por cento. Em contrapartida, Arménia, Quirguistão e Tadjiquistão têm taxas inferiores a 20 por cento.
A União Europeia ocupa um modesto terceiro lugar com uma taxa de emprego a tempo inteiro de 35 por cento, registando uma evolução de dois pontos percentuais em relação a 2012
Seguem-se a América Latina e Caraíbas (28%), a Ásia e o Pacífico (24 por cento), o Médio Oriente e o Norte de África (19%).
O inquérito, baseado em cerca de mil entrevistas em cada país, mostra ainda que as habituais estimativas do número de desempregados em todo o mundo estão longe de reflectir a realidade laboral.
A Organização Mundial do Trabalho, por exemplo, estima em 200 milhões o número de desempregados, ignorando os milhares de milhões de pessoas que simplesmente estão excluídas do mercado de trabalho, vendo-se obrigadas a procurar o sustento na maior das precariedades.
Como conclui a sondagem do instituto Gallup,
«todas as pessoas querem um emprego, mas em 2013 apenas uma em cada quatro o tinha».
A dívida pública terá alcançado os 129,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no final de 2013, segundo estimativas do próprio governo, reveladas dia 31, pelo secretário de Estado do Orçamento, Hélder Reis.
Falando na audição na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, o governante reconheceu que a dívida do Estado ultrapassará a previsão de 127,8 por cento do PIB, inscrita no Orçamento do Estado para 2014, indicando que os «esforços» de consolidação orçamental «ainda não permitiram a redução da dívida pública».
Note-se que o Orçamento do Estado para 2014, partindo da previsão anterior, estipulava a redução da dívida para 126,7 por cento do PIB até ao final do ano em curso.