Director da TV Cultura e responsável pelo telejornal «Hora da Notícia», Vladimir Herzog (Vlado) foi assassinado no dia 25 de Outubro de 1975, em São Paulo, nas instalações do Destacamento de Operações de Informações, do Centro de Operações de Defesa Interna.
Vlado, que após intimação se apresentou voluntariamente para «prestar depoimento» sobre a sua alegada ligação ao Partido Comunista do Brasil, na clandestinidade desde o golpe militar de 1964, foi torturado até à morte.
A versão de «suicídio», divulgada pelas autoridades militares, só foi rectificada em 2013, no âmbito dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade.
Segundo o relatório da Comissão, Vlado foi morto pela «Operação Radar», que tinha como objectivo liquidar a organização do Partido Comunista do Brasil e foi responsável pela morte de 20 militantes do partido entre 1974 e 1976, 11 deles ainda desaparecidos.
Em plenas celebrações dos 40 anos da nossa querida revolução de Abril, que teima em deixar-nos saudosistas é com um enorme prazer, vos convido para a abertura no próximo dia 15 para a exposição "Por teu livre pensamento" de onde resultou o meu primeiro livro em co-autoria com o Rui Daniel Galiza, onde retratamos 25 ex-presos politicos portugueses.
Este trabalho foi exposto apenas no Centro Português de Fotografia, no Porto em 2007 e na Point of View Gallery em Nova Iorque em 2008, e por isso achei que seria uma boa altura para o mostrar pela primeira vez em Lisboa, e a Plataforma Revólver aceitou de imediato a ideia.
A inauguração será nodia 15 de Maio às 22h na Rua da Boavista nº84 em Santos, Lisboa.
Espero poder contar com a vossa presença, e estarei lá para vos receber.
Com todo esse burburinho sobre a revisão da Lei de Anistia prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos, um discurso tem sido frequente. Que se deva apurar os crimes cometidos de ambos os lados durante o regime militar, tanto dos militantes de esquerda quanto das forças de repressão.
O que a primeira vista pode parecer uma posição de aparente equilíbrio, traz na verdade um conceito reacionário, de que a resistência armada a um regime de exceção seja vista como crime (criminalização).
Não nos esqueçamos de que os militantes de esquerda que lutaram contra a ditadura militar no Brasil já tiveram punição suficiente. Foram presos, cassados, implacavelmente torturados, executados, desaparecidos. Já seus carrascos, sem nenhum arranhão, escaparam tranquilos da Justiça, indo se refugiar nos braços da Lei de Anistia, inclusive reverenciados pelos seus atuais colegas de farda nos clubes militares da vida.
Levar ao banco dos réus ex-militantes que pegaram em armas para enfrentar fascistas no Brasil seria tão absurdo quanto julgar os partisans pelos atentados cometidos contra militares alemães durante a ocupação da França na Segunda Guerra Mundial. É confundir, maliciosamente, vítimas com algozes...mais uma vez.
Por isso, meus caros internautas, eu lhes trago este checklist, para que possam imprimir em papel cartão, num tamanho que caiba no bolso ou dentro da carteira. Quando o assunto for revisão da Lei de Anistia e alguém lhe disser que "ambos os lados devam ser punidos", mostre essa charge, só como um lembrete de mais essa verdade inconveniente.