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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Isto é uma mais-valia bem concrecta (3)

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Os capitalistas tudo fazem para aumentar a mais-valia, alargando a duração da jornada de trabalho, reduzindo os salários e aumentando a produtividade, nomeadamente pela intensificação do ritmo de trabalho ou pela introdução de novas tecnologias.

Todos os avanços tecnológicos alcançados pela humanidade, incluindo a nova revolução científica e técnica, permitem que a grande maioria da população possa trabalhar menos horas para satisfazer as suas necessidades.

Aquilo que se tem observado, no entanto, é que o capitalismo não quer e não pode abdicar da mais-valia que arrecada.

Sabendo, como sabemos, que o capitalismo é uma realidade histórica contraditória, o que está em causa é saber até quando conseguirá sobreviver.

 

Isto é uma mais-valia bem concrecta (2)

Mais-valia 1.png

Partindo dos economistas clássicos ingleses — o país onde o capitalismo estava mais desenvolvido —, Marx lançou-se à descoberta dos aspectos estruturais do funcionamento da economia capitalista, amplamente desenvolvidos na sua obra O Capital. Entre eles, a essência do modo de produção capitalista: a exploração.

Destaca-se, da sua interpretação, a compreensão de que a economia é uma ciência histórica.

Ao contrário do que outros economistas pensavam — e muitos ainda pensam —, as coisas não são o que sempre foram nem serão o que são agora. Em vez de dizer «Pobres e ricos sempre houve e haverá», Marx procurou explicar a razão dessa distinção.

Percebeu que o fundamental do modo de produção capitalista não consiste numa relação entre objectos — a troca de mercadorias — mas é a expressão duma relação entre pessoas. Essa relação social, mediada pela troca de mercadorias, toma por isso a aparência de uma relação entre coisas. A classe operária só tem uma mercadoria para vender, a sua força de trabalho, e precisa de a vender para satisfazer as suas necessidades.

Como o capitalista precisa dessa força de trabalho vai comprá-la mediante um salário, tentando pagar o mínimo possível por ela: o indispensável para que quem a vende possa cobrir o custo do seu sustento (e da sua família).

O que parece ser uma troca livre e equitativa esconde na verdade uma relação de exploração. Quem se vê forçado a vender a sua força de trabalho em troca de um salário, fá-lo por um período de tempo determinado: durante uma parte dele trabalha e recebe o que acordou, durante a outra parte trabalha gratuitamente, criando para o capitalista a mais-valia, fonte dos lucros, fonte da riqueza da classe capitalista. É na apropriação da mais-valia produzida pelo trabalho da classe operária que reside a exploração.

 

Isto é uma mais-valia bem concrecta (1)

Mais-valia 3.png

A jornada de trabalho divide-se em duas partes: trabalho necessário e sobretrabalho.

Na parte chamada trabalho necessário o trabalhador produz para si próprio, isto é, produz uma quantidade de valor correspondente ao valor dos seus meios de subsistência.

No sobretrabalho o trabalhador produz a mais-valia, ou seja, um valor a mais, que antes não existia e que, através da sua apropriação privada pelo capitalista, forma o lucro.

Se numa jornada de trabalho de 8 horas 2 são de trabalho necessário e 6 sobretrabalho, nesse caso a mais-valia equivale a 6 horas.

 

28 de Novembro de 1820 – Nasce Friedrich Engels

Friedrich_Engels.jpg

O filósofo e político Friedrich Engels nasceu em Barmen, na província prussiana do Reno, actual Alemanha.

Para além de autor de várias obras cuja característica principal é a elaboração das teorias do materialismo histórico, Engels foi, juntamente com Karl Marx, um dos fundadores do socialismo moderno, cuja teoria, embora elaborada por ambos, passou à história com o nome de marxismo.

Engels e Marx escreveram juntos o Manifesto Comunista (1848), um dos mais importantes documentos políticos da história da humanidade. Aí demonstram que «a história da humanidade até os nossos dias é a história da luta de classes», que «os proletários nada têm a perder a não ser os seus grilhões», e lançam o apelo «Proletários de todos os países uni-vos!».

Após a morte de Marx, além de prosseguir a elaboração teórica Engels dá continuidade ao trabalho político que ambos haviam desenvolvido e completa o segundo e terceiro volumes de O Capital (1885 e 1894).

 

O meu Marx é diferente

     A propósito da actual crise económica e financeira do sistema capitalista a obra de Karl Marx ganhou um novo relevo. Mas muito do que se escreve e diz revela um desconhecimento (ou ignorância) atroz. Falam de Marx, mas aparentemente nunca o leram. Quanto mais estudarem-no. O resultado é uma deturpação objectiva do seu pensamento. Uma caricatura ridícula da realidade da sua acção.

É caso para dizer que o «meu» Marx é diferente.

O meu Marx é o que converteu a utopia em pensamento político e este em acção revolucionária. O que descobriu as leis objectivas do desenvolvimento social e provou cientificamente a inevitabilidade da superação do capitalismo e do triunfo do socialismo. O que analisou a vida social como algo que está em permanente movimento. O Marx determinista, mas não fatalista.

O meu Marx é o que reelaborou criticamente todas as melhores conquistas do pensamento humano no domínio da filosofia. O que considerou que na sociedade, como na natureza, existem nas situações e nos fenómenos relações objectivas de causa e efeito. É o Marx da afirmação: «Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes, a questão é transformá-lo». Ou de «A nossa teoria não é um dogma, mas um guia para a acção». Ou, ainda, o da constatação cem por cento actual de que «as ideias dominantes de um tempo foram sempre apenas as ideias da classe dominante». É o Marx da dialéctica como método de conhecimento e transformação do mundo. Da prática como fundamento e fim do conhecimento. Do conhecimento como reflexo do mundo objectivo.

O meu Marx é o da análise do capitalismo e das leis fundamentais da reprodução do capital que se revelam de uma evidente modernidade. Como a lei do valor e a teoria da mais-valia, que esclarece os mecanismos da exploração capitalista. Como a lei da baixa tendencial da taxa de lucro, que o capital tudo faz para contrariar e que determina a financeirização crescente da economia. Como a lei da pauperização relativa, que desvenda as causas de fundo inultrapassáveis pelo capitalismo das crises de sobreprodução.

É o Marx da «globalização» teorizada em 1848: «A necessidade de um mercado em constante expansão para os seus produtos persegue a burguesia por todo o globo terrestre. Tem de se fixar em toda a parte, estabelecer-se em toda a parte, criar ligações em toda a parte.» Ou: «A burguesia, pela sua exploração do mercado mundial, deu uma forma cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países

O meu Marx é o da a teoria do socialismo científico. O da missão histórica e papel dirigente da classe operária na transformação revolucionária da sociedade, pondo fim à milenária exploração do homem pelo homem e abrindo caminho à história verdadeiramente humana de todos os homens. O da teoria da luta de classes: «a história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes». O de «o moderno poder de Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa». O de «as proposições teóricas dos comunistas de modo nenhum repousam sobre ideias, sobre princípios, que foram inventados ou descobertos por este ou por aquele melhorador do mundo. Elas são apenas expressões gerais de relações efectivas de uma luta de classes existente, de um movimento histórico que se processa ante os nossos olhos.»

Como Marx refere, no prefácio à primeira edição de O Capital, «a sociedade actual não é nenhum cristal fixo, mas um organismo capaz de transformação e constantemente compreendido num processo de transformação».

Espero ter demonstrado que o meu Karl Marx (e Friedrich Engels) é efectivamente diferente das vulgatas que por aí se vão «vendendo». E que teriam levado Marx a afirmar, de novo, «se isso é marxismo, então eu não sou marxista»...

                                                                                    

Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação

                                                                                           

In jornal "Público" - Edição de 20 de Fevereiro de 2009

                                                                                          

Marx hoje

    Artigo de Carlos Aboim Inglez escrito para o Diário de Notícias de 10 de Março de 1983, na passagem do centenário da morte de Karl Marx (14 de Março de 1883)

1. Não haverá hoje quem, minimamente culto e honesto, não reconheça em Karl Marx, sobre cuja morte passam, a 14 de Março, cem anos, um dos maiores pensadores de toda a história da Humanidade, um cientista de rara profundidade, envergadura enciclopédica, rigor intelectual e previsão genial. E também dificilmente alguém negará ter sido Marx um dos homens que, pela força do seu pensamento, mais ainda, que pela sua aliás notável actividade prática, maior influência exerceu sobre a vida ulterior da Humanidade.

Inclusive aqueles que hoje negam a validade do marxismo, os que o combatem, ou que combatem as forças sociais, políticas e intelectuais que o encarnam e continuam, mesmo esses usam-no, utilizam o marxismo, ou conhecimentos, conceitos, teorias de raiz marxista. E não é isto qualquer paradoxal contradição, nem sequer plágio consciente. Para uns, sendo o marxismo verdade, da verdade se têm de socorrer, mesmo negando-a e ocultando-a, para agirem eficazmente na prossecução dos seus interesses. Mas para outros, para todos, para a grande massa, do que se trata é que muito do que Marx descobriu e formulou se difundiu de tal forma (com a expansão e desenvolvimento do marxismo) que passou já hoje ao património do próprio senso comum e ao acervo do conhecimento científico mais generalizado.

                                                                   

Ler Texto Integral

                                                           

Karl Marx: Breves notas sobre uma vida exaltante

    Sem nos mover a pretensão de apresentarmos uma exaustiva e completa biografia de Marx, limitarmo-nos a deixar aqui, aos nossos leitores, algumas breves notas.

•    5 de Maio de 1818 – Nasce Karl Marx, em Trier, na Prússia renana, filho de um advogado, homem culto que partilhava as ideias progressistas dos filósofos do Século das Luzes, admirador de Voltaire e Rousseau.
•    1830 – Marx entra no liceu, que termina apresentando uma dissertação de fim de curso intitulada «Reflexões de um jovem perante a escolha de uma profissão». Recebe um diploma onde o júri que o examina escreveria: «graças às suas capacidades justificar-se-ão as esperanças nele depositadas
•    1835 – Entra na Universidade de Bona, no curso de Direito, transferindo-se um ano depois para a Universidade de Berlim. As obras de Kant, Fichte, Hegel, Feuerbach são os pontos de partida para o aprofundamento dos seus conhecimentos. Conclui o curso de Filosofia em Abril de 1841, tendo-lhe sido conferido o título de doutor em Filosofia.
•    Outubro de 1842 – Marx torna-se chefe de redacção da Gazeta Renana, onde divulga as suas ideias progressistas e assume a defesa dos interesses das massas trabalhadoras. Em 1843, o governo prussiano reaccionário proíbe o jornal e em Outubro de 1843 Marx parte para Paris, então centro político e cultural da Europa. Antes de partir casa-se com Jenny von Westphalen, sua amiga de infância.
•    1844 – Em Paris, ligado aos mais destacados dirigentes do movimento operário francês, publica, em Fevereiro, a revista Anais Franco-Alemães, onde, pela primeira vez, formula a ideia do papel histórico universal da classe operária.
•    Agosto de 1844 – Se em 1842 Karl Marx e Friedrich Engels já se haviam encontrado em Colónia, quando Engels a caminho da Inglaterra passou pela redacção da Gazeta Renana, foi o seu histórico encontro em Paris, nos finais de Agosto de 1844, que marcaria o início de uma fecunda colaboração e profunda amizade, que se prolongariam durante toda a existência de Marx.
Comungando dos mesmos pontos de vista na análise da sociedade capitalista, herdeiros dos conhecimentos mais avançados naquela época em vários domínios, designadamente nos da filosofia, da história, da economia política, Marx e Engels legaram-nos uma gigantesca obra científica e revolucionária cujo valor e actualidade perduram até aos nossos dias e influenciarão seguramente os séculos vindouros.
•    Nesse mesmo ano de 1844 publicam a sua primeira obra conjunta A Sagrada Família.
•    1845 – Marx fixa-se em Bruxelas e em Setembro desse mesmo ano, conjuntamente com Engels, escreve A Ideologia Alemã, onde apresentam pela primeira vez os fundamentos do materialismo dialéctico e histórico, concepção do mundo da classe operária
•    1847 – Foi constituída a primeira organização internacional dos trabalhadores: a Liga dos Comunistas, cujo II Congresso, em Novembro-Dezembro desse ano, encarrega Marx e Engels de redigirem um «manifesto» dirigido aos trabalhadores de todos os países.
•    Fevereiro de 1848 – É publicado o Manifesto do Partido Comunista, cujo 160.º aniversário se assinala este ano e cujas análises e conclusões, assim como as suas palavras finais «Proletários de todos os países, uni-vos!» mantêm todo o sentido e actualidade nos tempos que vivemos. Estavam lançadas as bases do comunismo científico e das ideias que mudariam o curso da história.
A publicação do Manifesto coincide com o princípio das revoluções burguesas de 1848-1849 na Europa.
•    Ainda em 1848, Marx e Engels partem para a Alemanha e fundam, em Junho, a Nova Gazeta Renana, de que Marx é redactor-chefe e que será o primeiro jornal do proletariado alemão.
•    Maio de 1849 – Marx é expulso da Alemanha pela contra-revolução vitoriosa e parte para a França.
É expulso de Paris e vai para Londres, onde viverá até ao fim da sua vida.
•    28 de Setembro de 1864 – Marx e Engels encontram-se entre os principais fundadores da Associação Internacional dos Trabalhadores – a I Internacional, que existiu até 1876.
É também neste período que Marx inicia a sua obra principal O Capital, publicando o primeiro volume em 1867.
•    1871 – Marx vive o histórico acontecimento revolucionário que foi a Comuna de Paris e saúda com emoção o proletariado de Paris que se lançara ao «assalto do céu». Após a Comuna de Paris, inicia-se o processo de formação dos partidos operários em numerosos países, elevando a um novo nível o desenvolvimento do movimento operário mundial.
É neste período que Marx escreve a sua obra A Guerra Civil em França.
•    14 de Março de 1883 – Vencido pela doença que o atormentava havia anos, Marx, esse homem cujo grande objectivo da sua vida foi a luta pela libertação da classe operária, morreu na sua residência, em Londres.

Perseguido, caluniado, preso, expulso de vários países, as autoridades reaccionárias alemãs impediram-no de regressar à sua pátria.
Marx e a sua família passaram por grandes dificuldades e duras provações, conseguindo sobreviver graças à ajuda fraternal de Engels e aos fortes laços que os uniam.

                  

In revista "O Militante" - Edição Maio/Junho 2008

                                                                          

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