(...) a quebra média de rendimentos verificada em Portugal entre 2009 e 2014 se situou em 116 euros mensais (12%), mas que os dez por cento dos portugueses mais pobres perderam 25 por cento do rendimento, enquanto os dez por cento mais ricos apenas perderam 13 por cento, (...)
(...) durante o governo PSD/CDS o número de pobres aumentou em 116 mil (para 2,02 milhões), com um quarto das crianças e 10,7 por cento dos trabalhadores a viver abaixo do limiar da pobreza (6,3 por cento em privação material severa), (...)
(...) um em cada cinco portugueses viva com um rendimento mensal abaixo de 422 euros (...)
(...) em2014 os cinco por cento mais pobres recebiam 19 vezes menos do que os cinco por cento mais ricos (um agravamento brutal da brutal desigualdade que já se registava em 2009, quando a diferença era de 15 vezes), (...)
«O INE divulgou já em 2016 os resultados de um inquérito que fez aos rendimentos monetários disponíveis das famílias portuguesas, cujos resultados (apenas alguns) constam do quadro 1 que se apresenta seguidamente.
Embora os resultados desse inquérito revelem um aumento da desigualdade na repartição do rendimento disponível (entre 2010 e 2014, o número de vezes que o rendimento medio disponível dos 10% de agregados mais ricos é superior ao rendimento médio disponível dos 10% mais pobres, aumentou de 12,8 vezes para 13,1 vezes), mesmo estes dados do INE não dão uma ideia completa da verdadeira dimensão que atingiram as desigualdades em Portugal.
E para concluir basta analisar as Estatísticas divulgadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira do Ministro das Finanças que, apesar de deficiências conhecidas, mostram que as desigualdades são muito maiores (são enormes) no nosso país.»
«O INE acabou de divulgar os resultados do “Inquérito às Condições de Vida e Rendimento", realizado em 2013 sobre rendimentos do ano anterior dos portugueses, que revelam um aumento significativo da pobreza em Portugal. Esses dados provam também mais uma vez a falsidade das conclusões do estudo do FMI, analisado no nosso estudo anterior, de que, no nosso país, são os ricos que estão a ser mais atingidos pela política de austeridade.»
«O governo e os media dominantes deram grande difusão a um estudo do FMI segundo o qual as políticas de austeridade têm atingido sobretudo os rendimentos mais altos. Com esse estudo o FMI pretende moldar a realidade à política em que é parte interessada. Um estudo da Universidade de Essex confirma aquilo que os portugueses bem sabem: que é efectivamente sobre os rendimentos mais baixos que incide o essencial da “austeridade”, mais justamente conhecida como roubo.»
Mas atente-se nas duas outras informações do supracitado trabalho da Sábado – a de que «Em 2008 apenas um terço das empresas portuguesas entregou dinheiro às Finanças» e a de que «Em 2009 os bancos podem pagar só 4,3% do imposto sobre o rendimento».
Anote-se, no caso, que se apenas um terço das empresas portuguesas entregou dinheiro às Finanças em 2008 (ou seja, pagou impostos), isto significa, naturalmente, que dois terços das empresas nacionais não pagaram quaisquer impostos em 2008, o que não admira, pois é também sabido que essa é também a percentagem das empresas que, em Portugal, se habituaram a declarar prejuízos, sem que o Estado se preocupe a investigar o que quer que seja, mesmo que ligeiramente.
Anote-se, também, que os bancos podem pagar em 2009 apenas 4,3% de imposto sobre o rendimento, o que é escandalosamente inferior ao que estão obrigadas quaisquer entidades, individuais ou colectivas.
Como se vê, o roubo continua. Roubo aos pobres e aos «remediados» e sempre a favor dos ricos. E devidamente organizado pelos Governos PS e PSD, que por aí continuam a palrar «em nome do povo»...
_
In Jornal «Avante!» - Edição de 18 de Novembro de 2010
Na última revista Sábado anunciava-se, em capa, que «Em 20011 o Estado vai perder € 1.368 milhões por causa dos benefícios fiscais». Era uma das informações centrais de um trabalho jornalístico intitulado «Como as grandes empresas escapam ao Fisco e ganham milhões» (e desenvolvido no interior ao longo de dez páginas), acompanhada de mais duas outras – a de que «Em 2008 apenas um terço das empresas portuguesas entregou dinheiro às Finanças» e a de que «Em 2009 os bancos podem pagar só 4,3% do imposto sobre o rendimento».
Entendamo-nos: por um lado – e no quadro do malfadado PEC III -, o Governo de José Sócrates decidiu reduzir salários à Função Pública, cortar subsídios vários a desempregados e pobres e depredar orçamentos na Saúde e na Educação para obter um corte no que chamou «despesas primárias do Estado» no montante de mil e tal milhões de euros.
Por outro lado, e por via de benefícios fiscais às grandes empresas, entrega-lhes de bandeja – porque não lhos cobra em impostos – exactamente a monstruosa verba de mil e tal milhões de euros que se prepara para esfolar ao povo e ao País.
É o que se chama roubar aos pobres para dar aos ricos. Literalmente e com o mais brutal descaramento.
_
In Jornal «Avante!» - Edição de 18 de Novembro de 2010