«A situação que hoje se vive na Ucrânia, nomeadamente com a ascensão ao poder de forças fascistas, a perseguição anticomunista e a escalada de confrontação com a Rússia é o desenvolvimento lógico da «cavalgada» do imperialismo para Leste que se seguiu às derrotas do socialismo na RDA e noutros países socialistas.»
O Bruno Nogueira, no seu programa na TSF «Tubo de ensaio» de 12 de Novembro, pronunciou-se sobre ISTO. Está no seu direito.
O Bruno Nogueira não tem obrigação de estar informado de tudo o que se passa no mundo. Por isso, a propósito da prosa a partir dos 3m33s, aqui ficam algumas leituras...
Perante a campanha anticomunista de intoxicação da opinião pública desencadeada a pretexto da passagem de 25 anos sobre a chamada «queda do muro de Berlim», o PCP considera necessário afirmar o seguinte:
1. Mais do que a «queda do muro de Berlim» o que as forças da reacção e da social-democracia celebram é o fim da República Democrática Alemã (RDA), é a anexação (a que chamam de «unificação») da RDA pela República Federal Alemã (RFA) com a formação de uma «grande Alemanha» imperialista, é a derrota do socialismo no primeiro Estado alemão antifascista e demais países do Leste da Europa e, posteriormente, a derrota do socialismo na URSS.
2. A criação da RDA socialista, herdeira das heróicas tradições revolucionárias do movimento operário e comunista alemão (de que, na sequência de Marx e Engels, são símbolos Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht e Ernest Thalmann) é inseparável da vitória sobre o nazi-fascismo na 2.ª Guerra Mundial e produto das aspirações do martirizado povo alemão à liberdade, à paz e ao progresso social.
A responsabilidade da divisão da Alemanha, a que desde o primeiro momento a URSS se opôs, cabe inteiramente às potências imperialistas (Estados Unidos, Grã-Bretanha e França) que nas respectivas zonas de ocupação, e ao contrário do que aconteceu na zona de ocupação soviética, não só não desmantelaram completamente as estruturas hitlerianas como protegeram os nazis e os monopólios alemães (Krupp, Siemens, e outros) responsáveis pela carnificina da guerra e criaram em 23 de Maio de 1949, contra os próprios Acordos de Ialta (Fevereiro de 1945) e de Potsdam (Julho/Agosto de 1945), uma RFA capitalista amarrada ao imperialismo norte-americano e à NATO, fundada aliás nesse mesmo ano, seis anos antes da resposta dos países socialistas do Leste da Europa com a criação do Tratado de Varsóvia em 1955, na sequência da entrada da RFA na NATO.
Impõe-se-me passar a escrito determinadas coisas de que ainda recordo bem, abordar uma série de questões que me inquietam profundamente e formular reflexões sobre certos acontecimentos. Ainda não sei o que deva fazer com estas notas, e se ainda conseguirei dar aos meus pensamentos uma forma ordenada. Escrevo estas linhas na prisão de Berlim-Moabit – prisão que conheço bem ainda do tempo do nazismo, tal como muitos outros comunistas, sociais-democratas e outros antifascistas. Logo em 1933 esta prisão desempenhou um papel muito particular na repressão dos adversários políticos do imperialismo alemão.
Caso estas linhas venham um dia a ser publicadas, então elas destinam-se àqueles que querem analisar seriamente o passado, contrariamente aos pretensos «obliteradores da história», cujo único objectivo é difamar o socialismo para atrasar tanto quanto possível o inevitável afundamento do capitalismo.
Não se encontrará nestes escritos nenhuma concessão à sociedade de exploração capitalista, à sua ideologia e «moral».
Esta declaração de Erich Honecker perante o tribunal, em 1992, trata-se inquestionavelmente de um importante documento histórico.
Independentemente de algumas discordâncias que suscitará, este texto curto e acessível contém valiosas considerações sobre o socialismo na RDA (República Democrática Alemã), bem como sobre as condições históricas em que se formou e existiu ao longo de 40 anos.
É também um texto de combate contra o revanchismo burguês. Permite-nos concluir, sem sombra de dúvidas, que o seu autor, ao contrário de outros dirigentes de países socialistas, não traiu o seu país, nem os seus ideais comunistas, morrendo com essa convicção profundamente arreigada.
«Resumindo: independentemente da quantidade de erros e da sua dimensão que a RDA e a direcção do Estado e o Partido cometeram – e certamente não houve poucos e entre eles grandes asneiras – não foram os próprios erros que lhe ditaram a sentença de morte. Todos os países socialistas europeus estavam unidos com a União Soviética para o que desse e viesse; com a sua derrocada, a queda de todos eles era inevitável.»
O muro não dividia dois estados: a RFA (República Federal Alemã) da RDA (República Democrática Alemã).
Dividia a cidade de Berlim (o que, convenhamos, não é bem a mesma coisa...), capital da RDA, bem no interior deste país, como se pode ver pelo mapa.
Na parte oeste da cidade, Berlim Ocidental, estavam presentes Forças Armadas dos EUA, do Reino Unido e da França.
Berlim Ocidental tinha, à luz do direito internacional, um estatuto especial. Era uma entidade jurídica própria: nem pertencia à RFA (cuja capital era Bona), nem à RDA.
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C-I-N-Q-U-E-N-T-A anos depois dos acontecimentos é eslarecedor verificar que a linguagem da chamada guerra-fria não desapareceu.
E a propósito: quantos espectadores da TVI sabem que a Alemanha existe como estado porque os dirigentes da União Soviética se opuseram de uma forma inflexível às propostas dos EUA, do Reino Unido e da França durante a II Guerra Mundial, visando o seu desmembramento? Mas isso será motivo para um outro post...
A propósito da passagem dos 20 anos da proclamada "reunificação alemã", convidamos a revisitar um conjunto de artigos de opinião e tomadas de posição do PCP, produzidas ao longo das últimas duas décadas, que ajudam a compreender a natureza de um processo movido pela afirmação das aspirações imperialistas da Alemanha.
Uma avaliação cuja justeza é inteiramente confirmada pelos desenvolvimentos posteriores verificados, tanto na Alemanha e na UE, como na Europa e no mundo em geral, e o quadro patente de grave crise sistémica do capitalismo.
Foto do modelo P50: o primeiro Trabant, produzido na República Democrática Alemã de 1957 a 1962 com um modesto motor de 500 cm3. Carroçaria de plástico, dois cilindros, dois tempos, refrigeração a ar. O o estilo mudou pouco até os últimos dias do P601, com motor de 594 cm3, na foto em baixo.
No vídeo pode ver a beleza da indústria automóvel nos seus meticulosos protocolos de controlo de qualidade, na atenção dada aos mais ínfimos pormenores, num carro literalmente inspeccionado à mão e com os pés...