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O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O CASTENDO

TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE»

O Partido, os católicos e a Igreja – questões de actualidade

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Em 24 de Março, uma delegação do Partido, que integrou o Secretário-geral, encontrou-se com o Cardeal D. Manuel Clemente. O encontro visou a troca de opiniões sobre a situação do País e resultou de uma convergência de vontades e acerto de agendas.

O encontro foi positivo. Jerónimo de Sousa situou-o nas «... relações normais e institucionais com a Igreja ...», lembrou que «... não há um partido de católicos, todos os partidos têm católicos nas suas fileiras ...», valorizou «... a convergência de opiniões em relação à necessidade de alterar o rumo desta política, que produz e reproduz tanta injustiça epobreza e, com as naturais diferenças que existem entre o Partidoe a hierarquia católica, foi possível encontrarpontos de vista comuns, formas de intervenção, a valorização do sentimento de confiança e esperança numa mudança de rumo, o valor da solidariedade, particularmente com os que menos têm e menos podem ...(e) a identificação do quea Igreja e o Partidoprocuramum País melhor, com mais justiça social, com menos pobreza e desemprego, não ficando apenas na contemplação dos problemas, mas com intervenção concreta juntodos cidadãos ….».

Estes são elementos importantes, no quadro da orientação geral do Partido para a construção de uma política e de uma alternativa patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril. Por isso, não se estranha a sua ocultação pelos media dominantes, nem as mistificações que traduzem o «incómodo» com o eventual crescimento da influência do PCP entre trabalhadores e sectores católicos. Para uns o PCP entrou na «caça ao voto», para outros deixou cair a «denuncia da opção capitalista da hierarquia». Mas a verdade é que essas questões estão discutidas há muito, em posições que são a base da nossa intervenção.

Em 1943, no auge da barbárie nazi-fascista, Álvaro Cunhal escreveu: «... a Igreja... tem apoiadoas atrocidades fascistaspor isso combatemos… (a sua política) e os sacerdotes fascistas... Mas não os combatemos pela actividade religiosa… (mas) sim pela actividade contra o povo e o País…». E «... não esquecemos que muitos ... são inimigos da Alemanha nazi … (e que) centenas de milhares de trabalhadores... são... influenciados pelo catolicismo, não podemos separar-nos dos nossos irmãos, operários e camponeses católicos..., ou (os) atraímos… para a luta contra o fascismo, ou deixamos que… se constituam em (sua) reserva… não fazemos a «guerra à religião» e não pretendemos atingir a liberdade de crença e de prática de culto…. Estendemos lealmente a mão aos católicos... para que participem no movimento nacional contra o fascismo...».

Em 1946, o IV Congresso do PCP apontou: «… Lutamos contra o sectarismo e incompreensão de muitos dos nossos militantes e …antifascistas republicanos. Houve erros de intolerância em 1910 que não devem... repetir-se...». Em «O Partido Comunista, os Católicos e a Igreja», de 1947, Álvaro Cunhal escreveu: «... As convicções religiosas, por si só, não são susceptíveis de afastar os homens na realização de um programa social e político,... comunistas e católicos podem e devem unir-se em defesa dos seus anseios comuns...».

O VI Congresso, em 1965, consolidou a orientação na relação com os católicos e outros crentes. A vida comprovou a sua justeza – com o papel de padres e católicos progressistas na unidade antifascista, na Revolução, no Portugal de Abril e na sua defesa.

Em 1974, com milhares de católicos militantes do PCP, Álvaro Cunhal afirmou: «…os comunistas defendem… boas relações do Estado com a Igreja. Esta... política não se baseia em critérios de oportunidade, mas numa posição de princípio.… O mundo evolui e a Igreja Católica... mostra também indícios de... evolução positiva.... Confiamos em que os homens mais esclarecidos da Igreja… compreendam… a sinceridade (e) as profundas implicações, para o presente e para o futuro, desta posição do Partido...».

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Nos dias de hoje, o PCP continua a considerar que as convicções religiosas não mudam a posição de classe de cada um, nem alteram um programa social e político progressista.

A Igreja Católica registou mudanças. Cresceu a fusão do Estado do Vaticano com o capital financeiro, que factos recentes não parecem ainda ter superado, mas avançou a secularização e emergiram novas realidades e dinâmicas. Alargou-se o fosso entre o novo diagnóstico do actual Papa, da «economia de exclusão e desigualdade», da «economia que mata» e a indefinição ou ocultação de uma resposta de facto transformadora.

Não existe uma «questão religiosa» em Portugal e o PCP intervirá para que assim continue. Mas a verdade é que há estruturas da Igreja cuja actividade serve os interesses do grande capital. Neste quadro o PCP não pode abdicar do direito de resposta, se isso for impreterível.

A Igreja deve ser respeitada na acção religiosa e ouvida com atenção no plano institucional. Nada move os comunistas contra a Igreja, não acompanhamos posições anticlericais, de génese anarco-maçónica. A experiência mostra que é positivo o relacionamento regular entre o PCP e a Igreja, apesar dos preconceitos.

Hoje, o relacionamento dos comunistas com amplos sectores sociais e de massas, sejam ou não crentes, tem de aprofundar-se, na defesa dos trabalhadores, nas instituições, na CDU, na luta por um Portugal soberano e desenvolvido.

A experiência prova que não é difícil a convergência. O humanismo, a proximidade aos pobres e oprimidos, os valores de paz, justiça e igualdade do «cristianismo primitivo», que resistiu à assimilação pelo Império Romano, e o acervo cultural dos trabalhadores e das massas católicas não estão longe dos ideais comunistas.

No caminho para uma alternativa patriótica e de esquerda há passos a consolidar, com os católicos mais próximos da «Teologia de Libertação» e da «Igreja dos Pobres», com sacerdotes e crentes que não militem na política de direita, que não manipulem a religião como «ópio do povo», que se comprometam com a sua fé por um Portugal com futuro.

AQUI

 

Milhões de euros «escondidos» no Vaticano

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Centenas de milhões de euros, não declarados, foram encontrados em diferentes ministérios do Vaticano, revelou, dia 5, o cardeal australiano George Pell, que dirige o novo secretariado da Economia do papa Francisco.

«Descobrimos que a situação (financeira do Vaticano) era muito mais saudável do que parecia. Porque algumas centenas de milhões de euros estavam escondidas em diversas contas sectoriais e não apareciam nos balanços».

O responsável da Economia descreveu um sistema em que cada serviço mantinha e defendia a sua independência.

«Os problemas eram mantidos em reserva. Poucos eram tentados a confiar ao mundo exterior os problemas da sua casa, o que só acontecia quando precisavam de ajuda externa», afirmou.

 

Desculpem lá, mas não percebi: «escondidos»???...

Alguém me explica?

 

Vá-se lá saber porquê, mas hoje acordei assim...

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Artigo 26

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1. A Santa Sé, a Conferência Episcopal Portuguesa, as dioceses e demais jurisdições eclesiásticas, bem como outras pessoas jurídicas canónicas constituídas pelas competentes autoridades eclesiásticas para a prossecução de fins religiosos, desde que lhes tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos dos artigos 9 e 10, não estão sujeitas a qualquer imposto sobre:

a) As prestações dos crentes para o exercício do culto e ritos;
b) Os donativos para a realização dos seus fins religiosos;
c) O resultado das colectas públicas com fins religiosos;
d) A distribuição gratuita de publicações com declarações, avisos ou instruções religiosas e sua afixação nos lugares de culto.

2. A Santa Sé, a Conferência Episcopal Portuguesa, as dioceses e demais jurisdições eclesiásticas, bem como outras pessoas jurídicas canónicas constituídas pelas competentes autoridades eclesiásticas para a prossecução de fins religiosos, às quais tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos dos artigos 9 e 10, estão isentas de qualquer imposto ou contribuição geral, regional ou local, sobre:

a) Os lugares de culto ou outros prédios ou parte deles directamente destinados à realização de fins religiosos;
b) As instalações de apoio directo e exclusivo às actividades com fins religiosos;
c) Os seminários ou quaisquer estabelecimentos destinados à formação eclesiástica ou ao ensino da religião católica;
d) As dependências ou anexos dos prédios descritos nas alíneas a) a c) a uso de instituições particu1ares de solidariedade social;
e) Os jardins e logradouros dos prédios descritos nas alíneas a) a d) desde que não estejam destinados a fins lucrativos;
f) Os bens móveis de carácter religioso, integrados nos imóveis referidos nas alíneas anteriores ou que deles sejam acessórios.

3. A Santa Sé, a Conferência Episcopal Portuguesa, as dioceses e demais jurisdições eclesiásticas, bem como outras pessoas jurídicas canónicas constituídas pelas competentes autoridades eclesiásticas para a prossecução de fins religiosos, desde que lhes tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos dos artigos 9 e 10, estão isentas do imposto de selo e de todos os impostos sobre a transmissão de bens que incidam sobre:

a) Aquisições onerosas de bens imóveis para fins religiosos;
b) Quaisquer aquisições a título gratuito de bens para fins religiosos;
c) Actos de instituição de fundações, uma vez inscritas no competente registo do Estado nos termos do artº 10.

4. A autoridade eclesiástica responsável pelas verbas que forem destinadas à Igreja Católica, nos termos do artigo seguinte, está isenta de qualquer imposto sobre essa fonte de rendimento.

5. As pessoas jurídicas canónicas, referidas nos números anteriores, quando também desenvolvam actividades com fins diversos dos religiosos, assim considerados pelo direito português, como, entre outros, os de solidariedade social, de educação e cultura, além dos comerciais e lucrativos, ficam sujeitas ao regime fiscal aplicável à respectiva actividade.

6. A República Portuguesa assegura que os donativos feitos às pessoas jurídicas canónicas, referidas nos números anteriores, às quais tenha sido reconhecida personalidade civil nos termos desta Concordata, produzem o efeito tributário de dedução à colecta, nos termos e limites do direito português.

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Artigo 27

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1. A Conferência Episcopal Portuguesa pode exercer o direito de incluir a Igreja Católica no sistema de percepção de receitas fiscais previsto no direito português.

2. A inclusão da Igreja Católica no sistema referido no número anterior pode ser objecto de acordo entre os competentes órgãos da República e as autoridades eclesiásticas competentes.

(sublinhados meus)

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O Cardeal Patriarca é contra as manifestações. Mas organizou uma!...

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O Cardeal Patriarca organizou esta Manifestação de 150 mil pessoas o que nas suas próprias palavras «é perfeitamente fora da nossa constituição e da compreensão do nosso sistema democrático», contribuindo assim para a «corrosão da harmonia democrática da nossa constituição e do nosso sistema constitucional.» Segundo a Rádio Renascença «o Cardeal Patriarca considera que "não se resolve (...) indo para grandes manifestações".»

«Perante cerca de 150 mil peregrinos, 27 bispos, 390 padres, o presidente da peregrinação – que serviu também para comemorar os 50 anos da abertura do II Concílio Vaticano e a abertura nacional do «Ano da Fé» em Portugal – o cardeal-patriarca de Lisboa salientou que a Palavra de Deus “comove-nos o coração” e que a isso o Papa João Paulo II chamou “novo ardor da fé".»

Fátima: A mudança do mundo «agudizou» a emergência da mensagem do Concílio

«Perante mais uma manifestação de fé de peregrinos de múltiplos países, na homilia da eucaristia desta noite no Santuário da Cova da Iria, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa recorreu ao tema da peregrinação - "Recebeste de graça, dai de graça" - para defender que este foi "um ensinamento de Jesus aos discípulos, a partir da sua experiência pessoal".»

Cardeal patriarca exorta católicos a porem Igreja "acima de tudo"

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«Uma multidão assistiu à missa presidida por Bento XVI no Terreiro do Paço, em Lisboa», mas o Cardeal Patriarca acha que não é «a rua» o «sítio próprio»...

Acha que os portugueses devem suportar os sacrifícios:

«Sobre a questão da austeridade, D. José Policarpo mostrou-se confiante quanto aos sacrifícios que têm sido pedidos aos portugueses.»

Mas, ele, não quer pagar o IMI:
«O presidente da Conferência Episcopal foi ainda questionado sobre a possibilidade de a Igreja passar a pagar IMI, mas respondeu que isso é um assunto regulamentado pela Concordata, que não pode ser decidida por decreto administrativo.»

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adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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Golpe de Estado no Paraguai: Capital terrorista afasta Fernando Lugo

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As promessas de Lugo foram sempre travadas pelas forças burguesas e pelo aparelho Estatal, pejado de servidores do Partido Colorado, que governou por mais de 60 anos. Os processos de mudança, mesmo que tímidos, raramente passaram das intenções e o chefe de Estado estava manietado por uma estrutura de poder refém dos interesses contrários aos que o ex-bispo católico dizia defender e habituada a perpetuar-se por meios violentos.

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Publicado neste blog:

Banco do Vaticano na «lista negra»

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A filial de Milão do conhecido banco norte-americano JPMorgan informou o Vaticano de que a sua conta será encerrada amanhã, 30 de Março. A notícia caiu como uma bomba, já que não é todos os dias que o JPMorgan encerra contas de importantes clientes. A razão de tão drástica medida, de acordo com o jornal espanhol Expansión, radica no que, muito polidamente, o JPMorgan designa por falhas de comunicação de informações obrigatórias segundo a lei contra a lavagem de dinheiro.

Ao que consta, o banco IOR – o banco do Vaticano – não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre alguns estranhos pagamentos transferidos da sua conta na filial italiana.

A coisa não é de somenos: todos os dias o saldo da conta do banco do Papa é posto a zero e os montantes transferidos para a conta que o IOR tem no JPMorgan em Frankfurt.O movimento nos últimos 18 meses ascendem a mais de 1,5 mil milhões de euros!

Segundo as notícias vindas a público, as preocupações do JPMorgan com o seu distinto cliente foram suscitadas pela Procuradoria-Geral de Roma, que há algum tempo investiga o IOR por alegadas violações da lei contra a lavagem de dinheiro. No seguimento das investigações, o banco norte-americano classificou a conta do Vaticano de «alto risco» e exigiu explicações adicionais ao IOR, que rejeitou o pedido. É caso para dizer que até (ou sobretudo?) na Santa Sé o segredo é a alma do negócio.

A não ocorrer nenhum milagre, amanhã a conta é encerrada. Resta saber para onde vai o dinheiro e qual será a resposta que a OCDE vai dar ao pedido do Vaticano para ser incluído... na «Lista Branca», ou seja na lista de países que estão na primeira linha contra a lavagem de dinheiro.

In jornal "Avante!" - Edição de 29 de Março de 2012

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Publicado neste blog:

O Padrinho, Parte 4. JÁ EM EXIBIÇÃO!

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Veja aqui o "trailer", extraído da Euronews:

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«Uma das mais importantes figuras do executivo italiano é Corrado Passera que assume o ministério do Desenvolvimento Económico, Infraestruturas e Transportes. É presidente do segundo maior banco popular transalpino, o Intesa San Paolo, e defensor do envolvimento dos bancos nos destinos económicos do país.

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(...)

A economista Elsa Fornero, considerada perita em questões relacionadas com pensões e segurança social, dirige o ministério do Emprego e da Política Social, tem ligações ao banco Intensa San Paolo.

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Por fim, uma figura ligada ao Vaticano. Trata-se de Andrea Riccardi, fundador da comunidade de Santo Egídio. É agora ministro da Cooperação Internacional.»-

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Para recordar os três primeiros filmes da série:

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E, em sensacional exclusivo «O CASTENDO», veja como tudo isto termina:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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Os «Legionários de Cristo» e a velha conspiração

Nesta coluna, no anterior número do Avante!, começámos a referir uma organização católica menos conhecida cuja acção decorre, normalmente, nos terrenos religiosos e laicos do ensino, da acção social e do combate à pobreza. No universo eclesiástico, é ferozmente conservadora, tal como se fosse uma extensão do Opus Dei e da Igreja conspirativa ou da Companhia de Jesus. Porque os «legionários» sobrepõem a tudo o mais a intransigência do dogma e a obediência incondicional à hierarquia e aos seus superiores. Cultivam a imagem de um certo diálogo aparente com o exterior. No entanto, tal como gosta de afirmar o seu director-geral, o aristocrático sacerdote mexicano P. Corcuera: «Somos como os futebolistas: se fizeres concessões e facilitares, perdes!». Por isso não cedem, só aparentam ceder.

Os «legionários» representam a ponta visível de uma montanha submersa que abriga, por um lado, centros vitais do Ensino, da «sociedade civil», das ONGS sociocaritativas, de lobbies da comunicação social, de centrais filantrópicas e vanguardistas no combate à pobreza, etc., etc.; por outro lado, o seu historial radica nas suas relações preferenciais com os regimes fascistas, com a banca subterrânea ou com o tenebroso mundo do crime e do narcotráfico (como está documentado), com fortes laços que identificam interesses financeiros da Igreja e as mais-valias dos grandes investidores anónimos. Abreviando dados conhecidos, recorde-se a ascensão fulminante dos LM a partir da subida ao poder, em Espanha, de José Maria Aznar e do PP – Partido Popular, numa linha de tradição que continua a ser mantida: «Nos anos 60, o comunismo adensava-se na Europa. Na Igreja, com João Paulo II, enraizou-se a tese de que à Igreja católica pertence, como direito natural, o papel de grande decisor político. A Igreja derrotou o marxismo. A Igreja fez opção preferencial pelos pobres. A Igreja substituiu-se ao Estado na redistribuição social da riqueza e na nova definição das redes públicas e privadas da acção social. Venha a nós o Poder». Uma síntese que se «apanha» nas entrelinhas de muitos documentos do Vaticano.

Ler Texto Integral

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«Crimen Sollicitationis» ou incitação ao crime?

Hoje vamos até ao Vaticano para ler uma Instrução da Sagrada Congregação Suprema do Santo Ofício que trata, entre outras coisas, de como a Igreja Católica deve lidar com os crimes de pedofilia. Esta instrução, que só existe em latim..., tem uma tradução em inglês, não totalmente actual, que o Vaticano designa, amavelmente, por, «não oficial». Quem quiser ler o original tem de ir... à CBS: Instructio. De modo procedendi in causis de crimine sollicitationis.

Quem quiser mais referências pode ver AQUI.

O problema é que o diabo (!!!...) da Instrução está em inglês... Senhor Cardeal Patriarca, não podia fazer o favor de traduzir este texto para poder ser lido pelo seu rebanho? Prometendo este, o seu rebanho, que guarda a mais estrita confidencialidade, sob pena de excumunhão, claro.-

Entretanto, e como não há pachorra, aqui vai em inglês (os negritos não estão no original):

«11. Since, however, in dealing with these causes, more than usual care and concern must be shown that they be treated with the utmost confidentiality, and that, once decided and the decision executed, they are covered by permanent silence (Instruction of the Holy Office, 20 February 1867, No. 14), all those persons in any way associated with the tribunal, or knowledgeable of these matters by reason of their office, are bound to observe inviolably the strictest confidentiality, commonly known as the secret of the Holy Office, in all things and with all persons, under pain of incurring automatic excommunication, ipso facto and undeclared, reserved to the sole person of the Supreme Pontiff, excluding even the Sacred Penitentiary. Ordinaries are bound by this same law ipso iure, that is, in virtue of their own office; other personnel are bound in virtue of the oath which they are always to swear before assuming their duties; and, finally, those delegated, questioned or informed outside the tribunal, are bound in virtue of the precept to be imposed on them in the letters of delegation, inquiry or information, with express mention of the secret of the Holy Office and of the aforementioned censure

«13. The oath to maintain confidentiality must always be taken in these causes, also by the accusers or complainants and the witnesses. These persons, however, are subject to no censure, unless they were expressly warned of this in the proceedings of accusation, complaint or questioning. The Defendant is to be most gravely admonished that he too must maintain confidentiality with respect to all persons, apart from his advocate, under the penalty of suspension a divinis, to be incurred ipso facto in the event of a violation

A expressão em Latim «crimen sollicitationis» refere-se a um avanço sexual feito antes, durante ou

imediatamente após a administração (mesmo simulada) do Sacramento da Penitência (Confissão)

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Mais adiante, vem a definição de crimen pessimum em que se equipara os «actos obscenos» com pessoas do mesmo sexo com os «actos obscenos» com crianças pré-adolescentes (impúberes) de ambos os sexos e com animais:

«71. The term crimen pessimum [“the foulest crime”] is here understood to mean any external obscene act, gravely sinful, perpetrated or attempted by a cleric in any way whatsoever with a person of his own sex

«73. Equated with the crimen pessimum, with regard to penal effects, is any external obscene act, gravely sinful, perpetrated or attempted by a cleric in any way with pre-adolescent children [impuberes] of either sex or with brute animals (bestialitas)

(Sem comentários!!!...)

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Para Ler:

«Segundo a BBC, que ontem divulgou a existência desta cartilha num programa televisivo intitulado Crimes sexuais e o Vaticano, o documento de 39 páginas, escrito em latim em 1962 e distribuído pelos bispos católicos de todo o mundo, impõe um pacto de silêncio entre a vítima menor, o padre que é acusado do crime e quaisquer testemunhas ou pessoas a par do ocorrido. Quem quebrasse esse pacto seria excomungado pela Igreja Católica.

Crimen Sollicitationis terá sido mantido no segredo da hierarquia católica durante todos estes anos, marcado como altamente confidencial. Fornece elementos detalhados, segundo a BBC, sobre como proceder em caso de "crime de solicitação de actos obscenos, por palavra ou gestos, no quadro da confissão" - mas também sempre que se verifique "qualquer acto obsceno externo (...) com crianças de ambos os sexos". Os críticos garantem que o documento servia apenas para evitar a eficácia de qualquer acusação judicial por crimes sexuais - e também para silenciar as vítimas.»

«In his capacity as Prefect, Ratzinger's 2001 letter “Crimen Sollicitationis”  which clarified the confidentiality of internal Church investigations into accusations made against priests of certain crimes, including sexual abuse, became a target of controversy during the sex abuse scandal. While bishops hold the secrecy pertained only internally, and did not preclude investigation by civil law enforcement, the letter was often seen as promoting a coverup.»

«Esta tipologia criminal (secção II do Capítulo V do Código Penal) está elencada em cinco categorias: Abuso Sexual de Crianças, Abuso Sexual de Menores Dependentes, Actos Sexuais com Adolescentes, Actos Homossexuais com Adolescentes e Lenocínio e Tráfico de Menores.»

Para esclarecimento (incompleto) do Senhor Cardeal Patriarca e de todo o clero é importante lembrar o Artigo 367º (Favorecimento pessoal) do referido Código Penal:

«Quem, total ou parcialmente, impedir, frustrar ou iludir actividade probatória ou preventiva de autoridade competente, com intenção ou com consciência de evitar que outra pessoa, que praticou um crime, seja submetida a pena ou medida de segurança, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa

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Publicado neste blog:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

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Sr. Bispo (...) vimos humildemente pedir a V. Exª (...) que açame os seus padres!

      A frase do título foi "roubada" ao seguinte texto de Eça de Queirós 

Uma Campanha Alegre (Volume II: Capítulo IV: Epístola ao sr. bispo do Porto, a respeito dos maus sacerdotes), por Eça de Queirós.

Vem isto a propósito de quê? Dos persistentes casos de pedofilia que envolvem padres católicos ao longo de décadas e décadas até aos dias de hoje.

     Ouçamos o que tem para nos dizer o o bispo auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo:

Bispo Auxiliar de Lisboa afirma que abusos sexuais a menores envergonham a Igreja Católica.

Ouviram «a maior parte das situações que são referidas são de há 20 anos, de há 30 anos»? Desculpe a franqueza, sr. bispo, mas as suas palavras mostram que, nesta matéria, a Igreja Católica continua a mentir e não ter vergonha nenhuma.

Nas seguintes declarações à LUSA o bispo persiste: 

D. Carlos Azevedo diz que abusos sexuais «envergonham» a Igreja.

 «A maior parte das situações é de há 30 ou 40 anos», ressalva D. Carlos Azevedo. Mas, sr. bispo, só em 2007 há, pelo menos, seis padres denunciados:

MP indiciou 10 padres por pedofilia entre 2003 e 2007 O estudo ‘Abusadores Sexuais – Uma perspectiva Neuropsicológica’ revela que entre 2003 e 2007 podem ter sido cometidos 10 crimes de pedofilia por padres, em Portugal. É este o número de sacerdotes indiciados pelo Ministério Público nesse período, revelado pela edição de hoje do i (...) O número é apontado por um estudo de Nuno Pombo, da Policia Judiciária (PJ), que investigou os 5128 casos denunciados nesses cinco anos. (...) Se em 2004 não há registo de qualquer denúncia relativa a padres, 2007 é o ano em que foram indiciados mais sacerdotes: seis.

     E o Vaticano está metido até ao pescoço no encobrimento desta porcaria, desde o papa Wojtila (João Paulo II), pelo menos, com o total envolvimento do actual papa Ratzinger (Bento XVI). E são estes dois que muita gente quer fazer passar por santos! Isto vem tudo no documentário do programa Panorama BBC de 2006:

Em português:

Este programa passou no último fim-de semana (20/21) na SIC Notícias. 

Publicado neste blogue:

adaptado de um e-mail enviado pelo Jorge

                                                                    

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