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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

Quem disse «podem dizer que fui eu quem (...) mandou pôr [as bombas] (...) todas, que eu não desminto»?

Bem, comecemos pelo fim. A notícia já tem mais de três semanas, é de de 11 de Julho. Nessa data exultava o Diário da Manhã, perdão, o Diário de Notícias - Comandante Alpoim Calvão já tem "única medalha" que faltava:

«O comandante Alpoim Calvão, o operacional que comandou a "operação Mar Verde" durante a guerra colonial na Guiné, recebeu ontem "a única medalha que não tinha" das mãos do comandante do Corpo de Fuzileiros.

"Acertámos contas com a justiça", cuja celeridade "levou 41 anos" a ser feita com a imposição da Medalha de Comportamento Exemplar, declarou o contra-almirante Luís Picciochi, nas cerimónias do "Dia do Fuzileiro" que ontem decorreram na Escola de Fuzileiros (Vale de Zebro, Barreiro).

Alpoim Calvão, que na sua brilhante folha de serviços (...)»

Mas quem é este Alpoim Calvão?, perguntarão os mais novinhos. Para responder a esta pergunta deixemos o próprio falar do seu «comportamento exemplar» e da «sua brilhante folha de serviços», em entrevista ao «Público» já lá vão uns anos:

«Havia também contactos com o CDS e com o próprio PS, mas a minha função do MDLP sempre foi essencialmente operacional...

(...)

... deslocava-me dentro do país, organizava as células, o MDLP chegou a ter uma estrutura complicada: um directório presidido pelo general Spínola; um Gabinete Político onde estavam o José Miguel Júdice, o José Vale Figueiredo, o Luís Sá Cunha, entre outros. E uma organização operacional composta pelo Gilberto Santos e Castro, pelo tenente coronel Pires de Lima e por mim próprio.

(...)

R- Aliámos o povo do norte, já que a rapaziada do Alentejo andava na euforia da reforma agrária.

P- Quem é o povo do norte?

R- É toda a gente, desde a Igreja a milhares de pessoas...

P- O cónego Melo , de Braga?

R- Sim, o cónego Melo foi uma pedra chave em toda esta movimentação.

P- Quem incendiou as sedes do PC no norte?

R- Havias já algumas outras movimentações no terreno. Por exemplo, havia um pirata chamado Paradela de Abreu, mas que era um pirata útil. E a ligação do seu movimento- "Maria da Fonte"- connosco, era feita pelo engenheiro Jorge Jardim, por quem eu tinha consideração e admiração. Houve assim alguns movimentos como este que se juntaram a nós e chegou a haver 10, 15, 20 mil pessoas como aconteceu em Braga e noutros sítios. Quando os da Dinamização Cultural chegavam a certas aldeias encontravam 50 burros à espera deles e a aldeia deserta... Incendiaram-se as sedes, reagiu-se... Gerou-se assim uma vaga de fundo em que uns entravam pelo rés-de-chão e os outros, saiam a voar pelo primeiro andar. Mas em muitas sedes os comunistas defenderam-se a tiro de caçadeira... Seja como for, arranjou-se muita gente o que explica que, a dada altura, o MDLP tivesse logrado uma certa expressão e importância.

(...)

Apareceram aí umas bombas que ninguém mandou pôr...

P- Já depois do 25 de Novembro?

R- Sim. Antes disso, podem dizer que fui eu quem as mandou pôr, a todas, que eu não desminto. Depois disso, nem uma! Bem, as coisas foram-se resolvendo pelo tempo e pelo diálogo, embora, dentro daquilo que restava do MDLP, houvesse ainda quem continuasse a pôr bombas quase por profissão... Já não tive nada a ver com isso

Ler toda a entrevista aqui: Alpoim Calvão

Se Alpoim Calvão teve ou não teve a ver com isso é outra estória. Vejamos mais alguns dados sobre o seu «comportamento exemplar» e a «sua brilhante folha de serviços»:

COMPORTAMENTO EXEMPLAR

O capitão de mar e guerra Alpoim Calvão foi agraciado dia 10 de Julho com a "Medalha do Comportamento Exemplar". O referido capitão foi o chefe operacional do ELP/MDLP, organização que se distinguiu pela execução de sete assassinatos, 62 atentados contra habitações, 52 automóveis destruídos, 62 acções terroristas não especificadas, ataques a 102 sedes de partidos de esquerda com destruição de 70 delas. Tudo isso entre 1974 e 1977.

No tempo colonial, o referido cidadão fora o responsável pela "Operação Mar Verde", destinada a assassinar Amilcar Cabral e o presidente da Guiné Conakri.

O chefe político do ELP/MDLP era o general António Spínola (posteriormente guindado a marechal). Ainda este ano Cavaco Silva & António Costa inauguraram em Lisboa uma avenida com o nome do mentor daquela organização terrorista.

Comentários de Mário Tomé em: O Sol

Para Ler:

«Na noite de 4 de Outubro de 1975 Alpoim Calvão aproveitou as 11 horas que passou escondido no telhado do Seminário de São Tiago, em Braga, para... dormir. Pelo menos é o que conta o principal comandante operacional do movimento inspirado por Spínola no livro De Conakry ao MDLP (Ed. Intervenção), ao descrever o cerco feito por forças do Regimento de Infantaria de Braga, que conseguiram capturar o major Mira Godinho e o major-tenente Benjamim de Abreu, mas não descobriram o vulto mais procurado das redes bombistas de direita.Nos barrotes do sótão, o militar medalhado cujo nome terá sido apontado para chefiar a PIDE/DGS antes do 25 de Abril haveria de se voltar a encontrar com outro dos convivas no denunciado almoço em que o anfitrião era o cónego Melo - Paradela de Abreu, o fundador do movimento Maria da Fonte (espécie de compagnon de route do MDLP), anotou este outro conspirador em Do 25 de Abril ao 25 de Novembro (Ed. Intervenção).»

Continuar a ler

Livro aconselhado:


Para o comprar:

No Avante! de 11 de Março de 2010:


Publicado neste blog:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

_

Spínola não queria libertar os presos políticos. Obama também não quer...

    1. «(...) Lembro-me, na tarde de dia 26, face à demora na libertação dos presos políticos provocada pela resistência de Spínola e do seu círculo em libertar acusados de acções violentas ou de «terrorismo», (...)»

2. «(...) Ao lado da alínea sobre "a amnistia imediata de todos os presos políticos, na metrópole e no ultramar", o general coloca um ponto de interrogação. No livro "Alvorada em Abril", Otelo Saraiva de Carvalho diz que as objecções de Spínola à amnistia estavam relacionadas com a vontade do general impedir que fossem libertados os que "advogam a entrega imediata do Ultramar". Vítor Alves afirma que Spínola não concordava com a libertação de presos políticos que tivessem estado envolvidos em crimes de sangue. (...)»

3. «(...) Na prisão de Caxias, a DGS e a GNR mantêm as suas posições. As tropas paraquedistas comandadas por José Brás e Mário Pinto são as primeiras a chegar ao local, sendo mais tarde apoiadas por fuzileiros que organizam um cordão de segurança no reduto norte. A multidão aflui a Caxias para exigir a libertação dos presos políticos, seguindo-se longas conversações entre os advogados e familiares dos presos e o enviado de Spínola, que manifesta a intenção de não libertar todos os presos. (...)»

«O Presidente dos Estados Unidos vai retomar os julgamentos militares em Guantánamo. O processo judicial controverso tinha sido implementado por George Bush, mas foi terminado por ordem da nova administração americana. Obama diz que os suspeitos de terrorismo terão direitos mais amplos do que até à altura em que os julgamentos foram sancionados».

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

                                                                   

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