A propósito das declarações de Aníbal Cavaco Silva, cidadão que ESTÁ de Presidente da República, sobre a s conversas que manteve com Ricardo Salgado sobre a crise no BES importa eslarecer o seguinte:
Quem define o que é e o que não é segredo de Estado é a lei. Não é o cidadão Aníbal Cavaco Silva.
A reserva que este cidadão acha que deveria manter por cortesia para com o seu interlocutor não tem sentido. É o próprio Ricardo Salgado que revelou o teor das conversas.
O segredo que Aníbal Cavaco Silva quer guardar é outro: conhecia a real situação do BES por informação prestada pelo seu principal responsável.
E no entanto continuou a afirmar publicamente que a situação do Banco era sólida, refugiando-se numa outra mentira do Banco de Portugal.
Os cidadãos têm pois o direito de saber se o conteúdo da carta que Ricardo Salgado dirigiu à Assembleia da República é verdadeiro.
Têm o direito de saber o que fez, a ser verdadeiro o conteúdo, o Presidente da República.
Têm o direito de saber de que elementos dispunha o Presidente da República para afirmar que o BES era sólido.
Têm o direito de saber que informações lhe deu o Banco de Portugal para que se sentisse confortável e confiante naquelas afirmações.
Têm o direito de conhecer ao pormenor os elementos que tinha o Presidente da República sobre o trabalho do Banco de Portugal para dizer que considerava a sua actuação «muito, muito correcta».
Cada vez se torna mais claro que TODOS – Cavaco Silva, Passos Coelho, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Carlos Costa, Troika – mentiram sobre o BES.
Mentiram nas declarações públicas que fizeram sobre a real situação do Banco.
Mentiram quanto ao modo como decidiram intervir.
Mentiram quanto à decisão e ao tempo da intervenção.
Mentiram quanto às mensagens veiculadas para benefício de uns quantos e prejuízo de outros.
E ninguém é responsabilizado civil e criminalmente? E não se pode prendê-los?...
Mentem para omitirem as suas responsabilidades, para continuarem a ocultar a verdadeira dimensão do problema, para esconderem as possíveis consequências para economia nacional, para os trabalhadores e para o País.
Mentem quando repetiram até à exaustão que o BES era um banco sólido, levando a que milhares de pequenos accionistas tivessem adquirido acções, permitindo assim que grandes Fundos de Investimento, na sua actividade especulativa, tivessem lucrado dezenas de milhões de euros nos dias anteriores à intervenção no BES.
Mentem quando dizem que não há dinheiro público envolvido no processo de recapitalização e que não serão os portugueses a pagar a factura no acerto nal de contas, iludindo que o Estado se transformou em prestamista de último recurso dos Bancos.
Mentem quando dizem que não têm responsabilidades na reestruturação do Novo Banco, apresentada como uma necessidade de redimensionar o banco, ajustando-o à dimensão do negócio.
Na págª 22 da edição da passada quinta-feira, dia 10 de Julho, do jornal «Correio da Manhã», deu à estampa esta notícia (?), informação (?), comentário (?), creio que da responsabilidade de Miguel Alexandre Ganhão, sub-chefe de redação do referido diário.
Lê-se e não se acredita! Esperei, esperei, esperei. Pesquisei, pesquisei, pesquisei. Nada. Nicles. Nepias. Zero. Nem uma palavra sobre o assunto.
Então o senhor Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa de seu nome, comporta-se (de acordo com o texto acima) como um autêntico O Padrinho e a comunicação social dominante cala-se?
Ou os referidos «dossiês comprometedores» existem, ou são fruto da imaginação do jornalista (o que não é crível). Se existem, e continham matéria susceptível de «dar origem a uma série de investigações», qual a razão para o comportamento de chantagista (não encontro melhor termo) de Carlos Costa? Porque não avançaram as investigações a Ricardo Salgado? Porque...
Como cidadão exijo saber toda a verdade...
E, em sensacional exclusivo de «O CASTENDO», veja como tudo isto termina:
Num ano com 365 dias de calendário descontemos os sábados, os domingos, os feriados e o período normal de férias. Multipliquemos o resultado por oito horas diárias de trabalho. Encontrado esse valor dividimo-lo pelo salário ganho pelo senhor Zeinal Bava, presidente executivo da Portugal Telecom.
A que conclusão chegámos?
À seguinte conclusão: o senhor Zeinal Bava, em 2010, teve um salário de 1.416.959 euros, o que significa que, por cada hora de trabalho, recebeu 777 euros, ou seja, cerca de 13 euros por cada 60 tiquetaques de segundo.