A crise económica e financeira do capitalismo aprofunda-se e com ela a ofensiva do imperialismo. Os acontecimentos confirmam o carácter global da crise e apontam para novos e perigosos desenvolvimentos. A situação é explosiva.
O FMI acaba de rever em baixa as previsões de crescimento da economia mundial, indiciando que uma recessão mundial não está fora do horizonte. Nos EUA, as minutas das reuniões do FED – o banco central dos EUA – recentemente divulgadas, bem como as já referidas previsões do FMI, confirmam um cenário de aprofundamento da crise e de disparo do desemprego no «coração» do capitalismo mundial. A afirmação do FMI de que «os EUA estão a caminho de um precipício orçamental que poderá ter consequências significativas para a economia mundial» levantam um pouco mais o véu sobre a explosiva situação na economia norte-americana cuja dívida pública ascenderá no final do ano a 106,7% do PIB.
No artigo publicado nesta mesma coluna a 18 de Abril «É mesmo uma pipa de massa» anunciava-se uma previsível treta. Os países do chamado G7 armavam-se em fortes, «exigindo» contas aos banqueiros. Mas só para daí a 100 dias. Isto depois de terem estado os 9 meses anteriores a assobiar para o lado a ver em que é que paravam as modas.
E seis meses depois o que é que temos? Qual a realidade da crise? Deixemos os números falar (e gritar) por si.
Em Abril, recorde-se, os grandes bancos centrais (Reserva Federal Americana, Banco Central Europeu, Banco de Inglaterra, Banco do Japão) tinham injectado no sistema financeiro mil milhões de milhões de dólares. Com o único objectivo de manter a economia de casino e a especulação a funcionarem.
Hoje esse número já triplicou!!! Escreve-se 3 000 000 000 000. É um 3 seguido de doze zeros. Quase 15 vezes o PIB de um país como Portugal. Ou 9 apartamentos com 150 metros quadrados de área cheios de notas de 500€ até ao tecto. Dava e sobrava para acabar com a fome e a pobreza em todo o mundo. E não pára de aumentar todos os dias, dia após dia.
A comunicação social refere que o Relógio da Dívida Nacional dos Estados Unidos já não tem dígitos suficientes para exibir o montante do défice do país. O contador digital parou em Setembro, quando a dívida chegou ao patamar dos 10 mil milhões de milhões de dólares. Este relógio está exposto numa das esquinas mais movimentadas de Manhattan, em Time Square.
As bolsas em todo o mundo mais parecem uma montanha russa. O PSI 20 da Bolsa de Lisboa valia mais de 12 mil pontos em Agosto de 2007. Hoje anda pelos 6 mil.
O impacto mundial desta crise económica e financeira do capitalismo ainda não se revelou em toda a sua extensão. Recordemos que a actual crise, com epicentro nos EUA, é um novo e mais grave episódio da crise que se arrasta desde 1994/95. Com os episódios da crise do peso mexicano, a crise «asiática» de 1997/98, a crise económica de 2001/03, e a crise do sector imobiliário norte-americano desencadeada em Agosto de 2007.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que a actual crise financeira é «uma das mais significativas ameaças à economia mundial na história moderna». O seu director-geral, Juan Somavia, prevê mais 20 milhões de desempregados em 2009. Segundo as estimativas da OIT, o número de desempregados pode passar de 190 milhões, apurados no ano passado, para 210 milhões no final do próximo ano.
A população de trabalhadores pobres vivendo com menos de um dólar (0,75 euros) por dia pode aumentar em 40 milhões e a dos que vivem com dois dólares (1,5 euros) por dia em mais de 100 milhões, acrescenta a OIT. Juan Somavia salientou que estas projecções «podem revelar-se por baixo se os efeitos do actual abrandamento do crescimento económico e da ameaça de recessão não forem rapidamente combatidos».
Mais de 200 mil postos de trabalho já foram suprimidos em Wall Street e noutros centros financeiros com a falência de bancos ou fusões na sequência da crise financeira. São sempre os mesmos a pagar a factura…
A economia das sete maiores economias mundiais vai registar no próximo ano a maior contracção desde a Grande Depressão – anos de guerra excluídos – na sequência da crise de crédito que atinge empresas e consumidores, antecipa o Deutsche Bank.
Segundo o governo de José Sócrates «nós por cá (quase) todos bem». Não tarda nada regressamos à teoria do «Oásis»! Alguém acredita?
Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação