Mais de 250 mil pessoas, oriundas de todas as partes do país, concentraram-se em Washington para exigir trabalho, liberdade, justiça social e o fim da segregação racial contra a população negra dos EUA.
Organizada, entre outros, pelo activista dos direitos humanos e pacifista Martin Luther King, a manifestação foi determinante para a aprovação das leis de direitos civis e direito de voto, em 1964 e 1965.
Foi nesta impressionante manifestação de massas que Luther King fez o discurso com a frase que ficou célebre em todo o mundo: «I Have a Dream!» (Eu tenho um sonho!).
Distinguido em 1964 com o Prémio Nobel da Paz, Martin Luther King foi assassinado em 4 de Abril de 1968, em Memphis, Tennessee.
Mais de meio século depois da Marcha, o racismo nos EUA está longe de ter sido erradicado.
Qualquer jornalista com uma réstia de brio profissional que sobreviva à voz de comando dos donos poderia investigar as razões pelas quais o drama do pequeno Omron mereceu destaque especial entre a torrente de episódios semelhantes. Bastar-lhe-iam um pouco de curiosidade profissional e algumas horas de trabalho.
O que aprenderia então esse jornalista?
Que, na altura em que foi tirada a fotografia e captado o vídeo, a criança não estava a ser socorrida por profissionais de saúde mas sim nas mãos de uma dita «organização não-governamental», a White Helmets (escudos brancos), uma das muitas entidades por esse mundo fora, neste caso na ocupada cidade de Alepo, que servem de cobertura a actividades da CIA, dos serviços britânicos de espionagem MI6 e dos seus congéneres holandeses IDB.
Que a White Helmets é um braço de uma empresa designada Innovative Comunications & Strategies (InCoStrad), com escritórios em Washington e Istambul, uma agência de comunicação e propaganda do MI6 e da NATO criada para o conflito sírio. Esta empresa é autora, por exemplo, dos logotipos da maior parte dos bandos de mercenários e grupos terroristas em acção na Síria, dos «moderados» ao próprio Estado Islâmico, ou Daesh, ou Isis.
Que o oportuno autor do instantâneo foi Mahmoud Raslan (Rslan, grafia usada na sua página de Facebook), um jihadista simpatizante do Estado Islâmico, membro do grupo terrorista «moderado» Harakat Nour Din al-Zenki, protegido pela Turquia e que foi um dos contemplados pela CIA com armas antitanque BGM-71.
Que o Mahmoud Raslan e o seu grupo são realmente amigos de crianças. Há pouco mais de um mês, em 16 de Julho, o «fotógrafo» e membros do seu grupo terrorista promoveram uma cerimónia de sangue na qual foi decapitado na caixa traseira de uma camioneta vermelha, em pequenos e sincopados golpes de arma branca, o garoto palestiniano Abdullah Tayseer al-Issa, de 12 anos. Fora «julgado» e «condenado» pelos «moderados» de Raslan por pertencer supostamente às «Brigadas Al-Quds». A cabeça ensanguentada da criança foi depois exibida efusivamente, como histórico troféu, cena documentada em vídeos que qualquer pessoa – nem precisa de ser jornalista – descobrirá em rede, se tiver estômago para tal.
Marian Anderson, contralto americana e uma das cantoras mais famosas do século XX, ganhou notoriedade na luta contra o racismo nos Estados Unidos quando, em 1939, a organização Filhas da Revolução Americana (DAR, na sigla inglesa) a impediu de cantar no Constitution Hall, a maior sala de concertos de Washington DC.
O reconhecido mérito de Anderson como artista fez com que o caso tivesse uma repercussão internacional invulgar para o mundo da música clássica.
A cantora não se deixou intimidar pela DAR: com o apoio de Eleanor Roosevelt e do marido, o presidente Franklin D. Roosevelt, organizou um concerto ao ar livre nos degraus do Lincoln Memorial, na capital norte-americana, onde no domingo de Páscoa, 9 de Abril, cantou perante mais de 75 000 pessoas e foi acompanhada, via rádio, por milhões de ouvintes.
Anderson foi a primeira pessoa negra a actuar na Metropolitan Opera de Nova Iorque, em 1955; participou no movimento dos direitos civis na década de 1960, cantando na Marcha sobre Washington, em 1963; e foi delegada da Comissão de Direitos Humanos da ONU e «embaixadora de boa vontade», dando concertos em todo o mundo.
Qualquer tentativa de analisar os serviços secretos ocidentais tem pela frente grandes dificuldades. O investigador escritor tem de atravessar um labirinto, deparando-se muitas vezes com um beco sem saída, outras descobre literalmente uma cova de lobo. As dificuldades são tanto de carácter conceptual, como ligadas à recolha e selecção dos factos. Apesar de o nosso objecto ter inquestionavelmente uma existência autónoma, e por vezes forças motrizes próprias, o trabalho dos serviços secretos, em última análise, não é mais do que a continuação das políticas dos respectivos governos por outros meios. Em muitos casos, no entanto, esse trabalho é de tal índole que é renegado oficialmente pelos próprios governos com aparente credibilidade. Só esta circunstância, já sem falar do natural secretismo, faz escassear os factos, os quais, como é sabido, são o oxigénio do investigador. Levados ao sufoco, respiram com dificuldade uma atmosfera envenenada, uma vez que em nenhuma outra esfera da acção do Estado no Ocidente se recorre tanto à desinformação.
«Os EUA confirmaram a existência de reservas minerais milionárias no Afeganistão e preparam o saque daqueles recursos naturais. Os depósitos inexplorados no subsolo afegão incluem gigantescas quantidades de ferro, cobalto, cobre, ouro e, sobretudo, lítio, um metal fundamental na produção de baterias para telemóveis e computadores portáteis. Um relatório do Pentágono, baseado numa pesquisa efectuada por geólogos ao serviço do governo de Washington, afirma mesmo que o país é a «Arábia Saudita do lítio», podendo as jazidas ultrapassar as conhecidas na Bolívia, maior produtor mundial daquele bem.»
«Claro, clarinho, para militar compreender», como gostava ironicamente de dizer Carlos Fabião.
1: O que se pode fazer com US$700 mil milhões
Quanto dinheiro significa isto? Muitas pessoas ficam confusas ao verem números com mais de seis zeros. A dádiva proposta pelo governo Bush-Paulson e aprovada sexta-feira pelo Congresso dos EUA – para evitar bancarrotas em série tão grandes como a do banco Lehman Brothers – tem 11 zeros. Este montante, além de salvar banqueiros insolventes, poderia ser utilizado em muitas outras coisas. A revista Spiegel Onlineelaborou uma lista de possibilidades. Eis algumas delas:
2: Pagar os salários de 22 milhões de pessoas
U$700 mil milhões seriam suficientes para pagar o salário médio anual a 22 milhões de pessoas nos Estados Unidos. De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, o pagamento médio por uma semana de trabalho foi de US$612 em Agosto último.
3: Estabelecer cobertura de saúde universal
Os EUA poderiam finalmente estabelecer seguro de saúde universal, um objectivo que até agora foi constantemente evitado pelos políticos. O governo poderia financiar até seis anos de seguro de saúde para cada um e todos os ciadadãos estado-unidenses.
4: Comprar um sistema de comunicações para serviços médicos de emergência
Washington poderia comprar um sistema de comunicações uniforme para todos os serviços de emergência médica do país, que é urgentemente necessário, mais de 47 vezes. Estimativas estabelecem o preço de um tal sistema em torno dos US$15 mil milhões.
5: Construir barreiras em torno de Nova Orleans
O projecto para fortalecer as barreiras em torno de Nova Orleans poderia realmente ser pago mais de uma centena de vezes. Desde o Furacão Katrina, o governo gastou cerca de US$7 mil milhões em tais esforços.
6: Comprar a Dinamarca – Duas vezes *
US$700 mil milhões é suficiente para financiar as economias de países inteiros. A soma considerada pelo Congresso é mais do que o dobro do produto interno da Dinamarca, o qual em 2007 foi cerca de US$312 mil milhões.
7: Financiar todo o orçamento nacional da Alemanha durante mais de um ano
Projecções estabelecem o orçamento nacional da Alemanha para 2009 em €288 mil milhões, os quais, às actuais taxas de câmbio, resultam em cerca de US$420 mil milhões. Com esta soma de dinheiro seria possível financiar o país durante 1,6 anos.
8: Combater a pobreza em África durante 10 anos
Este montante de dinheiro poderia financiar programas da ONU para combater a fome e pobreza em África durante 10 anos. De acordo com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, o continente precisa de US$72 mil milhões por ano de ajuda ao desenvolvimento.
9: Financiar todas as operações de inteligência dos EUA durante 15 anos
O governo dos EUA poderia financiar todas as suas 16 agências de inteligência durante mais de 15 anos. Actualmente o custo anual somado das mesmas, incluindo 100 mil empregados, sistemas de comunicações, equipamento de reconhecimento e armas totaliza cerca de US$44 mil milhões.
10: Lançar múltiplos "New Deals"
Franklin Dellano Roosevelt ficaria verde de inveja. Seu "New Deal" da década de 1930, inigualável até agora como programa de crescimento, poderia ser financiado muitas vezes mais. Segundo o Wall Street Journal, os investimento de infraestrutura do programa custariam cerca de US$250 mil milhões em dólares de hoje. Estes investimentos ajudaram a construir ou renovar 8000 parques, 40 mil edifícios públicos e 71 mil escolas.
11: Salvar a Terra (ao invés de bancos)
Ao invés de ajudar bancos, US$700 mil milhões poderiam ser utilizados para salvar o ambiente. Esta, pelo menos, é a opinião de M. A. Sanjayan, cientista principal do grupo de protecção ambiental The Nature Conservancy. Embora os dados dos institutos de investigação variem consideravelmente quanto à quantia precisa que seria necessária para por o ambiente de novo numa base saudável, todos concordam em que US$700 mil milhões dava para um longo caminho.
12: Permanecer no Afeganistão e no Iraque por mais sete anos
Os números de Washington mostram quão absurdamente caras podem ser as guerras. Desde a invasão do Iraque, os EUA gastaram aproximadamente US$648 mil milhões na guerra. A níveis actuais de despesa, US$700 mil milhões seriam suficiente para travar as guerra no Iraque e no Afeganistão durante mais sete anos.
13: Voar para a Lua, repetidamente
A quantia também seria suficiente para financiar quatro missões diferentes de voos tripulados para a Lua. O programa "Apolo" da NASA, durante a década de 1960, custou cerca de US$164 mil milhões em dólares de hoje. O dinheiro também poderia comprar sete estações internacionais no espaço.
*Ou comprar Portugal – três vezes. O PIB português de 2007 foi de €162.756,1 milhões, o que equivale a US$233.805 milhões à cotação actual.