«O conselho de administração da CGD que esteve em funções no período 2010/2016 vai ser substituído por uma nova administração que brevemente tomará posse.
Parece-nos ser este o momento adequado para fazer um balanço da gestão da administração que agora finda o seu mandato, e como base nele identificar os principais desafios que se colocam à nova administração, a qual será naturalmente avaliada pela capacidade que revelar em os enfrentar e resolver.
É o que vamos procurar fazer, embora de uma forma sintética, utilizando dados dos relatórios e contas do período que vai de 2010 ao fim do 1º semestre de 2016, com os quais se construiu o quadro 1, que se encontra em anexo.»
O Banco Central Europeu comprou, entre os dias 8 de Junho e 15 de Julho, 10,4 mil milhões de euros de dívida privada. Não se trata, porém, de uma dívida qualquer, por exemplo, de cidadãos comuns ou de pequenas empresas em dificuldade. Esta ajuda, que em última instância será suportada pelas camadas populares, destinou-se a socorrer precisamente grandes multinacionais europeias cotadas nas principais praças financeiras.
Entre elas encontramos nomes conhecidos de grupos franceses como Axa, Total, Danone, Sanofi, Orange, Pernod Ricard ou ainda Air Liquide e Schneider Electric, entre outros.
Mas, segundo noticiou o jornal Le Monde, a generosidade do BCE beneficiou igualmente os grupos alemães BMW, BASF e Daimler.
O BCE passou deste modo a aplicar à dívida dos grandes grupos económicos o mesmo tratamento até aqui reservado às dívidas dos estados. Ou seja, para manter as taxas de juros baixas, adquire títulos de dívida, usando o chamado «quantitative easing». Este mecanismo, que funciona como uma espécie de impressora de dinheiro, leva a instituição a criar, todos os meses, várias dezenas de milhares de euros que logo se «evaporam» nos mercados financeiros, sem nunca chegarem à economia real, isto é, à vida das pessoas.
Especialmente dedicado ao Banco Central Europeu e à sua vontade de nos «enfiar pela goela abaixo» a destruição total dos direitos e conquistas sociais:
«O Expresso on-line de 28.6.2015 noticiava (é apenas um ex.): “Se a meio da semana as instituições (a “troika”) exigiam uma taxa de 23% para todos os bens e serviços (com exceção de uma de 6% para medicamentos, livros e teatro), a gora a troika aceita uma taxa intermédia de 13% em alimentos básicos, energia, água e hotéis, mantendo os 23% para a restauração”.
A pergunta que naturalmente se coloca para reflexão é a seguinte:
Como é que foi possível chegar a este grau de interferência na vida interna de um país sem que isso provoque um protesto generalizado nos países da U.E.? Como tudo isto se tornou “normal” e “natural”? Como foi possível que os eurocratas da Comissão Europeia, do BCE, do FMI, etc., se arroguem no direito de interferir desta maneira na vida dos países? Como é possível, face à posição de resistência do governo grego, que a diretora do FMI tenha o desplante da acusar o governo grego de “falta de maturidade”? Que Durão Barroso, ex-presidente da CE, diga que “tem falta de experiencia”’. E que perante tudo isto, Cavaco Silva apenas considere a Grécia como um simples número, pois se sair do euro, o número de países passa de 19 para 18; que Passos Coelho e a sua ministra das Finanças só tenha para dizer que “Portugal tem uma almofada financeira para enfrentar a turbulência da saída da Grécia da zona do euro”. E que os media em Portugal e, nomeadamente, a maioria dos seus “comentadores” se unam numa santa aliança para desacreditar o governo grego, e para convencer a opinião pública que tudo isso é “normal” e “natural”, acusando o governo grego de “não ter juízo” ou de ter ”várias caras”. Chegando mesmo a escrever que Tsipras tem tido uma conduta errática porque a mulher o ameaçou com divórcio (o Expresso têm-se destacado nessa campanha). E por último a entrada na campanha pelo “sim” do presidente do Eurogrupo, da Holanda e do próprio BCE pela voz de Vitor Constâncio.
Para estes senhores tudo vale mesmo a interferência na vida interna de um país. Para estes senhores a soberania de um país e a dignidade de um povo são valores que já não existem (estão em desuso). Para eles a resistência do povo e do governo grego aos ditames de Bruxelas, é uma afronta porque lhes faz lembrar a indignidade da sua posição. Parafraseando a duquesa de Bragança, Luísa Gusmão, apetece dizer: “Melhor ser livre um dia, que andar de cócaras e ser submisso toda a vida”.
Contrariamente ao que afirmam o governo e o próprio presidente da República, não é verdade que Portugal não seria afetado com uma eventual saída da Grécia da Zona do euro. Apenas um ex. para provar isso. Como a experiência já mostrou as taxas de juro da divida pública disparariam. A banca e os seguros que tem cerca de 70.000 milhões € de títulos de divida, a maioria pública (Ativos para venda), sofreriam um forte “rombo”, porque a divida pública sofreria uma forte desvalorização, tornando ainda mais difícil a situação destes setores.»
1. Quando o PCP dizia que, se o BCE interviesse, era possível baixar as taxas de juro aos empréstimos das dívidas públicas, os governos do PS e do PSD/CDS disseram que não. Afinal, como agora se vê, sempre era possível. Bastou o BCE intervir e ameaçar. Mas, durante estes anos, os mercados (grandes bancos, companhias de seguros e fundos financeiros) ganharam milhões à custa dos povos português, grego, espanhol, irlandês...
E, sendo isto hoje uma evidência, a pergunta a fazer é se os responsáveis por deixarem a especulação à solta, designadamente o BCE e a Alemanha, não deveriam ser pressionados politicamente a compensar estes povos pela política seguida.
2. Quando o PCP dizia que a política dita de austeridade levava à concentração da riqueza e à deflação, PS, PSD, CDS diziam que não, que a política seguida era a única possível.
Hoje, o PS já dá o dito por não dito, e o PSD/CDS fazem de conta, perante a evidência de que Portugal e agora o Chipre estão em deflação.
Afinal o PCP tinha razão quando falava na «japonização» da União Europeia. A deflação aí está. E não se diga que é o preço do petróleo, pois a tendência já vem de longe!
3. Dizer que a economia do País está melhor é um refinado embuste. No entanto, foi o que disseram Cavaco, Passos e a corte de comentadores do sistema na passagem do ano
Desde a troika, o PIB caiu 6%. Mas este ano, dizem eles, o PIB crescerá um glorioso 1 e tal %.
Partindo de uma base tão baixa, e de factores favoráveis como o preço do petróleo, a baixa da taxa de juro, a depreciação do euro, um tão modesto crescimento só revela o estado de destruição do aparelho produtivo do País. Com as taxas de crescimento previstas, nem em 2017 alcançaremos o nível do PIB que tínhamos quando entrou a troika!
Mas não foi só o PIB. Destruíram meio milhão de empregos e o investimento caiu cerca de 30%.
A degradação das estruturas , a falta de manutenção em praticamente todos os sectores vai pagar-se caro!
Diminuiu a população activa, com a saída de imigrantes e o aumento da emigração. Baixou a natalidade e aumentou o envelhecimento da população.
A desertificação interior cresce a olhos vistos, mas o País está melhor, dizem os responsáveis pelo seu afundamento.
Até a dívida, em vez de diminuir, aumentou!!!
4. A mudança é urgente. Infelizmente, o PS continua a navegar na ambiguidade e, no essencial, a defender a mesma política. Para enganar eleitores pode apelidar a sua política de «economia social de mercado», termo já utilizado no Tratado de Lisboa que, como se viu, levou a Europa para os píncaros do desenvolvimento!
O grande académico Vital Moreira, grande defensor do Tratado Transatlântico, considera que, com a «economia social de mercado», está descoberta a pedra filosofal que dará resposta à crise do sistema capitalista. Coitado, ao que chegou o professor...
Há dias, na comissão parlamentar inglesa de inquérito à falsificação do índice Libor, foi perguntado a um vice-governador do Banco de Inglaterra se estava confiante que já não houvesse falcatruas. A resposta foi: «não posso confiar em nada, depois de tomar conhecimento desta fossa de estrume [cesspit]» (Telegraph, 9.7.12). Não é todos os dias que se pode concordar com um vice-governador do Banco de Inglaterra. A fossa de estrume em questão é a grande finança. É a banca que «precisa de ser recapitalizada», objectivo que justificaria a destruição das economias e a ruína dos estados. São os «mercados» que têm de ser «acalmados» e para isso precisam que nos cortem direitos, salários, subsídios e feriados. Já é oficial: trata-se duma estrumeira.